sábado, 27 de dezembro de 2008

2009

De um passo rumo a nós mesmos, de uma esperança que se torna um objetivo, de uma fagulha de qualquer coisa que possa nos ajudar a ter, apesar de qualquer problema, felicidade, é que vem o amor. Que ele seja o caminho por entre todo desespero, toda falta de motivação, toda dor emocional e todo desalento que paira sobre nós. Porque é ele que carrega nossas vidas. E somos nós que dirigimos esse barco, quer a gente assuma ou não.

Para cada intenção, uma realização;
Para cada ódio, uma lição;
Para cada presente, um simbolismo verdadeiro de doação;
Para cada amigo, mais um (mais dois);
Para cada dia, um agradecimento;
Para cada desvio, um novo rumo;
Para cada sofrimento, amparo;
Para todos vocês, saúde.

E a vontade de sair do mesmo lugar, mesmo que seja só um pouco e mesmo que pareça tão impossível.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Por que às vezes sonhos não tem o mínimo sentido?

Foi um sonho atípico. Se bem que todos os meus sonhos são atípicos, distorcidos e tão coloridos quanto as mãos de uma criança comendo Vigorzinho.


Eu estava no prédio onde trabalho, e creio eu que pelo fato de estar assistindo Homem Aranha 3 há dois dias atrás, sonhei com um guindaste no alto do prédio destruindo tudo. O guindaste estava descontrolado e todas as pessoas do prédio estavam correndo desesperadamente em busca de uma saída, inclusive eu, que gritava dramaticamente "socorro".


O prédio estava sendo destruído pelo guindastre descontrolado, e o barulho era tanto, a bagunça era tanta, o pó era tanto. Passados alguns segundos, tudo ficou em silêncio, e o noticiário informava que o guindaste gigante havia destruído boa parte da população mundial. Saímos todos com medo temendo o que encontrar pela frente, como naquele filme "Ensaio sobre a cegueira" na hora em que os cegos saem do confinamento para o mundo, já destruído.


A visão era semelhante. Pedaços de coisas no chão, casas destruídas, roupas jogadas pelas ruas, cachorros se coçando pelos cantos, e todas as pessoas, todas, rodavam e olhavam para o céu perguntando "Quem sou eu?" "Para onde vou?" "De onde vim?" "Quem sou eu?" "Quem sou eu?" Neste momento, todas elas congelaram e parece que comecei a ver tudo de cima, como se uma câmera estivesse dando um Zoom ao contrário. As pessoas foram ficando pequenininhas e aquela cena virou um cartaz, onde de repente apareceu uma frase: "Quem sou eu" - A Nova Novela da Globo!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Keep Away

Simplesmente não tenho mais paciência nem tempo pra meias amizades. Não consigo mais ter colegas. Não perdi a minha educação, nem meu senso de humor, mas acho que ao longo dos anos, desenvolvi meio que um filtro para amizades superficiais.

Sabe, eu falo muito. Falo de mim, do que eu penso, do que eu sinto. Toda hora. Falo sério e as pessoas pensam que estou brincando. Mas adoro, e quando eu digo adoro é igual a “não sei viver sem” ouvir, observar as pessoas, me preocupar com quem eu tenho certa afinidade. E nessas de ouvir e observar, acabo entendendo alguma coisa sobre o que as pessoas têm dentro de si.

Acredito que não é pra qualquer um ser um “futuro amigo de infância” em potencial. Podemos ter comportamentos, gostos, estilos diferentes, mas nunca valores diferentes. Eu não conseguiria ser amiga-irmã de uma pessoa que engana os outros para ganhar dinheiro. Que rotula as pessoas de acordo com critérios errados, superficiais. Que pensa que todos têm inveja dela. Que acredita no jeitinho brasileiro e não no jeitinho certo. Que engana quem ama. Que abusa das suas máscaras. Que não tem histórias engraçadas e arrependimentos, que não é simples de alma e que não sabe rir de si mesmo. Eu não tenho mais tempo a perder com coleguinhas, com pessoas que não pensam em nada mais profundo do que seu próprio umbigo.

Já aprendi a diferenciar quem está ao meu lado por minha causa, daqueles que estão por conveniência: da empresa, da vida, dos amigos. Aprendi que algumas pessoas gostam de contar amigos em números, não em qualidade. Já entendi que a maioria das pessoas se contenta só com um jeitinho doce, não precisa ter nenhum conteúdo real. Já entendi que os iguais se atraem e que para atrair pessoas bacanas, temos que ser bacanas também. Já entendi que são eles que nos seguram, dão apoio, nos tiram da merda, que aproveitam nossas vitórias com a gente. E que preservar isso é uma delícia.

Não fiquei ranzinza, apenas acredito que humor, sarcasmo, bagunça, bom papo, inteligência, podem vir acompanhados de um bom coração. E é nessa galera que eu aposto, é com eles que eu gasto meu tempo, minha vibe, meu dinheiro e todo meu amor.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

There's No Place Like Home

Um resort grotescamente gigante e lindo na costa de uma explêndida praia em Florianópolis.
Escrevo olhando para o mar. Não é sempre que se tem uma dádiva dessas. Um mar verde, maravilhoso, à frente dele uma piscina digna de filme, no meio de uma vegetação extensa.
Um evento. Um evento para jovens empresários, o que não é meu caso. O lugar onde trabalho apenas organizou esse evento e eu vim "obrigatoriamente convidada" pelo meu pai, que achava que "faz muito tempo que você não viaja, já comprei sua passagem."
Sim, de início eu quis quebrar todas as louças de casa e roer toda a mobília, não demonstrei para não magoá-lo, pois sei que ele ficaria feliz com a minha ida. Primeiro porque me cago de medo de avião, e ele sabe, mas achou que era uma boa oportunidade para perder o medo. Seria como "Ah você tem medo de ser atropelada? Deite-se no chão, deixe-me passar em cima de você com este trator! É uma ótima oportunidade para perder o medo!". Segundo porque eu não queria deixar meu namorado, minha coelha e minha cidade poluída que tanto abomino, porém como eu já disse, é minha.
O pior de tudo quando você não quer ir pra algum lugar é quando as pessoas perguntam de hora em hora: "E aí está animada pra ir?". E você de hora em hora tem que forjar um sorriso e uma resposta contrária daquela que você realmente queria dar para que não te encham o saco até que ele exploda e as bolas voem junto à pêlos e sangue.
"Velha!" "Deus dá asas pra que não sabe voar mesmo" "Você é louca de não querer ir" Escutei de tudo para as poucas pessoas com as quais fui sincera. Todos me colocando no último nível de aceitação por não estar com um sorriso dando volta na cara por ter a oportunidade de vir pra cá.
"Talvez eu esteja sendo ingrata" pensei comigo mesma, sentindo uma ponta de peso na consciência. Por que a gente às vezes se culpa de sentimentos que não pode mudar? Eu me sentir culpada não ia fazer com que a santa vontade de estar aqui se despertasse no mais profundo de meu ser.
Cheguei no aeroporto, e uma mistura de cagaço com curiosidade se embolou no meu coração quando vi o tamanho daquele bicho enorme chamado avião.
"Tam tam tam taaaaam" - lembrei do cara do meu trabalho me zoando com essa música ao saber que eu ia viajar de TAM.
Entrei no avião e óbvio que foi inevitável não me lembrar do pessoal que morreu em Congonhas o ano passado. Eles estavam num lugar exatamente como este! Pode ser eu! Caralho. Sim, sou neurótica, depressiva, maluca e medrosa, sei que passa isso na cabeça de quem lê isso.
Para me deixar ainda mais ansiosa, o avião ficou andando uma década a passo de tartaruga antes de decolar. Do nada o bicho começou a correr e quando me dei conta já estava acima das nuvens.
Não posso mentir dizendo que não gostei. Foi uma delícia. Deu medo, mas foi uma delícia. E só fazia 20 anos que eu não andava de avião, como pude não me lembrar?
Chegando aqui foi impossível não sorrir. O lugar é maravilhoso e uma corrente de alegria começou a correr pelas minhas veias. A varanda do apartamento dá pra ver boa parte do mar, a piscina, é lindo. O evento dura 3 dias. Desde quarta feira estou vivendo à base de jantares esdruxulamente chiques, com 697 tipos de pratos quentes, saladas e doces. Nunca comi tanto doce na minha vida. Vou voltar preta e gorda, ou seja, irreconhecível. E nunca senti tanta saudade de comer vendo TV que nem hoje.
Nos jantares, bandas. Nas mesas, pessoas. Na pista, jovens. O evento como eu disse é para eles, para jovens empresários. Rola palestra, interatividade e etc. Até agora só assisti a uma palestra, que acho que deve ter valido por todas, pois é uma espécia de palestra show. O cara além de palestrante é mágico. Um cara foda. Eu poderia ser ele, mas me lembrei que sou tímida o suficiente para estar num palco sem que seja para atuar. Esquisito, não? Ninguém entende, mas o Zé Wilker disse que é normal numa entrevista na TV. Além do mais, eu não riria para os EUA apenas para me formar em Marketing. Além do mais, eu não pisaria nos EUA por nada nesse mundo.
No jantar de quinta-feira, rolava banda, jovens bebendo e se divertindo, e rolava uma Thaís querendo ir dormir.
"Como você é veeeeelha" dizia o pessoal do meu trabalho! "Fique mais um pouco! Vamos curtir uma banda!"
Aí fiquei. Fiquei 10 minutos a mais. Fiquei lá "curtindo a banda" que implica ficar sentada olhando caras tocarem músicas que posso baixar na internet. À minha frente, pessoas se sacundindo ao som destas mesmas músicas. Definitivamente? Boa noite! Sou uma idosa mesmo, sou bicho do mato.
Ontem a mesma coisa, mas com um grande diferencial: passinhos!
O pessoal estava inventando...passinhos! Passinhos! Por Deus! Passinhos, passinhos são o cúmulo da...do...bom, são passinhos, acho que a palavra já se auto descreve.
Nas três vezes que me decidi ir embora, me convenceram a ficar para "curtir a banda" novamente. Eu não deveria, mas fiquei. Sentada, de touca, na mesa, bebendo uma cerveja, com alto teor de sarcasmo no rosto, observando os jovens empresários e os jovens do meu trabalho...fazendo amizades e...passinhos. Olha, nada contra todo mundo que faz passinho, é rico e gosta de fazer novas amizades, eu só não me sinto parte disso, entendeu? Não faz parte do que eu quero, do que eu gosto e do que eu faço.
Dezenas de garotas novas e ricas com sandália rasteira, vestidos de pano e cara de "vamos curtir a vida adoidado, pessoal!" deslizando em passinhos na frente de uma banda que era até legal, mas não o suficiente para me prender lá pela madrugada toda. E nem eram 11 da noite ainda.
Cansada de ver os passinhos esdrúxulos, me despedi rapidamente e sumi. Vim para meu apartamento e dormi até hoje (sábado) às 11 horas.
Fui almoçar. Encontrei algumas pessoas.
"Posso saber onde é seu esconderijo"? "Por que você foi embora ontem à noite? " Ah pelo amor de Deus se eu ficar que nem ela nessa viagem prefiro me matar! Que velha que você é!"
Sinceramente, eu gostei de vir! Mas será que ninguém entende que gosto de me divertir ao meu modo? Tipo, pensando? Eu me divirto pensando!
Eu gosto disso. Tem mais sentido do que beber e fazer passinhos na noite. Será que ninguém entende?
O conceito de diversão hoje em dia é tão ridículo. Ao meu ver! Eu definitivamente sou uma velha mesmo. Me tornei uma pessoa que não gosta de bagunça. Fazer o que? E incrivelmente sou feliz assim, me divirto assim, do meu jeito.
Minha mãe hoje tentou me acordar umas 219 vezes. "Tanta coisa pra fazer e você aí dormindo".
"Tanta coisa pra fazer". Reformulemos. Tipo o que? Andar na praia de novo? Passear em volta do hotel de novo? Ir pra academia? Ir pra piscina? Fazer aula de dança de salão?
Cansei de ficar andando na praia.
Cansei de passear em volta do hotel, já decorei todos os seus tijolos dele.
Todos sabem que detesto academia
Piscina eu cheguei a uma conclusão que é uma das coisas mais engraçadas do mundo. As pessoas entram lá e ficam boiando e mergulhando. Estes dias quando entrei na piscina pensei: Pronto. Já estou aqui. E agora, o que é pra fazer?
Tipo, não tem sentido, saca? É gostoso, mas não tem sentido! Não tem o que fazer lá!
Aula de dança de salão, com o humor que eu tô e com o bicho do mato que me tornei, inviável. Ainda se meu namorado estivesse aqui eu poderia pensar, mas estou com meus pais e com pessoas do trabalho que fazem passinhos, ou seja, impossível.
Sou muito mais ficar vendo televisão ouvindo o barulho do mar ou ficar aqui na inernet fuçando do que fazer qualquer outra dessas coisas.
Estou com saudade da minha poluição, da minha coelha, do meu quarto, do meu namorado, de ficar no nosso cantinho do metrô, de pegar o trem pra ir pra casa dele. Tô com saudade da cidade insuportável que já estava me dando nos nervos, mas que não consigo ficar três dias longe.
O cara que trabalha comigo disse que eu deveria fazer amizades.
"Por que?" - perguntei.
"Pras pessoas te conhecerem" -
"Pra que?" - perguntei.
"Pras pessoas verem você"
"Pra que"? - perguntei.
"Para você conhecê-las também"
"Pra que?" - perguntei
"Você diz isso como se as pessoas não fossem gostar de ver você" - disse a moça que trabalha comigo.
"Eu não quero que elas me vejam"
"Você é bonita! Como não gosta que as pessoas te vejam?"
"Essa opinião não é unânime. E eu realmente não quero que elas me vejam."
"Você tem que parar de ser ridícula e viver num casulo. Pra você conhecer o outro lado".
E eu já não conheci o outro lado? Não vi nada de interessante. Sinceramente? É até engraçado, mas me cansa. E eu sou insuportável nesse aspecto, e pessoas não deixam de me adorar por isso. E eu posso assumir sim, que sou insuportavelmente interessante, seja no bom ou no mal sentido. Pessoas adoram me analisar como um verme e se assustar comigo, algumas delas até me admiram, outras acham que eu sou esquisita, como minha mãe, que já me disse isso em alto e bom tom: "Você é esquisitaaaaa", só porque eu estava num laboratório (tinha acabado de fazer exame de sangue e fui pegar um café antes de ir embora) e eu queria ir embora com o copinho de café na mão!. "Quem toma café na ruaaaaa? Esquisitaaaa". Sempre fui chamada de esquisita, estranha, por fazer coisas que ninguém fazia ou por questionar coisas que ninguém questionava porque já sabiam que iam ouvir um "porque sim" ou "porque não. Já me adaptei e isso hoje me soa como elogio.
A questão é, pessoas me acham tão interessantes quanto um E.T cretino ou tão interessante quanto a Virgem Maria ainda que de virgem eu não tenha nem o buraco do ouvido (mentira, este eu preservo...e outros buracos também preservo).
Posso soar um pouco arrogante nesse aspecto, não me importo, eu não preciso me divertir de forma comum, cheia de pessoas comuns. Tolero muita coisa, brinco com muita gente, mas sorrio amarelo para pessoas comuns, e ainda assim não deixo de gostar delas, contanto que seja de longe.
A velha até curtiu ter viajado, curtiu a solidão de ver a praia do alto das rochas, curtiu a beleza toda desse paraíso. Mas não adianta, por melhor que seja o lugar, como diz o ditado: "There's no place like home."

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Novidades.

Tô ouvindo o meu coração, e ele diz que chegou a hora. Hoje, consigo me imaginar com 70 anos e pensando:

Me fodi um pouco, mas tive coragem.
Segui meus instintos. Fiz algo por mim mesma, só por mim, pra variar.
Dei um significado pra isso tudo.
Tive medo de falhar, de deixar em segundo plano quem me ama.
Mas eles todos me apoiaram. Me deram mais força moral. E eu segui.
Aprendi, entendi, achei o caminho. E se não fosse assim, como seria?

E 2009 foi um ano tão marcante. O ano em que eu entendi que de nada adianta ter dinheiro sem paixão. Ter emprego sem ter paixão. Ter planos sem ter paixão. Ter garantia e segurança, sem ter paixão. Diariamente. Nem que seja só um pouquinho.

E dar um rumo pra sí mesmo é mais do que saber viver, é saber morrer. Com muita, muita paixão.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Meu

Não há passo que eu dê onde milhões de palavras me acendem na cabeça como luminosos de bingo.
Milhões de palavras narrando tudo ou rimando tudo, coisas às vezes das quais nem sei, nem suspeito.
Falam-me de coisas repugnantes ou tão doces como as mãos de uma criança estrelaçando seus pequenos dedinhos nos dedos adultos da mãe.
Às vezes parece loucura viver a vida em seus mínimos detalhes. E viver é leve, mas os detalhes por vezes pesam, cansam, e a gente os carrega nas costas não como uma cruz, mas como asas de metal, que servem pra voar mas pesam até marcar as costas.
Algumas pessoas deixam os detalhes extravasarem por seus olhos e choram, outras são traduzidas através de notas musicais. Existem milhões de exemplos, e eu por minha vez, escrevo.
Tenho nas escritas o peso da minha existência e a leveza da tênue linha que tece o meio termo entre a morte e a vida.
Meu ar às vezes cai como pétalas pelos pulmões, e em outras vezes parece que respiro pedacinhos de chumbo que se acumulam numa porrada doentia no estômago.
Ainda assim
Ainda assim por um único motivo o mundo escuro tem um véu de luz.
Porque trouxeram-me borboletas no estômago, quando a única coisa que haviam eram tripas e uma palavra ou outra.
Trouxeram-me flores ao coração quando as únicas coisas que haviam eram sangue, artérias e alguns poemas que eu sentia com o cérebro.
Ensinaram-me que amor vem do peito e não da cabeça.
Ensinaram-me a rimar por amor e não por passatempo.
Ensinaram-me a cantar as palavras e não apenas a jogar com elas.
Ensinaram-me que diferente pode ser diferente mesmo sendo a palavra escrita da mesma forma durante anos.
"Quando você aprender que a única pessoa cuja ausência é fatal, é você, aí sim lhe darei uma companhia eterna que te ame verdadeiramente como jamais o seu coração pôde sentir e sua mente pôde entender."
Vãs palavras me acertam os ouvidos
Me contam histórias, mentiras, grunidos
Pedaços de uma escrita já feita, hoje refeita
Dorme um mundo inteiro lá fora, e eu acordada, eu sempre acordada.
Nem sei bem do que falo, mas sinto tudo o que deixo de saber. Sinto o que está nas entrelinhas. Sinto certezas como sinto tristezas, e alegrias.
Por que não pintar as flores de bege e fazer o Sol boiar na piscina?
Algumas frases são lindas mesmo sem significado algum.
Alguns escritores já escreveram coisas que nunca entendi mas que me fizeram sentir uma compreensão enorme alheia ao meu raciocínio lógico. E tudo fica lindo quando é bem colocado, por mais que não existam palavras adequadas.
Menino!
Ah, menino, ensinou-me muito sobre amor quando o amor me era engraçado.
Ensinou-me a sorrir e não era por graça.
Ensinou-me muito sobre ternura quando me haviam facas nas mãos.
De minhas pedras fez pétalas de rosas
Do meu dicionário fez fugir palavras.
E você perto de mim é menino
E ao seu lado sinto-me como bolinha de sabão nas mãos de uma criança que toma todo o cuidado do mundo para que não estoure.
Sonho acordada.
Sorrio e nem sei.
Meu coração acelera
Tropeço em centavos
Acordo em calendários
Um lugar imaginário.
Meu texto sem sentido
Meu coração embolado.
Palavras
Palavras
Palavras
Quem precisa entendê-las
A não ser eu?
Minhas palavras
Minha vida
Minhas fotos
Meu menino.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Meu paraíso

Temporada de claridade aqui dentro. O sol lá fora anima a ponto de eu brilhar mais que ele. Eu saio cantando, nem que for pra enfrentar mil monstros. Posso imaginar os coqueiros balançando, a água do coco pedindo pra ser sugada e um mar azul límpido varrendo meu chão. Tudo azul, tudo branquinho, tudo amarelo ouro. Todo mundo bronzeado. Nem reparo no cheiro de suor. O cheiro de vida se sobrepõe. E lá vou eu sonhar acordada de novo.

Uma brisa, um dia lindo, todos rindo de prazer. Desolação não vai chegar perto. Uma música tocando alguns versos lindos com alguma batida que te leva. Uma bebida leve. Água, muita água, sem medo que ela acabe. Vivendo o hoje, respeitando o outro, quebrando as regras que podem ser quebradas, sendo nós mesmos e adorando.

Vamos entrar no ritmo. Libera suas tristezas, vem comigo, vamos pular em cima da cama fingindo que são as ondas. Vamos pular as ondas fingindo que nada pode ser melhor que isso. Vamos correr de mãos dadas como se o sol não queimasse e como se ninguém fosse reparar. Vamos brincar de não ter peso, não ter cicatrizes, não ter medo. Vamos em frente.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

“Quem sou eu” - Observações mais "originais" no perfil do orkut da maioria dos brasileiros.

Quem NUNCA viu um perfil com pelo menos uma frase ou uma comunidade das citadas abaixo, que atire a primeira pedra.

* “A sua inveja faz a minha fama”
Parabéns! Quanto à fama eu to me lixando, mas caso estivesse interessada, preferia construí-la apartir da admiração dos outros e não de um sentimento tão estúpido e doente, que da minha parte só causaria pena.

* "Me odeia? Pega a senha."
Se você faz tanta questão de dizer isso para que todos vejam, provavelmente quer demonstrar um falso orgulho de ser odiado (a). É aquele lance de vender merda em embalagem bonita. É mais do que comprovado que NINGUÉM gosta de ser odiado. Provavelmente você é muito frustrado e carente mas quer provar pra todo mundo que é muito seguro de si mesmo e entra em milhões de comunidades com o título acima pra se autoafirmar, então prefere vender seus piores defeitos como qualidade e chorar escondido todas as noites.
Ps: Ninguém fica insistindo pra provarmos o que realmente somos todos os dias, não sei pra que tanta paranóia.


* “Eu sou assim e nunca vou mudar”.
O suicídio é uma boa solução, pois vir ao mundo pra ser cabeça dura, não mudar nunca e não querer aprender nada, é melhor sacar um trinta e oito e explodir as têmporas.

* Quem sou eu: "Pra saber, só me conhecendo" ou então "Quem me conhece sabe"
Frase complexa...eu juro que tentei, mas não consegui descobrir como eu conseguiria "conhecer" alguém que eu já conhecesse. (?!??!?)

* “Não me rotule!
Hahahaha! Não precisa nem dizer o tipo de foto que você colocou no seu álbum. Deixa que eu adivinho! Que maldade da minha parte pensar que você é EXATAMENTE o que você faz questão de mostrar que é.

* Minha felicidade incomoda muita gente"
Bom, das duas uma: ou você é a pessoa mais infeliz do mundo e que se preocupa muito com o que os outros dizem, mas quer mostrar que não dá a mínima, ou você realmente deve rir muito alto.

* “Adoro curtir a vida, sou simpática (o), 'adoro esportes radicais' e amo meus amigos”
Meu Deus isso é um câncer! Quem é o otário que não gosta de curtir a vida (a não ser que seja um maníaco depressivo)? Será que todo mundo nessa bosta curte esportes radicais??? E quem é que não ama os próprios amigos???? Glória a publicidade bem feita!

* "Eu sou uma pessoa muito feliz, sincera e extrovertida".
É por isso que TODO MUNDO deveria ter orkut...ele faz as pessoas ficarem mais felizes, sinceras e extrovertidas! Vamos lá, vamos convencer o Nardoni e o Lindemberg a criarem um perfil para que fiquem de bem com a vida, porque os originais só podem ser fake! Com certeza se você é um feliz, sincero e extrovertido, você está na incrível comunidade "baladeiros de plantão", naquela do tão original “Carpe Diem” que já deu no saco ou na enojada "Meu Beijo Vicia".

*“Odeio falsidade, traição e arrogância”
Mesmo???? Nunca conheci um imbecil que gostasse!

*“Não adiciono se não mandar scraps"
Originalidade sempre!!! Onde eu compro os uniformes?“

*Ah, mas todo mundo faz igual! Não sou eu quem vai fazer a diferença"
Isso mesmo!!! Assim caminha a humanidade!!!

*“Amo os animais e quero mudar o mundo!”
Parabéns! Eu também quero! Ebaaa!!! Mas acho que primeiro a gente precisa começar a mudança dentro da gente...Opaa! Esqueci...da muito trabalho! Vamos fazer um livro de ficção sobre isso? Quanto aos animais acho que isso pode ajudar: www.ibama.gov.br

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Meio podre

Completamente aflita e segura. Com a segurança de que eu não vou me livrar tão cedo desta aflição. Eu me recuso a falar, a grunhir, a chorar, mas não se preocupe. Tudo isso está guardado para um momento maior, quando eu vou olhar pra mim mesma com tanta raiva de não ter seguido o que todas as enzimas e células do meu ser gritavam e eu não queria ouvir. Nem mesmo eu estou preocupada. Sem pensar, fui tocando, o tempo passando, as cicatrizes abriram.

O resultado não é algo que alaga todos os centímetros de vida ao meu redor, é só uma garoa fina que dói no corpo e na alma. Não quero nem um minuto conviver com sorrisos frágeis ao meu redor, não vou ouvir palavras vazias que na prática equivalem a exatamente ao seu oposto. Não quero ficar no sol até meus miolos derreterem, porque há um tempinho do meu dia para isso. Não posso ficar três horas dentro do meu carro, rezando para que o mar fétido de metal se mova ou para que tudo mude miraculosamente. Para todos podermos ser gente, ter uma vida, ter saúde. Eu pensei que isso tudo estava mais garantido pra mim.

Hoje, se eu sofro ao ponto de vomitar pra dentro tudo que eu devia ter botado pra fora aos poucos, é porque eu não tenho a certeza do que vai vir. Ou pior, sei. E as minhas enzimas e células grotescas precisam se alimentar do falso controle que eu sempre coloquei na mesa, café da manhã, almoço e jantar.

Queria vestir uma falsa alegria 100% do meu tempo, não, mentira, eu queria poder sentir algo verdadeiro 100% do tempo sem me sentir um ET no meio de bundas, corações e mentes alienadas por um mundo escroto de ilusão de sexta à noite. Por que todo o domingo à noite também chega. E eu seria a pessoa mais carismática, simpática e todos os adjetivos terminados em ática que substituíssem pelo menos na superfície, essa minha alma inquieta. Queria me transformar na maioria, quero aprender a deixar tudo enterrado, a ignorar as coisas importantes, a dar um jeitinho mesmo que eu não concorde com o jeitinho. Queria acordar e ver a cara real das pessoas no espelho. Como um raio-x para coisas etéreas. Tenho ganas de arrancar a fórceps a ilusão de quem acha que está tudo bem, está tudo ótimo, e você?

E os dias vão passando, as horas pesam no meu corpo, tudo começa a me dizer que eu exagerei. Tudo quer ser o anti-eu. E eu também.

domingo, 12 de outubro de 2008

As formas mais esdrúxulas de pedir um homem em casamento.

Eu tava fuçando no Terra.com.br algumas coisas e me deparei com uma matéria assim: "10 maneiras de pedir um homem em casamento" e não pude me conter. Uma das maneiras era convidar o cara pra pintar uma parede, aí você vendava os olhos dele e escrevia na parede o pedido de casamento, depois tirava a venda dos olhos do cara.

Imagina se isso vira moda? Os caras já vão sacar de longe:
-Meu amor, a parede do quarto da tia Vera precisa de uma pintura. Bem que poderíamos ajudá-la, né?
-Aaaaaiii!
-O que foi, meu amor?
-Acabei de dar mau jeito no pescoço, que dor terrível. Sinto muito, meu bem, eu adoraria pintar aquela parede com você, mas acho melhor ir pra casa e tomar um remédio.

1 hora depois. O telefone toca.

-E aí, Vandão! Que milagre te encontrar em casa! Liguei tendo quase certeza que você tinha saído com a Paula.

-Ih, cara, nem me fala! Dei um jeito de picar a mula de lá! Acredita que ela me convidou para pintar uma parede?

-Meu Deus! Mas já? Vocês estão namorando há apenas 17 anos!

-Pois é. Inventei um torcicolo e caí fora.

-Faz muito bem, cara, faz muito bem. Essas mulheres são um absurdo. Mal conhecem e já vem falando em paredes.

Outra coisa era escrever um poema ou uma canção dizendo todos os motivos pelos quais você se casaria com o cara e reunir todos os amigos e familiares para "cantar" ou "recitar" isso num microfone.
Eu sinceramente não consigo entender a cabeça de quem escreve esse tipo de matéria pro Terra. Quer constrangimento pior que esse? Ainda mais se a mulher que tiver cantando desfinar com todo mundo vendo. Eu sinceramente acho que a pessoa que escreveu isso quer é boicotar os relacionamentos porque deve ser uma frustrada no amor.

Mas vejamos, poderemos reverter a situação e usar essa ferramenta para terminar um relacionamento.
Veja só:
-Bom, meus amigos e amigas aqui presentes, minha família, mamãe, papai, tia Selma, tio Paulão, tio Dengoso, tia Penildes. Estou muito emocionada nesse momento e por isso pedi a palavra neste palco. Eu estou aqui para dizer, ou melhor, para cantar 10 motivos pelos quais eu me casaria com o Cássio.
Neste momento as tias gordas assoam o nariz num lenço bege e os amigos uivam de alegria. Cássio já não sabe onde enfiar a cara e resolve afogar as frustrações engolindo um bolinho de carne com ovo para disfarçar sua timidez.

-Bem, prosseguindo. Eu me casaria com o Cássio:
Motivo 1 - Se ele não se atrasasse mais de 2 horas toda vez que marcamos de sair.
Motivo 2 - Se ele não peidasse alto toda vez que estamos fazendo sexo
Motivo 3 - Se ele emagrecesse pelo menos 118 quilos, afinal, já quase me sufocou 7 vezes no papai e mamãe, fora a parada respiratória que tive no último sábado.
Motivo 4 - Se ele eliminasse as caspas dos poucos cabelos que tem (inclusive as da sobrancelha, que voam nos meus olhos toda vez que ele espirra.)
Motivo 5 - Se suas ramelas não secassem nos olhos logo cedo, formando aquelas pedrinhas.
Motivo 6 - Se ele não tivesse ejaculação precoce
Motivo 7 - Se ele não me obrigasse a fazer fio terra nele toda vez que vamos para o Motel
Motivo 8 - Se ele tomasse banho pelo menos uma vez ao diaMotivo 9 - Se ele não cuspisse quando fala
Motivo 10 - Se ele não tivesse me traído com meu próprio tio Dengoso.

Neste momento todos olham para a cara de tio Dengoso, que fica vermelho enquanto Cássio engasga com o vigésimo bolinho que estava a engolir. Os convidados desacreditam e urram de indiganção. E lembre-se que tudo isso foi cantado.

-Então é isso, meus amados. 10 motivos pelos quais eu casaria com o Cássio, SE eu não precisasse usar o SE antes deles.

Outra coisa que o Terra sugeriu foi fazer o pedido de baixo d'água. Tipo, "Você também pode tentar uma proposta original debaixo d'água." Numa boa. Como é que a pessoa vai pedir a outra em casamento debaixo d'água? Escrevendo num papel a prova dágua? Peidando até que as bolhinhas formem a frase "Case-se comigo?".
Ou então seria na linguagem dos sinais? Pra mim isso tudo não tem nada de original, na verdade creio que seja uma grandíssima babaquisse.
Original seria pedir alguém em casamento arrotando. Original seria pedir o cara em casamento se ele tivesse em coma no hospital. Imagina? Você coloca uma faixa escrito "Case-se comigo" e várias bexigas em forma de coração na frente da cama do cara, pra quando ele acordar do coma, ter uma linda surpresa.
Original seria pedir o cara em casamento depois dele ter acabado de ser atacado por um pittbull e ter um dedo arrancado.Pensa! Isso sim seria inesquecível. O primeiro passo é comprar um pitbull. Se você não conseguir comprar um pitbull adulto e feroz, compre um filhote mesmo e treine para que ele seja um cachorro sanguinário e raivoso. Misture-o com um grupo de cachorros com raiva e espere até que ele seja mordido. Quando ele pegar raiva e já estiver bem rancoroso, peça gentilmente para que seu namorado coloque ração para ele. Assim que o cachorro avançar e começar a mastigar a mão de seu macho, olhe fundo em seus olhos e faça o pedido, tirando as alianças do bolso e escrevendo que o ama no próprio sangue jorando de sua ferid. Bom eu ainda poderia citar uns 100 exemplos mas minha imaginação vai longe, portanto, logo logo aguardem, meu Manual de 180 formas de pedir um homem em casamento.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

In love

Sabe o segundo em que você ouve aquela música especial, quando todos os sentidos ficam alertas e a mente reage de uma maneira leve, boa? Lembranças que não estão guardadas exatamente na memória. A mesma alegria infantil de querer muito um presente, antecipando a emoção de tudo que vai acontecer depois de ganhá-lo? Feliz.

Muitas vezes, você. Você pode ser a minha música preferida e a minha emoção infantil. E não vá preparando aquela típica frase sua: "ah, vai pensando que vai me dar pra alguma criança carente ou me deletar do seu I-pod". Não, não vou. Vou te guardar aqui no meu armário particular, junto com tudo que você já me deu.

Só pode ser brincadeira o quanto seus defeitos podem se transformar num charme, de um segundo para o outro. O quanto a sua mão no meu pescoço ainda remete ao mesmo arrepio do primeiro dia. A maneira de você pentear o seu cabelo que me faz rir e ficar te olhando, olhando, olhando.

Você é muito. E nunca, nem por um segundo fez eu me sentir menos, menor. Você respeita minha espontaneidade maluca. Você me encoraja. Me joga tão pra cima. Permite como ninguém as minhas dúvidas, até acredita nelas, olha só. Eu te observo, te sugo, te encho o saco. E você ri de mim. Me ama.

Meu vício emocional é o seu bom dia, você saindo, eu na cama. Aqueles cinco segundos, quando a perfeição significa um edredon e você. Você sempre diz que eu acordo pronta, ignora meus comentários depreciativos e me chama de deusa. E então foda-se quem pensa o contrário, mesmo que seja eu mesma.

Contigo, dividir é só somar. Te ter é ganhar, ganhar muito. E eu quero me dar de presente pra você, com ou sem texto, com ou sem data pra comemorar. Exatamente como a gente sempre faz.

domingo, 28 de setembro de 2008

A Elevação Espiritual de Hele Vada - Com mínima participação de Felipe Abrahão.

Hele Vada era uma enfermeira dócil que cuidava de seus pacientes com a mesma doçura que cuidava dos cadáveres que mantinha em seu porão.Todos a amavam e a idolatravam, mas aquela moça aparentemente tão singela e redonda, era uma moça infeliz. Então você me pergunta: como pode uma moça tão feia, portadora do vírus do HIV, paraplégica, careca e sem uma mão, com um buraco de pus no olho direito, receber menos da metade de um salário mínimo a cada dois meses e com 28 filhos para cuidar, pode ser infeliz? E eu te respondo que nem tudo é o que parece.Hele Vada tinha um marido muito muito curel, que todas as noites lhe presenteava com flores e declarações de amor.

Ela não aguentava mais aquilo, estava começando a ficar nauseada e grávida.

-Sussum, pare com essas declarações! Estou começando a ficar grávida novamente! Como poderemos prosseguir?

Mas Sussum era um homem cruel que só sabia falar com palavras hiátonas que terminavam com "u" e só formulava frases na voz passiva. Isso nas quintas-feiras, pois no resto dos dias preferia varrer a casa.

Realmente a vida de Hele Vada era uma vida ingrata renata escada gata graxa praxe sintaxe esculacho. E a única coisa que a deixava realmente realizada era descer todas as segundas, e às vezes quintas, sempre às 17horas ao porão de sua casa (que na realidade era no sotão, e por vezes até mesmo garagem) para visitar os cadáveres que cultivava com alfafa e cominho light. Isso sim era uma realização para ela, pois a mantinha relaxada e ausente da inércia.

Durante anos ela postava anúncios em jornais de bairro de solicitação para doações de cadáveres semi-vivos, ou seja, que ainda tinham pelo menos alguns movimentos nos tendões dos pés para quando ela fizesse cócegas com a ponta da espátula que abria os potes de concentrados de mel e jasmim. Na realidade seu casamento ja não vinha bem desde o dia em que flagrou seu marido fazendo algo inadmissível.
E aí você me pergunta o que era, e eu te respondo que este homem havia sido pego pela própia esposa cozinhando milhos em conserva durante a madrugada de uma quarta-feira. Então você me pergunta: desde quando isso causaria comoção em alguém?

E eu te respondo que não causaria, se seu marido não tivesse jurado diante do padre no dia do casamento que jamais cozinharia milhos em conserva durante uma madrugada de quarta feira.Quando presenciou aquela cena, Hele Vada não teve dúvidas: desfiou o casaco de lã que seu poodle hermafrodita vestia e amarrou a boca de seu marido com ele.Em seguida, despejou seus tétanos que mantinha em cativeiro e fizeram com que os mesmos observassem seus estudos.Foi terrível. Os vizinhos até pensaram em chamar a imprensa. E como a imprensa é telepata e captou os pensamentos dos vizinhos, apareceu na frente da casa de Hele Vada e ali cozinharam seus instintos, que causaram grande amargura nas ONG's da região.

Após o ocorrido, foi feita uma sopa de sementes de grão-de-bico e servida à população, que agora jazia inerte sobre a calçada da igreja que havia sido desmoronada em 7 partes e que não foi citada na história.

Após 3 dias, Fernando Alessandra, o poodle hermafrodita de Hele Vada, cavalgou durante o outono trazendo boas novas, todas acima de 19 anos.
Quando Hele Vada recebeu as meninas, muito boas e muito novas, abriu imediatamente uma casa de massagem e adquiriu fundos para a sobrevivencia de seus cadáveres, que agora retornavam ao colo de iemanjá santinha.

domingo, 21 de setembro de 2008

Divagações da acetona

Ando sentindo um arrependimento de novela, daqueles bestas, de tão caricatos. Sempre pensei que tudo na vida tinha um propósito e dependemos disso para melhorar, né. Mas eu aprendi que nem tudo. Porque eu simplesmente amaldiçôo o dia em que comecei a tirar a minha cutícula. Pior: o dia em que decidi fazer as unhas da mão toda semana.

Antes disso, era meio velado, mas praticamente tudo era permitido: desde tirar caquinha de nariz no metrô na maior calma, até a arrumar a calcinha que insistia em entrar na bunda sem se preocupar se tinha alguém olhando. Sentar meio jogada (não de perna aberta, entendam), sair pra trabalhar de cara lavada, ok! Sombra, gloss, o que era isso mesmo? Comer salgadinho e limpar a mão na própria calça, comer comida que caía no chão, se ralar toda nos tombos, sem problema! Depilação, só com gilete e quando dava. Falar e rir alto não causava comoção geral. Até as tentativas de aprender a arrotar passavam meio despercebidas. A justificativa era clara: não importava, porque eu era uma menina que não fazia as unhas da mão regularmente. Isso explicava tudo.

Tudo mudou quando comecei a entender o que era uma unha francesinha. A fazer as sombrancelhas regularmente. A clarear os pelinhos do braço. A pintar as unhas do pé de vermelho. A depilar virilha e axilas com cera. Mas, a merda do pêlo dói tanto pra sair que deveria ficar meio ano sem nascer, as unhas ficam borradas e quebram de tanto que eu me debato no meu dia-a-dia, o pé está sempre sujo de andar no chão descalça, é uma luta perdida, em vão.

A diferença é que, antes de eu ter a brilhante idéia de fazer as unhas toda semana, eu não dava a mínima pra essas coisas. Agora, me sinto uma criança da AACD vestindo saia-lápis e preocupada em não se sujar, não cair, não sentar toda jogada, não borrar o esmalte, não rir tão alto com a boca melada de gloss. Fico até com dó de usar tanto creme Victoria Secrets, olha que inversão de valores. Antes eu não sabia o que era hidratante facial, e minha pele não era pior por causa disso. Eu estava inserida numa categoria distinta das mulheres humanas normais.

Certeza absoluta que hoje eu seria um pouco mais fedida e rejeitada pela sociedade, mas que eu devia ter continuado com as cutículas virgens, ah devia. Porque se antes eu era uma párea da sociedade com as manhãs de sábado livres, agora sou um moleque preso na pele de uma perua sempre ocupada. Call me freak.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Texto "APAIXONE-SE" (com meus comentários, porque foi mais forte que eu. Ps: não sei quem é o autor, mas o texto é famoso.)

O dia seguinte é o dia mais importante da sua vida. É no dia seguinte que sabemos se o dia de ontem valeu a pena. (Mentira, às vezes você só se dá conta anos depois que o dia de ontem valeu a pena.)

É no dia seguinte que acordamos para a realidade ou dormimos no sonho. (e por que não no dia de hoje? ¬¬ )

A vida da gente começa no dia seguinte e só existe uma maneira de viver: APAIXONADO. (Mentira, senão padres já estariam mortos. E além disso, o que o dia seguinte tem a ver com isso???)

Por isto dance, dance como se ninguém estivesse vendo você (putas com web cam!! =D )

Trabalhe como se não precisasse de dinheiro (quem escreveu isso deve ser rico ou realmente tem o melhor trabalho do mundo.)

Corra como se não houvesse a chegada (diga isso pra quem corre na São Silvestre)

Ame como se nunca tivesse sido magoado antes (E leve tombos como se jamais tivesse estourado as rótulas e nem perdido a arcada dentária)

Acredite como se não houvesse frustração, (isso serei obrigada a concordar)

Grite como se ninguém estivesse ouvindo, (diga isso depois das 22h pra quem mora em apartamento)

Beije como se fosse eterno, (fosse eterno o que?)

Sorria como se não existissem lágrimas, (uma coisa não impede a outra ¬¬ )

Abrace como se fossem todos amigos, (e depois candidate-se a prefeito ou presidente)

Durma como se não houvesse amanhã, (Quem escreveu isso deve morar no Iraque)


Crie como se não existisse crítica, (e depois esconda o que você criou. Só assim pra não existir crítica.)

Vá como se não precisasse voltar, (se você estiver de mudança, faz sentido.)

Acorde como se você nunca mais fosse dormir de novo, (Certeza. Mora no Iraque)


Faça a próxima viagem como se fosse a última, (Mora no Iraque e tem síndrome do pânico)

Vista-se como se não conhecesse espelhos (Mora no Iraque, tem síndrome do pânico e é EMO.)


Proponha como se não existissem as recusas, (Ok. Posso comer sua mãe?)

Brinque como se não tivesse crescido, (Que os anões não nos escutem.)


Levante como se não tivesse caído, (diz isso pra quem caiu na areia movediça)

Case como se não houvesse outra, (outra o que????)

Mergulhe como se não houvesse medo, (E como se não houvesse água hahahaha)

Ouça como se não existisse o certo ou errado, (E quem é surdo?)

Fale como se não existisse o certo ou errado (E quem é mudo?)

Aprecie como se fosse eterno, (Apreciar o que? E o que é eterno??!?!?!)

Viva como se não houvesse fim. (Diga isso para quem está na UTI com dois pulmões perfurados)

Prefira ser invés de ter, (Claro, eu sempre preferi ser uma telemarketing do Bradesco em vez de ter uma mansão na Europa mesmo.)

Sentir invés de fingir, (Diga isso pras frígidas que fingem orgasmos)

Andar invés de parar, (Pernetas estão fodidos)

Ver invés de esconder, (cegos estão na merda)

Abrir invés de fechar. (Diga isso pra quem tá tentando abrir um cofre há 7 horas e não sabe a senha)

Apaixonar-se é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, espere, regue e cuide. Terá um jardim. Mas esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excesso de chuvas. Se desistir, não terá um jardim. Terá um descampado. (Manuais no Jardim Botânico de São Paulo por menos de 15 reais)

A paixão não se vê, não se guarda, não se prende, não se controla, não se compra, não se vende, não se fabrica. (Ah, se vende e se fabrica sim senhor. Você acha que as pessoas no orkut fazem o que?)

A paixão é a diferença entre o sucesso e o fracasso. ("capacidade" mudou de nome agora...)

Entre a dúvida e a certeza. (Achei que era indecisão. Mas faz sentido, faz sentido. Um ex meu entendia disso perfeitamente e se dizia apaixonado.)

Entre aqueles que gostam do que fazem e aqueles que fazem o que gostam. ("Preferência" também mudou de nome.)

Apaixonados não esperam, agem. (Diga isso para um apaixonado inseguro, gago, fanho, relento, míope e com acnes)

A paixão é o que faz coisas iguais serem diferentes. (Creio que o nome disso é "álcool".)

Lembre-se que a arca de noé foi construída por apaixonados que nada conheciam de navegação e de embarcação e o Titanic foi feito por engenheiros profissionais, fabulosos, que queriam mostrar seu poder. ( E eu com isso?!?!?!??? Tipo...o que isso tem a ver com o texto??)

Amanhã, quando acordar, pense se hoje valeu a pena e APAIXONE-SE. Porque em 24 horas você vai entrar no dia mais importante da sua vida: o dia seguinte. (Aí dia seguinte o pneu do carro fura, sua conta fica no negativo, seu cachorro morre, cortam a luz da sua casa e você sofre uma fratura exposta.)

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Piadas a parte, só pra gente reparar o quanto uma pessoa é capaz de escrever idiotices e o quanto outras milhares de pessoas são capazes de idolatrar essas idiotices. Em algumas partes quem escreveu foi completamente incoerente. Esse texto foi enviado em uma porrada de e-mails e foi até feito um "clipe bonitinho" com ele que bomba no orkut. Acho que é melhor a gente começar a prestar um pouco mais atenção no que a gente lê antes de achar bonito e dizer que gosta. Pessoas estão acostumadas a gostar de palavras bonitas mas não se apegam muito ao contexto.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Da série contos quentes e estranhos - II

Quando Mariana abriu a porta e viu seu marido agarrado horizontalmente a uma das pernas daquela mulher que parecia um travesti - Mariana havia comprovado, naquele ângulo, que não era - o mundo se desproporcionalizou na sua mente, de uma maneira que ela jamais ousaria pensar.

Revia na sua cabeça, horas depois do acontecido, a quantidade de vezes que havia se perguntado como reagiria a uma situação como aquela, comprovando o que imaginava lá no fundo da sua alma, sem coragem para admitir: já sabia, sentia, quase precisava ter passado por aquilo.

Tivera uma vida linda até aquele momento. Uma infância alegre, pais que a protegeram quase no equilíbrio entre a proteção e o aprendizado, amiguinhos de infância, namoradinhos, era linda e mimada da maneira certa. Não precisou ter fases na sua adolescência, todos a aceitavam, todos sempre diziam o quanto ela era doce e compreensiva, a menina de ouro do colégio, dos amigos, da família. Só se vestia com estampas florais ou cor-de-rosa, no máximo azul claro.

O primeiro namorado, com algum custo, conseguiu arrancar dela a virgindade. Mariana adorava o jeito dele fazer carinho nos seus seios, mas não gostava de ir muito além disso. Não achava que era muito delicado. Mariana gostava de coisas delicadas, todos diziam que combinavam com ela. Um ano depois, o tal namoradinho viajava para São Paulo pra fazer faculdade. Jazia aí o namoro.

Mariana nunca imaginou que conheceria o grande amor da sua vida tomando seu primeiro (e único) porre, algum tempo depois. Estava só, se sentia mal, resolveu ir a um dos únicos bares da cidadezinha onde sabia que não seria reconhecida. Pediu gim-tônica. Duas, três. Acordou sem saber quanto tempo depois, já do lado de fora do bar, nos braços de um jovem sedutor, naturalmente charmoso. E lá mesmo o beijou. Achou, no dia seguinte, um papelzinho com o número de telefone que dizia: ligue para o seu herói, como sinal de agradecimento. E ela ligou, achou delicado da parte dele.

Muitas explicações pelo dia fatídico, saídas, cinemas e alguns meses depois, ele decidiu que era hora de avançar, a pediu em namoro. Ela dizia que ir para o motel, só depois de constatado formalmente o compromisso. E então foram.

Ela apagou a luz. Ele pediu para acender. Ficou na meia-luz. Ela deitou de lingerie embaixo do lençol, ele pediu para ficar em cima da cama e se despir para ele. Ela só abaixou as alças do sutiã. Ele tirou a roupa e ela o viu. Teve vontade de colocar a boca no corpo dele mas não o fez, não achava esse tipo de coisa muito apropriado. Ele a puxou para perto e ela delicadamente abriu as pernas em posição papai-mamãe. Deu um beijinho no rosto dele depois que ele gozou. Casaram-se depois de três anos.

Se no começo ele a chamava de "minha lindinha", com o tempo aquela delicadeza toda tornou-se um fardo difícil para ele suportar. Palavrões não eram permitidos. Boquetes, nem uma vez. A casa inteira cheirava a flores. Sua mãe era a melhor amiga da sua esposa, tomavam café à tarde e passeavam pela cidade, falando de como criar filhos.

E agora, depois de ver aquela cena surreal acontecendo na sua própria cama, tudo que Mariana sentia era uma vontade incrível de sair daquela cidade e arrumar um emprego. Sentia algo estranho dentro de sí, mas ainda não sabia definir o que era. Decidiu ir e foi, sem malas, sem documentos, sem se despedir dos pais. Precisava ir.

Cinco anos passados, qual não foi a surpresa de Mariana, toda vestida em couro preto, ao ver Sérgio, seu primeiro namorado, entrando e vindo ao seu encontro pela porta do Império Dominatrix em plena rua Augusta, com o olhar implorando pelo seu salto 16 e suas técnicas de sufocamento conhecidas em toda a cidade.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Menina Normal.

Vou a fundo na minha normalidade
Vou tão a fundo que quem me conhecer vai dizer:
"Eu sou realmente estranho."
Sim.
Vou sentar numa mesa de bar, pedir uma coca zero e fazer aquele sinal escroto pro garçom trazer a conta em vez de praticamente fazer uma seção de aplausos quando ele se aproxima.
Antes de levantar da cama farei alongamento e tomar um café da manhã balanceado (como ODEIO o termo "balanceado", principalmente quando se refere à comida, mas tudo bem, agora vou ser normal e só fazer "refeições balanceadas - refeição também é uma palavra esdrúxula).
Só vou jantar no horário - 19 horas - e na mesa da cozinha, sem a televisão ligada, para contar os assuntos do dia para minha família. Ou melhor, para contar os assuntos do dia para mim mesma já que minha família também só janta a hora que der na telha e onde der na telha.
Jantar na frente do PC? Jamais!
Comer miojo frito depois da meia-noite? Nem pensar!
E comer doce antes das "refeições" também está fora de cogitação, afinal, ONDE JÁ SE VIU comer doces antes das refeições? Será que ninguém mais obedece aquele mandamento que diz que não se deve comer doces antes das refeições e nem comer nada frito após à meia-noite?
...
Ah é né! Esses mandamentos não existem!
Quase que eu esqueci.
É que agem como se eles existissem.
Também agem como se existisse um mandamento que proíba as pessoas de não combinarem as coisas.
Mas é isso aí, jamais usarei tênis e meia listrada com saia de veludo preta, não importam se dizem que eu tenho estilo (ser brega hoje em dia é ter estilo.)
Ter estilo não é coisa pra gente normal. Ser brega não é coisa pra gente normal. E pessoas normais não usam cachecol na cabeça. Na cabeça apenas cabelos (loiros, lisos e com luzes), e se muito uma caspa de vez em quando, que eu não tenho mas posso tacar farinha pra fingir que é.
E eu sou normal, hein.
Palavrões nem pensar. De hoje em diante quando eu perder a paciência vou apenas dizer:
-Caramba
-Poxa vida
-Ai meu Deus
-Puts Grilo!
-Nossa!
-Caraquinha!
Também vou passar minha vida toda buscando um "empreguinho bom" onde eu me "sustente" e "pague minhas contas." E também vou começar a reclamar da falta de grana no fim do mês mesmo que não me falte grana, porque pessoas normais fazem isso.
Vou andar pela rua de forma cansada sem olhar pro céu e sem nem me importar com o por do sol. Pessoas normais fazem isso.
E se me der vontade de dar pulinhos na rua do nada, vou me controlar, respirar fundo e contar até 10 para não perder o controle.
Pessoas normais sempre contam até 10 para não perder o controle. E nunca perdem.
Dormir às exatas 22 horas.
Vou ter como objetivo de vida também arranjar um namorado, casar na igreja e ter filhos.
Mas atenção, o namorado tem que ser um cara normal também.
Ele tem que se vestir como um cara normal, usar gel no cabelo, fazer a barba, trabalhar num banco ou em algo que envolva administração, ter um celular motorola, usar sapatos polidos e fazer happy hour com amigos nas sextas-feiras. Esse cara também terá que tocar guitarra e gostar de bandas de rock. E usar gravata no trabalho.
Ele também vai ter que reclamar do chefe e me contar sobre as novas estratégias da empresa.
Batalharei em busca da felicidade de minha família e viverei em função dos meus filhos.
Vou cozinhar pro meu marido e lavar a louça sozinha.
Ah, também terei que ter uma religião.
Decidi também que vou virar evangélica e frequentar alguma igreja que tenha o nome "Comunidade" alguma coisa. Quem sabe assim não fico menos preconceituosa, não é verdade?
Elogiarei o pastor e frequentarei os cultos assiduamente.
Aos domingos assistirei domingão do Faustão e só entrarei na internet pra ver meus recadinhos no orkut e colocar fotos com a galera. Quando mendigos baterem à porta eu lhes darei uns trocados e me despedirei com um "deus abençoe".
Vou aceitar também todos aqueles panfletos do caralho (Opa! Desculpe. Reformulando: aqueles panfletos do caramba!) que me derem na rua, amassá-los e jogá-los no chão para que entupam os bueiros.
Ah, terei que fumar e fazer uma tatuagem de borboleta, fada ou estrela! Quase que me esqueci. Mas tem que ser uma tatuagem discreta para que o pessoal do trabalho não veja.
Terei que comprar salto alto e terninhos na cor bege.
Vou crescer, me reproduzir e morrer, porque nascer eu já nasci. Vou simplesmente existir e obedecer o ciclo idiota, que inclui casar e ter filhinhos e netinhos. É tudo tão besta e comum, mas é o que acaba valendo a pena.
E quando eu envelhecer, darei novelos de lã pro meu gato Bichano brincar.
Ah, nada de dar nome esdrúxulos para animaizinhos como por exemplo Rosanno, Linha Leste-Oeste e Lepetise.
Se eu tiver um hamster vai chamar "PomPom". Se eu tiver um cachorro vai chamar Billie. Se eu tiver um gato, obviamente, Bichano.
Sem essa de dar nomes de objetos o de gente para animais.
Nunca mais pensarei em dar o nome para um hamster meu de "Bolsa de Valores de Nova York". E jamais pensarei em dar o nome pra um cachorro meu de Doutor Geraldo Ferraz, Ovo Frito ou Bife Acebolado. E se eu tiver um gato nem sonharei em dar o nome dele de Felipe do Carmo.
Ah e sem essa de dar nome para coisas. Eu vivo dando nome para coisas.
Pessoas normais só dão nome pra filhos e bichos de estimação.
Nasce hoje uma Thaís normal.
A pessoa mais normal do mundo.
E também a mais chata, a mais insuportável e a mais morta.
Na verdade, falei errado.
Morre uma Thaís hoje.

Agora eu tenho uma coisinha pra me dizer em off:

Conta outra!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Corrente do Bem

Os pacotes caindo das mãos, os pés inchados de duas horas de calor no fretado lotado, cabelo preso pra cima cheirando a trânsito e a roupa toda puxada pra um lado. Entro no elevador do prédio depois de mais um dia gerenciando meu próprio chefe, me olho no espelho e penso: virei uma desperate housewife, sem o glamour. Por um segundo me sinto meio que um lixo de mulher.

Segundo, terceiro andar. Quarto. Uma mãe e sua filhota de no máximo 8 anos de idade entram. A menina abre um sorriso tão sincero que já valeria qualquer linha escrita: sem falsa boa-vizinhança, só um sorriso de identificação.

E, ao sair do elevador no sexto andar, me olha com uma expressão de quem está prestes a confessar alguma coisa e diz com aquela vozinha de criança:

"Menina, sabia que você é linda."

Assim, uma pergunta em forma de afirmação. Antes de eu poder dizer qualquer coisa, a mãe me pede desculpas (desculpas?) pela intromissão (intromissão?) da filha e sai.

Me olho de novo, respiro fundo, sétimo andar chegou, saio e abro a porta do apartamento, entro com os pacotes, pensando em como fazer uma surpresa gostosa pro Bonito. Sento.

Mentalmente, prometo parar de olhar só pra parte fácil da vida como uma criança. Difícil mesmo é diante de qualquer situação ou circunstância, simplesmente, se abrir. E gerar amor.

sábado, 9 de agosto de 2008

Maldosa é o caralho.

Fico até sem reação diante dessas pessoas feias que cismam em colocar suas fotos na internet.
Eu estava vendo a foto de uma menina que não sei por que cargas d'água cisma em colocar suas fotos no próprio fotolog.
Aí você me diz: "Mas o fotolog é dela, se ela não colocar fotos dela, vai colocar foto do que?"
Meu Deus! De qualquer coisa! Só porque o fotolog é dela vai ter que nos "presentear" com sua cara feia?
É o mesmo que eu comprar uma arma. Só porque comprei significa que tenho que usá-la?
Ou então suponhamos que eu tenha uma tesoura em casa. Só porque tenho ela lá significa que tenho que sair cortando tudo?
O fato dela ter um fotolog não significa que tem que por fotos dela lá!
E o pior, TODAS as fotos ela sai com a mesma cara.
Veja só, tentarei fazer uma representação:

Cara de séria:
:-(

Cara de sorridente:
:-(

Cara de Cú:
:-(

Cara de brava:
:-(

Cara de quem acabou de pisar num prego:
:-(

Cara de quem acabou de ganhar na loto:
:-(

Cê tá entendendo? Não sou obrigada a ver isso!
Aí você me diz: Mas é só não entrar no fotolog dela!
Então, não é que eu fique entrando. Mas vamos supor que eu tenha achado o fotolog no Google por algum motivo e me deparei com a cara dela. Entende? Internet é assim, às vezes você acaba entrando nos blogs e fotologs mais bizarros sem querer porque o Google te pôs lá dentro através de qualquer palavra chave que você digitou.
Bom...vamos parar de lenga lenga e falar outra face da realidade mais provável.
Eu entro meeeesmo no fotolog dessas pessoas porque me racho de dar risada da cara delas. Fico abismada de ver como podem existir pessoas tão feias, e que ainda passam batom!!!!
Velho, batom pra que? Por acaso a Dercy Gonçalves ficaria mais bonita de batom, mesmo que morta?
Então sem essa de batom, que só adianta para quem ainda tem alguma salvação.
Se fosse assim, com um batom só, o Faustão seria a Mônica Belucci.
Você pode até dizer que é fútil, que eu poderia estar escrevendo sobre a ONU ou sobre o debate político de ontem, mas realmente não tive como deixar passar.
Pensa...
Por que alguém entraria no fotolog deste ser? Vai comentar O QUE? Tem que ser muito amigo mesmo, porque realmente ninguém ia ter interesse em comentar fotos sempre iguais.Ou então deixaria comentários sempre iguais:
"Nossa que legal essa foto!"
"Nossa que legal essa foto!"
"Nossa que legal essa foto!"
Ou mesmo que a foto seja um pouco diferente, a cara delas continuarão a mesma, e feia. E aí o comentário seria assim:
"Puxa que legal essa foto!"
Será que tem gente que não percebe que é feio???
Fico horrorizada com isso.
Gente! Assume que você é feio! Vai colocar foto pra quê? As pessoas querem ver o que é bonito, você mesmo se for o esboço de um capeta queimado vai querer ver o que é bonito, vai parar pra ver foto de gente bonita, não de gente tão esdruxulamente horrível como você, a não ser que seja pra rir, como é o meu caso, que só entro pra rachar o bico.
Eu vivia entrando no orkut de uma menina com uma amiga minha só pra gente se mijar com a feiúra dela. E a gente não se agüentava de rir com as próprias definições que arranjávamos.
Agora digo: maldade?
Claro que não! Diversão! =D
Passatempo!
Tem coisa mais divertida? Não existe o fato de ignorar uma pessoa tão feia, ou ignorar alguma parte do seu corpo que seja tão feia! Por exemplo, essa menina aí, teve uma foto até que ela tava verde! Como é que pode isso? Devia estar estragando. (Tá, eu confesso, isso foi muita maldade.)
Outro dia o computador não quis abrir a foto, porque acho que até ele se recusou a mostrar uma coisa tão medonha.
E você pode me dizer: Nossa, Thaís, e você se acha muito bonita hein?
Cara, eu posso não me achar linda, mas melhor que essas pessoas com a mesma cara eu sou porque pelo menos tenho expressão, ainda que eu não seja nenhuma modelo. Tipo, pelo menos alguém sabe quando eu to sorrindo docemente ou quando eu acabei de enfiar meu dedo num prego.
E se um dia eu ficar horrível por algum motivo não vou fazer questão de colocar foto minha na internet porque não quero prejudicar a visão de ninguém. Posso até criar um fotolog, mas com senha. E se quiserem entrar vou perguntar antes: Ok, você tem certeza que quer isso?
É gostoso ver uma cara bonita, mas gente feia porque raios vou querer ver?
Por exemplo, esses dias tava vendo o fotolog de uma menina cujos olhos pareciam ovos num buraco.
Tipo, o olho dela era tão fundo que parecia que flutuava num espaço. E era tão grande que parecia o fundo de uma garrafa. E o pior, não sei como pode o olho dela ser tão grande ainda assim ela ter cara de morta. Tipo, era um olho morto, saca?
E a gengiva então? Aquilo não era uma gengiva, era um banco de praça! E os dentes não poderiam ser mais encavalados, parecia um monte de grão de canjica colado. E a franja?
Não. Não era uma franja aquilo, era a escovinha de limpar que minha mãe deixa em cima do tanque. E o pé dela era tão grande que não era um pé, era uma prateleira de biblioteca. E o braço então? Aquilo parecia mais um pernil, e tenho certeza que só aquele braço acabaria com a fome no país. E só a barriga alimentaria meia população da América Latina.
Esqueci de falar do nariz tambémn, que era mais uma beringela geneticamente modificada.
Sabe!
Eu realmente como citei anteriormente não coloco defeito nos outros. Eles já estão lá! E eu realmente sou capaz de não olhar só para eles, vejo quando uma pessoa tem alguma coisa de bonito também, mas se não tiver nada vou fazer o quê?
Minha mãe diz que temos que antes de tudo ver a qualidade das pessoas.
Por que? Se o defeito aparece mais não tem como! Se o nariz de 1 quilômetro de alguém aparece mais do que seus lindos olhos azuis, desculpa, não vou conseguir reparar nos olhos azuis primeiro, talvez só depois que eu cansar de olhar pro nariz.
E essas pessoas são muito feias, muito, muito feias mesmo, sabe.
E não vem torrar o saco que eu nem tenho dizendo que to sendo preconceituosa.
Não estou.
Estou é fazendo um comentário de defeitos que já existem.
Olha só, perante a sociedade, se eu comentar do lindo sorriso de La Bündchen eu tenho bom gosto, se comento do sorriso esdrúxulo da Dercy Gonçalves sou engraçada, mas se comento do sorriso dantesco de uma desconhecida, aí eu sou preconceituosa?
Ah vai tomar no cú!
Me diz se não é hipócrita isso?
Se alguém assiste o Casseta & Planeta, o Pânico ou o CQC falar da cara feia de alguma celebridade, todo mundo dá risada, mas se é de algum desconhecido, é preconceito. Então ninguém tem direito de rir sobre absolutamente ninguém nesse mundo se for assim.
Se eu rir de uma piada feita com alguém por causa de um defeito, de uma banha (como fazem com a Preta Gil) ou de seja lá o que for, então tenho direito de rir da cara de quem quer que seja, afinal todo mundo tem defeito ou alguma coisa feia em si mesmo, senão no corpo, na alma. Então bora dar risada mesmo que pelo menos deixa a vida mais divertida, bora tirar com a própria cara, porque o ser humano é digno de riso mesmo, de graça. Eu faço isso com a minha cara direto, ainda mais quando acordo e pareço um pica pau chupado (a não ser namorado, que tem mesmo é que me achar a mais linda do mundo, porque como qualquer ser humano do sexo feminino eu não gostaria nada que ele falasse sobre meus defeitos. Tipo, que nem irmão, só eu posso xingar. Só eu posso rir dos meus defeitos, mas namorado não. Aliás, quem não me conhece também pode, mas contanto que eu não saiba! Eeee!!!! Tipo, aposto que essas pessoas desses fotologs também não gostariam de saber o que penso delas.). Preconceito é dar ou não preferência pra alguém por causa disso, é tratar mal ou não alguém por causa disso, mas falar a verdade ou rir não é preconceito.
Óbvio que não falaria nada disso na cara da pessoa para que ela não se sentisse ofendida.
E sem essa de "fala na cara". Eu falo na cara aquilo referente à atitude e tem gente que confunde as bolas. E ainda assim só se eu quiser.
Nada impede essas pessoas feíssimas de serem legais, boas e inteligentes, nada impede que eu as adore e admire, mas realmente não me agrada muito olhar pra cara delas se não for pra querer dar risada ou vomitar.
Maldooooosa é o caralho. Só é a verdade.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Da série: Meu Querido Instant Messenger

- Bonita, quem sou eu pra ir contra a lei seca. Mas, diga-se de passagem, não é lá muito digno fazer os bêbados esperarem na sarjeta pelo ônibus.

- Mas você nem tem carteira de motorista.

- Bite me, não tenho mesmo. Mas e se eu quiser beber 0.6 e ir pra casa do bofe aproveitar o grau? É opção minha. Milarga.

- To ilhada num mundo de gente maluca.

- Faz a sensata, então. Eu prefiro as drogas. E escapar da rota usando caminhos alternativos.

- Vou pensar se quero perder uma noite de merecido sono E 900 reais pra te tirar da cadeia. Se bem que valeria a pena só pra poder dizer “eu te avisei”.

- Economiza os 900 e vamos beber.

- Você sabe que está exagerando na mão quando os próprios amigos começam a te vetar. Né?

- Então ta excluída da minha lista de amigos.

- Você ta um saco, bem peludo ainda. Vou ligar pra sua mãe.

- Liga, aproveita e convence a velhinha de que eu não sou gay. Vamos ver se ela acredita em você.

- Bla bla bla nem to te ouvindo. Vamos falar dos nossos empregos que é mais engraçado?

- Só se for com um saquê na mão.

- Vamos a pé.

- De carro.

- De metrô.

- De mula. To brincando, vou fazer meu irmão de motorista.

- Aê, viu como de tudo podemos extrair algum lucro?

- Verdade. Viva a lei seca, menina.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Coração de Golfinhos

Minhas fases são breves, meus amores são breves, minha personalidade é breve.
Tudo na minha vida é breve, meu coração é breve e até meus surtos de sonhar com coisas impossíveis são breves, porque depois oscila entre a possibilidade do possível.
Tudo em mim é muito breve e intenso.
Não sou rebelde mas faço coisas de que duvidam os homens...e as mulheres...e até eu.
Ajo com infantilidade e tenho vontades que até os adolescentes mais impulsivos escondem por vergonha.
Vivo como se sonhasse e sonho como se vivesse e soubesse que é real.
Não sou tão nem tão pouco, mas posso parecer tão, posso parecer tão pouco porque deixo parecer...porque me deixo aparecer. De todas as formas.

Às vezes tenho vontade de ser notável para o mundo todo. Às vezes, um olhar sequer já me incomoda e me faz querer ser invisível.
Às vezes tenho vontade de me encolher, mas o impulso de expandir-me torna-se maior.
Tenho vontade de rosnar e morder. Mas cão que ladra não morde. E eu também não sou cão. Mas talvez se fosse, mordesse.
Sei onde machucar e por isso não machuco.
A intenção de ferir já me alivia quando é a raiva que toma conta de mim. De imaginar o estrago já me sinto melhor.
Mas para sorrir não, eu realmente preciso sorrir. É bonito pensar que quando penso em explodir alguém por causa da minha raiva, não explodo ninguém, mas quando penso em algo bom, eu acabo sorrindo de verdade. E é triste por demais saber que existem pessoas que explodem quando pensam em explodir e não são capazes de sorrir quando pensam em alguma coisa boa, porque provavelmente alguma coisa boa para essas pessoas lhes trará nostalgia e lágrimas.

Sinto como se o mundo me conhecesse. Não, não as pessoas. O mundo mesmo...desde as plantas até a garrafa pet que rola na calçada por causa do vento. Sei que as pessoas não me conhecem, mas quem me colocou aqui me conhece e bem. E conhece também as outras pessoas mas muitas delas sentem como se fossem desconhecidas.
De certa forma sei que existem muitas coisas que eu sei mas ao mesmo tempo não sei.
De certa forma, existem coisas que sei mas que não me lembro.
De certa forma sei que existem coisas que sei mas que é melhor não lembrar.
E esse saber traduz-se em intuição.
Sei de muito mais coisa do que imagino. Por vezes, eu queria descobrir. Por mais vezes ainda eu não queria, porque um conhecimento nunca vem sozinho. E às vezes não acredito que seja muito melhor saber de certas coisas.

Conhecimento demais poderia salvar a minha vida. Conhecimento demais poderia transformá-la num inferno e acredito que esta opção seria mais plausível.
É preciso perder muito antes de vencer. É preciso chorar muito antes de sorrir. É preciso morrer para renascer e isso é óbvio. E eu realmente estou tentando apenas deixar esse sentimento me guiar até onde eu acredito que seja mais seguro.

Mas existem coisas que não controlo.
Sou racional demais. Mas quando sou passional não vejo nada à minha frente. Quando bate aquele sentimento forte que quase me faz saltar o coração pela boca e fazer coisas inimagináveis, eu faço coisas inimagináveis e não penso nas consequências.

É raro. Mas acontece. E quando acontece...

Quando acontece...

Me vejo com 90 anos e cabelos brancos abraçando uma garotinha que não vai ter medo de viver.

Quando acontece...

Me vejo com 90 anos e cabelo branco e um brilho inapagável nos olhos, abraçando uma garotinha que jamais

jamais

jamais

jamais terá medo de viver.

E neste dia

Lembrarei deste dia aqui, de hoje

E sorrirei

Porque cada segundo meu valeu a pena...

E a minha vida toda foi como um quadro onde incontáveis golfinhos saltavam do mar para mergulhar nas nuvens, como na capa de um caderno que eu comprava num sonho...

Como o que realmente existe dentro de mim: um mar de golfinhos que saltam do mar para o céu.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O pulso ainda pulsa?

Sei que tem mil coisas mais importantes pra serem pensadas e discutidas, a cura da AIDS e do câncer por exemplo, a fome mundial, guerras...mas o fato é que ultimamente tudo me leva a pensar em como as pessoas andam vendendo a alma por nada. Pra falar a verdade, não sei se isso é menos importante do que a cura da AIDS ou a paz mundial.

As idiotices estão sendo levadas muito a sério, como se um Orkut, um BBB, uma novela fossem reais: tudo tem um propósito maior e os meios são completamente justificados por esse propósito, muitas vezes questionável e fora de qualquer padrão do bom senso.

Na empresa, o gestor fecha os olhos pra tudo que acontece debaixo do seu nariz, porque tem uma imagem a zelar. Imagina se ele começa a pensar e a agir de verdade e ... é despedido? O que a família e os amigos vão pensar? Nem é tanto pela perda do emprego em sí. Na cabeça das pessoas "maduras" dentro das corporações, imagem é tudo e valores pessoais, o que é isso mesmo?

Os adolescentes: o coitado do menino sofre uma pressão fodida pra catar a bonitinha e parecer bacana. A menina sofre uma pressão fodida pra ser a bonita que o bacana quer catar e pra conseguir catar o bacana que deve ter um certo status na turma e no trabalho. Bem na época onde as pessoas deveriam estar aprendendo sobre serem elas mesmas, elas aprendem exatamente o contrário.

As coitadas das crianças: as que têm sorte de ter uma família estruturada - não importa se de dois pais, duas mães ou um pai e uma mãe - são bombardeadas por mil atividades porque não podem começar a viver sem competir, não podem "não ser" as melhores. Não conseguem ficar em casa porque as mães precisam provar que podem ganhar dinheiro tanto quanto seus maridos e os maridos nem cogitam não trabalhar, precisam provar que são bem sucedidos.

Me corrija por favor, mas não existe mais a preocupação com o centro das coisas, com a realidade? O discípulo vivo de Freud diz que as famílias estão morrendo, ou seja, a preocupação com o outro e o sentido de coletividade está morrendo. Eu acho que a realidade também está morrendo, por mais subjetivo que este conceito possa ser: a realidade nova é composta de subterfúgios, de desvios do que é importante. A vida virou um maldito concurso de beleza onde as melhores maquiagens e plásticas são premiadas com mais dessa realidade torta. Não existem só os 15 minutos de fama, existem os 15 minutos forjados de felicidade. Venda de alma por uma ilusão.

Não venham me dizer que isso é conversa de careta ou filósofo barato. Abaixo a hipocrisia! Tudo tem que ser repensado, nessa vida. O que estou dizendo vai nessa linha: até pra fazer caridade, neguinho hoje em dia tem um relações públicas. Não me vai pra África pegar criancinha doente no colo sem que eu tire uma boa foto! É por aí que a coisa vai.

Consequentemente, o sexo se transformou no principal produto no mercado da realidade distorcida. E as mulheres são o cabide desse produto! Seja traídas por seus maridos - mas posando com cara de "estou firme" na TV - ou mostrando até o útero em programas quase-eróticos nas tardes familiares de domingo, elas, SEMPRE elas são a fotografia mais cruel de uma sociedade vazia de qualquer conteúdo que vá mais além do que a pele permita.

Estão sendo criadas condições que promovem a busca rápida desse prazer máximo e sem obrigações, o que a curto prazo só tende a produzir maior busca por essa imagem idiotizada de sí próprio e a longo prazo, frustração.

Os orkuts da vida e os mundinhos virtuais são a tradução de tudo isso: a importância da pessoa medida pela quantidade de amigos, de recadinhos, pelo sexo virtual forjado na webcam ou pelo photoshop aplicado nas fotos, pra que o "mundo" a veja como mais: mais magra, mais bonita, mais importante, mais sexy. Quando a dubiedade demonstra o nível de futilidade: a pessoa precisa se expor para que sua imagem se solidifique, mas ao mesmo tempo esconde algo lá dentro dessa exposição toda, para que a dúvida permaneça: o que é tão importante que teve que ser escondido para que ninguém veja? Uau, que vazio.

Vida real pode ser dura, pode ser problemática, não é um comercial de margarina ou o vídeo do filtro solar. Amor não se segura com imagem. Compreensão não vem da imagem. Felicidade pode até parecer uma linda imagem, mas na verdade ela vem das coisas que mais diferem do posado, do planejado, do perfeito aos olhos alheios.

Não sei como terminar esse texto, nem sei por que comecei. Acho que eu só queria que tudo fosse um pouco mais fácil, como lá no vídeo do filtro solar. Mas de verdade.

sábado, 5 de julho de 2008

Dos filhos deste solo és mãe gentil. Pátria Fodida: Brasil.

Não...eu preciso escrever sobre isso, eu preciso, eu preciso. Posso não almoçar hoje, mas eu vou escrever sobre isso.
Sei que já escrevi sobre meu vídeo do Youtube que foi tirado do ar, já expressei minha revolta, mas não é o bastante (na verdade escrevi isso no meu outro Blog mas depois eu posto aqui o texto).
Hora do almoço, eu navegando pelo Ig.com.br me deparo com um clipe da sobrinha "virgem" da Gretchen praticamente dando a bunda de roupa para um Mc Qualquer Coisa, dizendo que ela não quer perder o selinho dela, só quer dar beijinho, mas ele quer tirar o selinho dela a qualquer custo. Enquanto ela passa o clipe inteiro tentando convencer aquele acéfalo de que ela não quer perder a virgindade, contraditóriamente ela rebola de quatro no pau do cara.
Cheguei à conclusão que daqui a pouco as pessoas estarão metendo no meio da rua mesmo como animais no cio, e aí parei pra pensar que enquanto o Youtube já deve estar bombando com isso, com dezenas de vídeos da tal Carol Miranda que embora se auto intitule virgem, de virgem só deve ter os poros da pele, vídeos como o meu que vão contra o cigarro e a bebida no trânsito e serviriam pra pelo menos reflexão, são vetados porque possuem "imagens fortes." (Quem quiser o vídeo depois me pede que eu passo.) >
Mas quem quer alguma coisa de útil mesmo nesse Brasil de bosta? Meus 50% de ódio da humanidade que citei em um dos textos do meu blog se enquadram nisso também.
O que uma garota dessa espera da vida? Vai ficar igual a tia mesmo, uma bolha, uma bunda no lugar do cérebro.
Portais e o mundo discutem da constante disputa entre a Carol Miranda, a Mulher Melancia e a Mulher Jaca.
Brasileiro não tem mesmo que reclamar de nada, brasileiro gosta mesmo é de ser burro, de perder o tempo vendo Big Brother, discutir qual bunda é maior, etc. Eu sei que já deu no saco mais um texto revoltado sobre bundas, mas assustem-se se um dia eu não me revoltar com isso. Podem bater na minha cara e gritar: "Revolte-se!Revolte-se!!", porque se um dia eu deixar de me bestificar com isso é porque me tornei uma delas ou morri. Brasileiro merece mesmo a merda em que vive e tem que afundar nela sem reclamar mesmo.
Olha que eu me considero uma pessoa de "cabeça aberta", embora para muitos eu ainda sou considerada puritana por não achar legal fazer uma peça teatral com um monte de homem e mulher chupando meus peitos e por não fazer apologia ao sexo explícito. Realmente deste ponto de vista sou puritanérrima. Não por questões religiosas e etc, porque eu acho que já deixei bem claro nos meus textos que eu quero é que as religiões se fodam, mas sim por questões de no mínimo higiene e moral.
Essas meninas todas são realmente desprovidas de um mínimo de cérebro, mas vá lá, estão ganhando dinheiro às custas de suas nádegas obesas mesmo, então qual o problema?
Elas rebolam, o povo assiste e ainda dá nota.
Enquanto isso o tráfico tá bombando, você está sendo roubado, crianças estão sendo estupradas por padres e por seus papais, seqüestros estão ocorrendo, inocentes estão virando carne moída em acidentes de trânsito...e as pessoas estão aí, dando nota pra bunda dessas coitadas e o máximo de esforço que o povo faz é o de mover a mão durante uma punheta. >
Ninguém faz nada pra melhorar essa escória, e quem tenta mudar é vetado, quem tenta dar um grito é calado.
Mas para que cérebro? Para que estudar se nem nosso presidente se deu ao luxo?
Esse país está jogados às traças, terra de ninguém, vivemos num infinito lixão porque as pessoas contribuem pra isso e ainda se acham cidadãs no dia da eleição, votando em quem distribui mais panfleto e lota mais nossos bueiros, mas tudo bem, a enchente não vai mesmo chegar até a casa desses babacas mesmo.
É por isso e muito mais que às vezes eu idolatro sim minhas crises de misantropia. Tento não me revoltar e tento viver numa boa, mas quando vejo esse tipo de coisa meu estômago revira e aí rumino todo aquele ódio mastigado.
Esse país está jogados aos porcos, mas qual é o problema se é o próprio brasileiro que monta o chiqueiro, não é mesmo?
Eles fingem que não nos fodem, a gente finge que acredita (mas no fundo implora para que fodam mesmo), é tudo muito conveniente. É tudo um grande ritual de copofagia.
Mas brasileiro gosta mesmo é de ser fodido, em todos os sentidos, gostam tanto, mas tanto, que ninguém se assusta ao ver uma coitada daquelas rebolando no pau alheio.
É isso aí, literalmente, brasileiro gosta mesmo é de tomar no cú.
E faz por merecer.
Parabéns, Pátria Amada, Idolatrada, Salve Salve.
Salve Salve! Salvem os filhos deste solo amado, da puta que os pariu.
A Pátria Amada virou é uma grande putinha parideira, e é exatamente por isso que é idolatrada pelos seus filhos que ao meu ver, seriam mais úteis se abortados do "Território Santo".

domingo, 29 de junho de 2008

Pra você viver mais

Hoje, sentada naquela cadeira dura, branca e fria que você já sentou milhões de vezes, eu senti que tive um daqueles momentos. Pra guardar, pra intuir, pra sempre. Não porque seja um momento formal, algum clichê, trecho de livro importante ou grande evento de qualquer coisa. Mas porque trouxe algo que você sabe que vai ficar contigo a vida inteira. Enquanto pro resto dos mortais significou só algum tempo de um dia dentre tantos outros dias.

Hoje virou o jogo do tempo e da vida dentro da minha alma de criança.

Hoje, você sentiu dor. Você, que nunca sente dor, muito menos consente que alguém atue no seu papel. Hoje eu pude visualizar você em suas longas noites de preocupação enquanto eu só me importava com algum menino da escola ou em parecer bonita. Hoje eu pude ver você pedindo pra Deus não deixar acontecer nada comigo. Hoje eu pude voltar ao passado e entender porque você nunca deixava de saber onde eu estava, com quem eu estava, porque eu estava e quando estaria.

Você sempre quis meu bem. Mas não é só isso. É muito além disso. É o que impede de deixar livre pro acaso fazer seu trabalho. É o medo de perder pra vida.

Hoje, eu entendi porquê em tantas outras situações piores, eu ainda não havia me sentido dessa maneira. Porque antes, você estava no controle. Mesmo sofrendo. E eu, eu achava que você era o super-herói que pensava que sabia tudo em sua eterna teimosia. E eu caía nessa como uma criança rebelde manipulada.

Hoje, você me causou um nó ao te ver sentir dor e eu me preocupei. Porque eu continuo sendo uma criança, mas eu não sou mais rebelde. E então eu me permití ser você.

Hoje, eu quis que você vivesse mais noventa anos, pra eu poder te dar tudo o que você me deu. Meu instinto diz que ainda seria pouco. Mas o medo de perder pra vida faz a gente virar mãe e esquecer de ser filha.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Nascemos príncipes, e a educação faz de nós sapos".

Hoje estou aqui pra falar uma coisa bem séria pra alguém bem sério. Sendo mais específica, estou aqui hoje pra mandar ir se foder essa coisa séria. Essa coisa séria chamada (ARGH!): Maturidade!

Hoje estou aqui pra mandar a tal da "Maturidade" se foder. Estou aqui para mandar a tal da "Maturidade" tomar em seu cú velho e responsável.

O povo às vezes confunde maturidade com ser sem graça e "adultinho". O que porra é ser "adultinho"? O que porra é ter "maturidade"?

Olha vou contar um caso aqui e não vou citar nomes porque não quero ninguém enchendo meu saco depois.
Eu tinha um melhor amigo, daqueles melhores mesmo. Daqueles que a gente liga quando está atravessando uma rua pra dizer que está vendo uma mulher engraçada atravessá-la. Daqueles amigos que ficam até 1 hora da manhã com você ao telefone, falando besteira e contando piada, mesmo que tenha que acordar às 5 no dia seguinte.
Daqueles amigos que a gente abraça e beija na boca, sabe. Daqueles amigos que a gente liga chorando porque acha que está grávida do ficante que mal conhecia só porque a menstruação atrasou dois dias.
É, ele era esse amigo. Esse "cara legal" que toda mulher precisa ter em sua vida pelo menos uma vez.
Aí um dia o amigo, que era crente, conheceu uma mocinha de 35 anos, também crente, mas diferente dele, ela era virgem. E aí esse amigo foi me deixando pra lá, porque agora era tudo a crente, a crente, a crente. (Ciúmes meeeesmo, assumo!)
E eu fiquei puta mesmo, fiquei com raiva. Deixava mensagens no orkut dele só pra crente morrer de ciúmes, ligava pra ele quando eu sabia que a crente tava do lado. E a crente pegou birra de mim e dizia que eu era "atrevida!".
Atrevida, eeeeeeuuuu?
Qualquer um pra uma crente é atrevido se mostra mais do que as canelas e não tem bigode.
O tempo passou, muita coisa aconteceu, eu descolei um namorado e 2 anos depois, quando eu já tinha terminado com esse namorado, eu soube que meu super hiper melhor amigo casou-se com a crente.
"Como é que ele pôde se casar com a crente?" - gente, eu realmente pensei isso porque não é possível que ele se divertia com aquela crente mais do que se divertia comigo.
Mas aí é que entra o lance da maturidade. A crente é sebosa, feia, quadrada e flácida, mas tem maturidade!
E esses dias eu perguntei pra ele "Me responde uma coisa inconveniente e sincera? Quando você olha pra ela, você ainda olha com aquele olhar de apaixonado e pensa: Puts! Ela é a mulher da minha vida?".
E ele me respondeu docemente via MSN: "Tha...isso é paixão. Paixão acaba!! O que eu sinto por ela é amor. Casei com ela porque pensei: Ela é uma pessoa madura e legal o suficiente para passar a vida ao meu lado."
Foi aí que eu quis vomitar, e foi aí que eu realmente resolvi aceitar que eu sempre tive raiva do amor, que é insosso e sem graça. Foi aí que resolvi engolir a minha verdade, que eu que sempre escrevi sobre o amor, na verdade sou amante da paixão, intensa e sem limites, não do amor, que tranquiliza e dá paz. Paz é o caralho.
Não vejo sentido em viver tranquila com o coração em paz. Quero viver meus dias apaixonada com o coração queimando em brasa.
Eu não consigo entender porque alguém casa com alguém só porque a pessoa é madura e legal. Porra! É alguém que você quer ter pra vida inteira, e a pessoa SÓ é legal e madura?
Ele ficou 2 anos com ela, deveria pelo menos ainda estar loucamente apaixonado!
Eu realmente não penso em casamento, mas se um dia eu cometer essa infâmia, precisa ser pelo menos com o cara mais espetacular do mundo, que me faça rir, que me faça rir muito, que seja louco por mim, que me olhe com olhar de apaixonado todos os dias, que seja inteligente e incrível! E não me venham dizer que isso não existe porque existe SIM! E se não existir no meu caso, prefiro continuar solteira.
Maturidade é uma coisa, gente, mas viver com cara de cú como um adulto chato e responsável e com bigodes é outra.
Tem gente que confunde maturidade com ser sério, cansado e neurótico. Se for assim, quero morrer criança. Que graça deve ter casar com uma mulher que não faz birra, que não faz manha, que não fala besteiras, que não pede colo, que não faz dar risada, que não é serelepe?
Eu sou MUITO serelepe! E se eu tiver um marido eu também quero que ele seja MUITO serelepe, para que juntos possamos fazer coisas que até deus duvida.

Esse lance de "maturidade" deixa as pessoas mais chatas. Tenho uma amiga que antes era a serelepância em si, mas aí o tempo passou, ela descolou um emprego show, um carro, um namorado e...não é mais serelepe! Ela só ri das coisas que eu faço, mas fazer junto comigo não porque ela já é uma adultinha.

Quando as pessoas atingem a porra da "maturidade" elas evitam ser ridículas, evitam dar vexames, evitam correr em todas as direções, evitam abraçar o mundo e divertem-se falando coisinhas engraçadinhas no happy hour da empresa enquanto tomam um "drink" e comem uns petiscos. Elas evitam abraçar o mundo, elas evitam viver!

Sou ridícula, infantil e criançona glo-glo-glo, blu-blu-blu. Porque eu estou viva! Porque eu quero ser criança pra sempre! Meu tempo de ser ridícula é agora! E os adultos acham tudo, tudo ridículo mas são mais ridículos ainda porque abafam suas vontades e opiniões com medo de estragar a postura!

Conheci um cara muito especial que mora na minha rua mas por algum motivo não falo mais com ele, ele deve estar hoje com uns 55 anos ou mais, e é o cara mais crianção que já conheci. O cara mais sábio e mais crianção que já conheci.
Quando eu era pequenininha, ele me dizia: Thaisinha. Você é uma menina especial. Não queira ser adulta não! Ser adulto é uma bosta! Adulto é um bicho ruim.
E o Wagner era criança adulta. Adorava animais, brincava com as crianças na rua e as tratava como pessoas inteligentes que são, não como cachorrinhos estúpidos e fofinhos que não entendem nada do que a gente fala. Comia fruta do pé, tomava banho de chuva, beijava cachorrinhos filhotes na boca! Amei demais aquele cara. Ele com seus 40 e poucos anos na época, olhos azuis, cabelo louro acinzentado preso num rabo de cavalo, barba por fazer (ele sempre foi lindo demais.) e eu, como meus 9 ou 10 anos, tropeçando, ralando os joelhos na rua e deixando recadinhos de amor para ele na poeira do vidro da kombi amarela que ele tem até hoje, onde está escrito na parte de trás com tinta preta: "Nascemos príncipes e a educação faz de nós sapos".

Hoje eu sei o que ele quer dizer. E hoje vejo que eu e ele sempre tivemos quase tudo em comum.
Wagner, você é um cara especial. Às vezes a gente se cruza na rua e mal se olha...e eu nem lembro o porquê. A única coisa que sei é que você é a criança grande mais linda que eu já conheci.
A única coisa que sei Wagner, é que de tão criança que você é, você acaba sendo maior do que todos os adultos. E a única coisa que eu queria era voltar a falar com você, mas meu orgulho besta da adulta ridícula que ainda tenta sobreviver dentro de mim (mesmo que eu queira matá-la todos os dias), não me permite.

Sejamos serelepes, sejamos crianças.
Pelo amor de Deus, chega de mentira. Que saco!
Sejamos vivos!

domingo, 15 de junho de 2008

O exagero é uma verdade que perdeu a calma

(Danoninho, leite condensado, bombom, chocolate em barras de 200g, cheetos fedido, amendoinzinhos, balinhas de canela, de iogurte, juquinha, sete-belo, guarda-chuvinha de chocolate que parece manteiga, dadinho, papinhas de neném, batata-frita com catchup, miojo, ana-maria, haagen dazs, pão-de-mel, negresco, bono, passatempo, mini hot-dogs, pizza, chiclete que deixa a boca azul, pirulito que voa, que acende luzinha, empanados de frango que não parecem frango, sorvetes de palito com Ipod, bolos prontos, muffin da mônica, das superpoderosas, yakult, sequilhos, rosquinhas de coco, BIS, sufflair, algodão doce, chup chup de doce de leite, sucrilhos que desperta o tigre gordo em você, lancy, milka, alpino, ninho soleil, fandangos, cebolitos, baconzitos, palitinhos de chocolate, dan-top, marrom-glacê, goiabada, moça fiesta, batatas com cheddar e catupiry, torta de limão, cigarritos de chocolate, flan, espetinho de fruta com chocolate, hambúrguer)

Oi gente... (levantando com cara de vergonha misturada com um pouco de fome), eu vim aqui para confessar uma coisa... (música de suspense ON).. sou viciada em...em... em...CAR... BOIDRATOS (musiquinha OFF).

Já faz algum tempo. Assim, uns 21 anos. Até os seis, mamãe decidia o que eu comia. Já nessa idade ela colocava maisena para engrossar as papinhas, porque claro, leite da mamãe é muito magro para uma criança que tinha como destino o meu. Logo que eu já podia decidir o que comer, escolhia logo as coisas mais apetitosas do cardápio, enquanto todas as minhas amiguinhas já queriam parecer com a Barbie. Eu sempre pareci mais a Pequena Miss Sunshine. Pequena mais ou menos, né? Todo mundo sempre achou que eu era repetente por causa do meu tamanho.

Meus pais nunca foram fãs de exercício físico. Mas não, eu não os culpo pela minha preguiça de suar muito e comer direito. Eu até superei isto em algumas fases da vida, com a ajuda do espelho e da balança.

Meu vício em melecas é potencializado pelas propagandas de comida. Aliás, na mesma página de internet, a gente encontra as melhores receitas de fondue do lado das mulheres mais espetacularmente saradas de todos os tempos. Gente, assim eu fico confusa. E quando eu fico confusa eu fico ansiosa. E quando eu fico ansiosa eu apelo pras melequeiras comestíveis. É tudo um ciclo!

Na empresa, a tiazinha da lanchonete disse que eu, dentre as 600 pessoas da sede em Cotia, sou a única que consome Cheetos bolinha. Numa churrascaria, já fiquei conhecida como "o preju". Os amigos já sabem que eu sou a melhor companhia para orgias gastronômicas. Meu colesterol já andou balangando. O médico já avisou que comer um brócolis e cinco pedaços de torta de maçã não ia adiantar. Fast food devia exigir certificado de índice de massa corporal abaixo da média pra poder ser vendido.

Eu podia estar matando e roubando pra sustentar o meu vício, gente. Alguém tem M&Ms aí? Aaaaaargh!! Preciso parar!

Mas, muita calma. Um dia por vez, não é assim que vocês dizem? Por favor, só vocês podem me ajudar, vocês me ajudam, ajudam?

Eu ADORO vocês, viciados em comida orgânica!!!!!

sábado, 31 de maio de 2008

Da série Contos Quentes e Estranhos

Henrique era o que se podia chamar de fodão. Adolescente bebedor, primeiro da turma a fumar maconha e a ter trazido a polícia pro colégio. Provocava todo o tipo de gente diferente dele e dos seus clones, desde a menina das orelhas grandes, até o menino nerd cabeçudo que sentava na frente e gostava da Silvinha. Que já tinha mostrado os peitos pro Henrique. Ninguém sabia, mas Henrique guardava um segredo: era um ejaculador precoce.

A primeira desculpa oficial foi a bebedeira do primeiro colegial, quando depois da festa mal encostou a mão na bunda da Letícia, mal levantou a blusa dela, e... . Henrique era macho, muito macho. Contou pra todos os amigos como a bocetinha dela era quente e apertadinha. Era isso que ele ouvia os caras dos filmes pornôs dizerem, não ia errar.

Até os 28 anos, Henrique só se metia em relacionamentos que duravam no máximo três semanas, trepava com as recém-saídas de cursinhos que não se preocupavam muito em querer gozar, e sim com a sua Pajero nova. Ainda era o fodão. Na multinacional de softwares onde trabalhava, acabava de receber uma promoção, às custas de muito whisky, charuto e putaria patrocinados para o cliente. Um sucesso de carreira.

Henrique focava nas estagiárias mais novinhas, mas nunca tinha se permitido um deslize. Uma delas, Patricia, se apaixonou perdidamente por ele, entendendo como respeito e dignidade ele não ter passado dos beijos. Estranhamente, ouviu da sua amiga que o boato nos corredores era o de sexo no estacionamento, não de beijinhos inocentes. Não importava, porque Patricia ansiava pelo dia em que ele iria levá-la para um motel chique, beijar e chupar seu corpo todo, penetrá-la por horas e horas até ela gozar umas cinco vezes. E eles teriam um relacionamento perfeito.

Mal sabia ela que Henrique, toda noite ao se masturbar, imaginava a gerente de marketing, a diretora do financeiro, a VP de tecnologia, todas mulheres maduras e experientes, revezando entre chupar, sentar no seu pau e elogiar sua ótima performance. Tempo ilimitado de sexo perfeito. O único problema era que, depois de gozar e dormir, Henrique tinha sempre o mesmo pesadelo: A Silvinha, a menina orelhuda, as três gostosas da empresa, a Letícia e a Patrícia de pernas abertas para o nerd cabeçudo, praticavam sexo tântrico, trepando a noite inteira e rindo infinitamente dos dois minutos de cócegas que ele havia proporcionado a todas elas.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Uma história sobre buracos negros, estrelas e cachorros bravos.

(...) Deus, não sei mesmo o que é você direito, não sei se é homem, mulher, se é rosa, se é azul, se tem cor, se tem cheiro, se usa sandálias ou se parece um mingau, um ser humano ou uma gelatina. A única coisa que eu sei é que você existe e que as pessoas costumam te pedir coisas. Talvez pedir as coisas para você seja um erro, talvez seja uma idiotice de humanos carentes que precisam se apegar a algo para que não se atirem de uma ponte.

E talvez eu esteja cometendo uma tremenda insanidade agora, mas a questão é que se você realmente atende a alguns pedidos (não sei se você usa os métodos de sorteio ou sei lá) eu te peço uma coisa: Se você puder atender a esse meu pedido, não permita que eu escute aquela pergunta de novo de outra pessoa. De coração mesmo! Isso enche o saco! Não quero encontrar outra pessoa cujos olhos me fazem a mesma pergunta, ainda que não verbalmente! Isso realmente é um atraso de vida.Pronto! Pedido feito.

Quando eu era pequena minha mãe falava que as pessoas que riam de mim na escola tinham inveja de mim.
E eu falava: inveja do que, mãe? Eu não tenho nada de especial.Aí a gente cresce e vê que no mundo pouquíssimas pessoas são especiais. Porque o máximo que elas fazem hoje em dia é serem legais e falarem as coisas com veemência para provarem que têm personalidade, mas como dizia Nietzsche (vou parar com essa idiotice de citar filósofos porque dá um ar cult que eu não tenho), a pior inimiga da verdade não é a mentira, e sim a convicção (ou algo assim). Em todas as pessoas super legais que conheci, acabei descobrindo em pequenas atitudes menosprezadas pelos outros, falhas de caráter gigantescas! Isso só nós duas entendemos...conhecemos muito de uma pessoa pelo simples jeito de ela respirar quando fala uma palavra. Percebemos grandes buracos negros dentro do coração de uma pessoa pelo simples jeito de ela movimentar os olhos quando diz uma palavra sequer.

Detalhes que mostram falhas tremendas de caráter.E neste caso, não posso dizer que eu não sabia. Eu sabia.Não fui enganada 100%. Eu que me deixei enganar porque quis. Eu quis encobrir os erros com a idiotice da esperança infundada.

Eu sabia de tudo. E a única coisa que me surpreende é o fato de que eu estava certa o tempo todo e não a veracidade da situação em si. É o mesmo que "Uau! Eu sabia que choveria canivetes hoje e que essa merda ia me cortar a cara!" em vez de "Uau! Está chovendo canivetes hoje e essa merda tá me cortando a cara!". Eu sabia o tempo todo que ia chover canivetes e que eu poderia correr um sério rico de ser ferida, mas ao invés de sair correndo, permaneci ali, esperando acontecer.

Que tipo de idiota faz isso? Que tipo de idiota põe a mão no fogo sabendo no fundo que vai se queimar? Eu mesma respondo: uma idiota apaixonada.
É isso. Pela minha vida encontrei muitas pessoas legais. Mas e daí? Quem disse que eu me importo com pessoas legais? Quase todo mundo nesse mundo é legal. E só. Não quero estar rodeada de pessoas super legais na minha vida e que não me servem pra absolutamente nada, nem pra jogar conversa fora. É...só legal, como tantos outros, só é legal...mais nada.

Absolutamente mais nada. Legal...como a maioria das pessoas que fodem com tudo e com todos. E agora rindo enquanto lembro de algumas situações e atitudes, complemento: inclusive com si próprios.
Menos mal que o corte do canivete não cortou tão fundo e me rendeu mais risos do que lágrimas. É o mesmo que cortar meus pulsos e esperar que sangre na outra pessoa.

As pessoas mais especiais que conheci, não fizeram parte da minha jornada.Foram pessoas que conheci talvez por pouquíssimos segundos mas que me disseram uma palavra que valeu a pena.Foram pessoas que me deram aula por uma semana, um mês, e que sabiam meu nome, mas nada sobre mim.Vizinhas que moravam ao lado de casa quando eu era bem pequenininha e hoje se apagaram no tempo. A Adelaide, que vivia brigando com a filha, Daniela, e que me chamava de "minha princesinha."Tem também a Dalva! Eu nunca vou me esquecer da Dalva. Ela também morou na casa ao lado antes da Adelaide.A Dalva tinha um quadro lindo dela de bailarina ainda quando era novinha. Lindo o quadro. Eu amava a Dalva.

E sabe aquelas estrelinhas que a gente comprava na papelaria pra levar pra escola? Uma vez eu entreguei uma estrelinha pra mãe dela e disse:-Olha, dona Alda! Entrega pra sua filha. Diz que é uma estrela que nem ela. Uma estrela Dalva!Eu lembro também que tinha o tio da van que levava a gente. O tio Sérgio. Ele tinha um cavanhaque e eu pedia pra ele me dar uns pelinhos do cavanhaque dele de lembrança. Ai meu Deus!Aí ele puxava os pelinhos com a mão e me dava. Eu chegava da escola, subia no quintal de cima e gritava o nome da Dalva, que vinha com toda a paciência do mundo:"Dalva! Você pode guardar essa barba do tio da escola? Ele me deu de presente e eu não quero perder. Guarda pra mim?"E ela guardava. Meu Deus! Ela guardava as barbas do tio da van que eu dei pra ela inúmeras vezes.Pessoas especiais. Pessoas especiais que passaram pela minha vida.Hoje, o brilho da estrela Dalva continua brilhando, mas fraqueja por causa de um câncer que se desenvolveu por causa do cigarro.

Ah, estrela! Nesse aspecto você foi burra demais. Poderia estar brilhando linda até hoje, do jeito que brilhava há 10 anos atrás!Pessoas especiais ainda trilham comigo o meu caminho, me trazendo lições valiosas no dia a dia.
Por sorte, ou milagre ou merecimento, tenho na minha vida pessoas que fazem valer a pena.As outras, não passam apenas de pessoas legais.Mas lembrando que assassinos também podem parecer legais. Pessoas cruéis também podem ser legais. Políticos ainda mais podem parecer legais em épocas de campanha.Pessoas legais e engraçadinhas. Verdadeiras hienas que comem merda e depois dão risada.

É só isso que vejo.Não consigo enxergar no mundo algo além disso. Aliás, mal consigo enxergar o mundo por conta disso.E é exatamente por isso que não me interesso pelas pessoas. É exatamente por isso que não me importo com o jeito que saio na rua. Eu mais do que ninguém sei que as pessoas realmente me pesam e me cansam.Pouquíssimas delas me divertem, me distraem e me extraem um sorriso quando apenas vejo passarem pela rua.

É o meu instinto indolente que cresce, porque se faz necessário. Sou reles, mas não a mais de todas (portanto não tão reles), e isso é que me faz indolente. Ainda com a consciência de que quanto mais sei, menos sei, tenho em mim essa indolência que me deixa um pouco a parte disso tudo. Um riso blasé pela leviandade das pessoas super legais que povoam o mundo. Um riso blasé amargo que pede um cigarro para ficar ainda mais blasé, mas deixa pra lá porque ainda me considero uma garotinha de princípios.

Costumo me interessar por seres humanos, mas a única coisa que tenho visto ultimamente são apenas seres.
O ser (humano ou não) é algo incrivelmente maravilhoso quando admirado de longe. Chega até a ser bonitinho, engraçadinho, cuti-cuti.Mas cuidado ao tentar cuidar de um deles. Pode ser muito, muito perigoso.