domingo, 30 de dezembro de 2007

O ciclo de novo

Pra esse ano que chegará, eu não vou prometer. Não haverá lista nem sete pulos ou lentilhas, muito menos calcinha nova. O clichê nunca funcionou na minha vida.

Se eu tenho que olhar pra frente, preciso como uma necessidade vital, olhar pra trás, aprender e analisar o que foi. Agradecer as lições que me foram dadas, algumas a preço de lágrimas, outras à base de felicidade pura, é quase intrínseco ao meu ser. E bastante eficiente pra esse futuro que em nenhum momento vai depender só de outros, seja Deus ou alguém de carne e osso.

E se acho que esse foi o melhor ano da minha vida, me comprometo publicamente a fazer desse ano que entrará o melhor da minha vida. E o melhor ano na vida dos meus amores todos.

Que tenhamos muito mais amor. Sabedoria pra separar o joio do trigo mas inspirar o joio a virar trigo. Que possamos aceitar o que não se muda e mudar aquilo que pode ser modificado. Que a gente tenha saúde e que possamos aprender a dar valor a tudo aquilo que julgamos obrigação da vida em nos dar. Que beijemos muito. Que tenhamos coragem pra acordar e levantar da cama nos dias ruins. E cada vez mais tenha alegria com as coisas simples da vida. Que tenhamos muita honestidade e força pra ir atrás de trabalho, dinheiro e coisas materias mas que não viremos escravos de nada disso porque passa. E olhos pra ver o tanto de exemplos bons que ainda existem por aí. Que a nossa consciência passe tranquila por esse ano que virá.

Um brinde às minhas novidades de final de ano. Às pessoas que eu tenho orgulho de precisar. À tudo de bom que virá.

Um beijo.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O Papel Higiênico e a Lata de Moedas

“Eu me recuso conversar com um papel higiênico.”Mas sem perceber, era isso mesmo o que eu estava fazendo logo após de dizer essa frase em voz alta.Contei várias coisas ao papel higiênico e qual não foi minha surpresa ao perceber que a latinha que eu colocava minhas moedas estava me olhando também, e me ouvindo com o maior interesse do mundo. Ficaram os dois lá, olhando e compreendendo tudo.“Eu sei que vocês não vão me ligar numa hora em que eu estiver precisando e nem vão me dar o ombro de vocês para chorar, mesmo porque não possuem ombros, mas isto é o suficiente, ter alguém, ou algo para conversar já é o suficiente”. Estava eu entre lágrimas, contando ao papel higiênico e à latinha de moedas, o motivo de estar tão triste.Tem uma coisa dentro da gente, que em determinado momento da vida (ou mais de um momento) se aciona e faz a gente querer gritar muito. Algumas pessoas não gritam por medo de que instantaneamente alguém surja de repente e a leve para um hospício, então a única coisa que resta é chorar.Sabe - dizia eu ao papel higiênico – estou virando amiga íntima da tristeza, ela vem me visitar todos os dias, mais do que meus amigos e minhas amigas, mais do que até mesmo meu próprio namorado. Sabe quando a gente cansa de encher a paciência dos outros com seus problemas e reclamações? Quando cansa de tornar suas lágrimas públicas? Chega um momento em que a gente desiste, e quando se dá conta, fica assim igualzinha a mim, conversando com um papel higiênico, ou uma lata de moedas, ou um liquidificador, ou qualquer objeto que esteja mais próximo.Existe um momento da vida, em que a gente quer simplesmente falar, não precisa de opiniões e nem ouvir a voz do outro, e nem perguntar “Você está aí? Você está me ouvindo?”, a gente quer apenas...falar!Sei que parecia loucura, mas nem percebi, entrei no meu quarto já falando, a primeira coisa que olhei foi o papel higiênico e de repente, ele parecia me ouvir como ninguém, no momento, parecia o único que se interessava por meus problemas e pelas minhas lágrimas, mesmo porque, naquele momento, por ironia dessa história, ele era o único realmente que poderia enxugá-las. Ele não me criticava, nem dava suas opiniões, mas se tornou alguém que parece que tinha parado o mundo, congelado o tempo, apenas para me escutar.Estes dias estava tão triste, que até consegui definir a tristeza, eu a defini como uma fumaça... como uma coisa fria. Foi em um verso que consegui escrever, depois de meses sem escrever nada, acho que quando a gente se desespera, a inspiração bate do nada.Sabe, ainda não me sinto completamente aliviada, mas acreditem, por incrível que pareça, existiu numa noite, em algum lugar, um papel higiênico e uma lata de moedas que tornaram-se os melhores amigos de alguém, e que por incrível que pareça, esse alguém se sentiu confortado.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Chris

O que pega pelo coração dificilmente se desfaz, e afirmar isso dá um medo enorme. Falar que estar com você é só uma parte das coisas boas que eu tenho, porque viver por dentro tudo que você me faz viver é outra parte, dá mais medo ainda.

Mas o que é viver contigo senão uma grande mistura de coisas que compõe o belo da vida? Medo de te perder é o mesmo que ter medo de perder uma parte boa de mim. E isso também é belo. É algo que impulsiona coisas em mim, que me faz querer melhorar. Eu quero ser melhor por mim e por você. Porque você é uma parte bonita de mim e não se pode deixar à vontade do vento o que é belo, certo?

Você sabe que quando brincamos, eu volto a ter oito anos e sinto de novo uma alegria tão ridiculamente ingênua? Nada existe, amanhã, futuro, porque não existe a necessidade do depois, me basta o hoje, isso é tão raro pra alguém com o nível de ansiedade além da lua. Então não importa quantas noites aflitas, quantos problemas indissolúveis, quantas dúvidas cruéis eu tiver, porque existe algo além disso tudo, um pouco além do tempo e dos dias. Eu me sinto no direito de usar qualquer espaço do mundo pra dizer que existe eu e você. Mesmo que a gente se baste e que isso seja super brega.

Pouco me importa se o mundo se tornou um grande emaranhado de peitos, pintos, pernas e mãos sedentas por coisas físicas. O nosso mundo, é feito de uma cama, uma casa e nossa redoma de proteção. Não precisamos ser bonitos pra eles. Deixa eles.

Você está tão comigo e ao mesmo tempo é tão você. Mas eu também sou tão eu mesma, sem você, porque existe você. O que eu quero e preciso entender, é se essa indissolubilidade qualquer que exista, me nutre ou me mata. Mas o medo e a certeza maior de todas é que, se for pra se magoar, pra desesperar, pra sofrer, eu corro o risco, porque isso tudo pode até valer a pena quando se sabe que até o que pode te matar é a melhor coisa que poderia existir naquele momento.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Fotos Vivas e Fotos Vazias

Existem certas cenas que ficam guardadas na nossa memória como se fossem fotografias. Tenho um arquivo na minha memória onde vou guardando algumas, ms quantas delas já não foram apagadas com o tempo? Tenho medo às vezes de esquecer momentos incríveis da minha vida quando eu já for bem velhinha e deixá-los guardados na escuridão de uma das gavetas da lembrança.
Por isso hoje resolvi escrever sobre duas fotografias não tiradas que estão gravadas na minha memória como um quadro pregado numa parede do meu quarto, para que toda vez que eu ler este texto, eu me lembre destes dois fatos que me marcaram e que dariam lindas fotos, ou quadros ou papéis de parede do windows.
A primeira fotografia é a da minha cara quando vi meu priminho impresso.
Calma! Ninguém colocou o coitado numa impressora. Não literalmente pelo menos.
Minha tia, irmã do meu pai, está grávida. Ela tem 32 anos sendo que dez deles morou na minha casa e dormiu no mesmo quarto que eu, portanto, nossa relação é como de irmãs, não obviamente de tia e sobrinha.
Faz umas duas semanas fomos conhecer a família do namorado dela, e durante o café da tarde, ela pegou os papéis do ultrassom para que pudéssemos ver a foto do novo (ou nova) integrante da família. Mal pude me conter quando vi aqueles 4 centímetros de pura inocência com o bracinho levantado impresso naquele papel. O bracinho, a perninha, uma cabecinha representada por um borrãozinho de tinta envolto numa proteção redonda. Enquanto algumas pessoas me perguntam como eu posso me emocionar com um borrão no papel, eu me pergunto como é que elas podem não se emocionar com aquele borrão no papel, levando em consideração que aquilo não é apenas uma macha de tinta, mas um ser humano a se desenvolver magicamente numa barriga humana.
E a fotografia seria minha, segurando o papel do ultrassom, sorrindo de encantamento e com os olhos úmidos e brilhantes por conhecer meu primo / sobrinho pela primeira vez, ainda na barriga da mãe que desde que conheço tinha o sonho de ter um bebê.
A outra fotografia seria assim: Eu com os braços levantados olhando para cima e dando risada ao lado do meu namorado, rodeada de crianças em volta gritando de alegria na frente de um Papai Noel de mentira cercado de luzes, enquanto caía neve de espuma na Rua Normandia lá em Moema, a rua considerada a mais enfeitada de São Paulo na época do Natal.
Uma chuva de vida.
Simplesmente vida por si só. Um momento que me aproximou do céu.
Uma foto digna de publicação em todos os lugares, para todos os amigos, inclusive no meu álbum do orkut, que se destacaria entre tantos outros álbuns que hoje guardam milhões e milhões de fotos iguais de seus participantes. Por exemplo, aquela foto que as garotas costumam olhar pra cima enquanto seguram o celular do alto, fazendo caras de sexy, cruéis, masoquistas por trás de um ar sonso. E todas possuem nicknames que geralmente terminam em Á e vários H's seguidos. Exemplo: "MáááhhHH" ou "NáHHhH" ou "SáááHhHh" ou CááHhHh(cááhRAlho!).
Na verdade é até bom que eu toquei nesse assunto, porque o Orkut é uma coisa engraçada mesmo, você começa a fuçar e a fuçar e não consegue achar nada, absolutamente nada original.
Por exemplo, nas descrições encontramos o famoso "no scrap, no add!" e depois as descrições que vão desde "sou uma pessoa muito extrovertida" até "pra saber, só me conhecendo mesmo". Inclusive já escrevi um texto sobre isso no meu antigo blog, que pretendo postar aqui da próxima vez, para que possamos juntos refletir sobre o mal que assola a humanidade: a falta de orginalidade. Puta que pariu.
Depois vem o fatídico álbum, que quase sempre contém quase que obrigatoriamente um kit de (no caso das garotas):

-Três ou mais fotos delas usando aquela bota ortopédica que está na moda e fazendo cara de quem quer dar mas na hora chora. (Aliás, uma vez na rua tentei contar quantas garotas com a tal bota passavam na minha frente e antes que eu enlouquecesse e batesse a minha cabeça no asfalto por achar que o mundo estava sendo invadido por elas, resolvi finalizar a contagem e ir tomar um sunday pra relaxar.)
-Uma foto da melhor amiga cujos dizeres abaixo resumem-se em "alguma coisa" + "você é muito especial pra mim".
-Uma foto da tatuagem de estrelinha, ou florzinha, ou fadinha, ou coraçãozinho, ou gnominho, ou anjinho. Por que não tatuar um pau de macarrão? Ou um ovo frito? São sempre as mesmas tatuagens, reparem.
-Uma foto de alguma galera de não sei de onde e uma descrição obviamente contendo algo como "Galera foda do CTDAP - Clube de Tingidores de Asfalto Paulista. - Esse dia foi foda, né Fulana? Rsrsrsrs"
*Só uma observação: "rs"? O que elas querem dizer com "rsrsrs"??. Por acaso seria: Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul???? Quem que ri falando a sigla de tal Estado gaúcho? Sim, porque nunca vi um ser humano pronunciando "rsrsrsrs" quando está rindo. Só uma observação, eu sei que "rs" significa "risos", mas não consigo não imaginar na sigla do Rio Grande do Sul quando leio isso.

No caso dos homens tem quase sempre o símbolo do time, a temida foto da galera foda e alguma foto deles de boné mostrando os "ossos" musculosos ou a tatuagem de dragão ou tribal, porque a tatuagem é sempre de dragão ou tribal. Ou de um dragão com tribal. Oooopa! Já ia me esquecendo! Os ideogramas chineses! Todo mundo tem um hideograma chinês. Preciso pedir socorro. Somos brasileiros! Que mania de tatuar coisa em outra língua! Às vezes o cara não sabe nem onde fica a China, não sabe distinguir um chinês de japonês e adere ao ideograma oriental por que? Ohhh, temida resposta: Porque está na moda! (Música de filme de terror de fundo!)
Moda, moda, moda! Argh! Tudo gira ao meu redor, acho que vou desmaiar! Ou talvez não! Pode ser um vírus ou uma bactéria que se instala no corpo deles e começa com uma leve coceira, depois com uma mancha vermelha e quando ele menos espera, acorda, olha para o braço e se depara com um terrível ideograma chinês! E assustado ele levanta estapeando o próprio braço na esperança de tirar tal mancha e diz: "Oh! Um ideograma chinês! Como isso foi parar no meu braço?"
Sim, sim, aderi à música da Usurpadora de trilha sonora do meu primeiro texto.
Ah claro, como pude me esquecer! Tem no álbum também a foto bebendo a "breja", a "loira gelada" sendo segurada por um marmanjo besuntado e de óculos de sol.
A questão é que o orkut de todo mundo é sem profundidade, o álbum de todo mundo é sem profundida, exceto o das pessoas com profundidade, com alguma coisa de real pra se dizer, com alguma coisa de real de para enxergar e querer mostrar, sem aquele desespero de querer superar a todos contraditoriamente sendo igual a todos.
Todo mundo querendo mostrar auto confiança, todo mundo querendo mostrar que é sexy e inabalável, todo mundo querendo mostrar que tem milhões de amigos, todo mundo querendo mostrar que é "foda e que anda com uma galera foda", todo mundo querendo mostrar que "sua inveja faz a minha fama" e que "sou legal, não tô te dando mole", todo mundo querendo ser exatamente igual a todo mundo e chorando à noite no travesseiro por ter tanto medo de ser diferente.
Tudo bem, pode haver as exceções que se enquadram em um ou outro perfil que citei aí em cima, mas não é possível que seja coincidência demais todo mundo ter as mesmas fotos, as mesmas descrições e os mesmos blá blá blás.

Eu sou a favor daquele tipo de foto onde a gente vê tanto sentido que quase mergulha na lembrança junto, que a gente é quase capaz de sentir o que a pessoa traduz no olhar. Foto para que eu tenha orgulho de mostrar só assim, quase viva! Onde vocês quase poderiam sentir o papel do ultrassom que eu segurava ou sentir o geladinho da neve de espuma que pousava nos meus braços aquela noite.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Da série "bonitos conselhos depois de se f..."

Capítulo I: a mudança alheia

Uma coisa um pouco desnecessária isso, nem adianta tentar mentir pra mim. Eu não vou acreditar que você nunca tentou mudar alguém.

Começa assim: você vê o sintoma, na pessoa. E é esse sintominha que você vai reparar e também vai se sentir culpada por ter reparado. Veja bem, não é porque está no feminino que só as mulheres reparam, reparar é uma coisa andrógina, diversa, multisexual, sei lá o nome que você quer dar. Mas é o primeiro passo e segue com o segundo, que é simplesmente ignorá-lo. Você vai querer provar pra sí mesma que aquele sintoma é coisa da sua cabeça. Seu namorado não está gastando o salário inteiro no bar, seu irmão não está a fim de parar de estudar, sua amiga não está pensando em entrar pra igreja evangélica, seu pequeno cachorrinho macho mini-poodle não tem uma queda pelo bull terrier da vizinha e seu professor não tem tendências pedófilas. É tudo coisa da sua cabeça.

E depois de todo sofrimento da negação, você assume que aquilo estava lá desde o início, fala em alto e bom som que foi a primeira a perceber e entende que precisa ajudar a mudar tudo, senão sua consciência provavelmente vai pesar mais que suas botas cano alto. Você entra na fase três. A mais perigosa, porque é aí que você vai incorporar a psico-pedagoga-terapeuta indignada com aquilo que você mesmo tinha ignorado até então. E vai usar todo seu poder a favor daquilo que você quer mudar, sempre argumentando que é um favor que você está fazendo praquela pessoa: chantagem, sedução, suborno. Um esforço absurdo para ajudar a pobre pessoa que precisa entender que vai se dar mal, agindo daquela maneira.

E sem perceber você entra na última fase, onde acontecem as rupturas de septo, os socos na parede e os choros incontroláveis. E também a perda da ilusão. Você assume a realidade e entende que ninguém muda por motivo extra-pessoal. Explica-se: ninguém vai deixar de agir assim ou assado porque você ou eu queremos, só se camufla o negócio até que a outra pessoa pare de encher o saco. E aí volta a acontecer tudo de novo, junto com a desilusão da tentativa que falhou.

SLAP (som de tapa na cara): valeu a pena. Agora você já pode pegar leve nos esforços pelos outros e tentar mudar a sí próprio.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

YUPI

Nada de colocar aquelas frases cretinas no MSN expressando a minha raiva, nada de colocar frases no orkut, nada pra ninguém ver.
A minha raiva expresso rindo. Por que quando eu to com muita, muita raiva, tudo fica tão patético e sarcástico! E a cara de todo mundo fica distorcida e eles começam a falar "blá blá blá" em slow motion e distorcido. Tudo distorcido. Fica tudo, tudo distorcido.
Minha raiva é como uma droga, e mesmo não sabendo qual a sensação de estar drogada, imagino que deva ser parecido.
Aí sempre me vem na cabeça uma cena de mim mesma destruindo o muro da rua onde moro, com um machado. Ou quebrando a porta de alguma casa e fugindo na chuva, e atirando pedra em todo mundo e rindo.Calma, calma! Vocês não viram um décimo do meu sadismo, mas não se preocupem...ele não sai da imaginação, afinal, eu sou "como a mulher dos gatos, mas sem os gatos." Vi isso naquele filme "E se fosse verdade" e não sei por que me identifiquei tanto, embora eu vá mais com a cara de cachorros do que de gatos.
Aliás!
Quer saber de uma coisa?
Eu não sou porra de mulher dos gatos nenhuma. Perto de casa tinha uma dessas e era toda cheia de verruga e era velha e tinha o cabelo velho e tinha o cheiro velho e a unha velha, argh! Ela era toda velha!
E eu não sou assim.
Por que não sou velha.
E não me importo muito com gatos. Exceto um. Ai coisinha cuti cuti. Mas deixa pra lá.
Eu só disse aquilo mesmo porque curti a frase! Vamos assumir que às vezes a gente gosta de uma frase e canta ela aos quatro ventos mas não sente um pingo de identificação com a porra da frase. Quem nunca fez isso?

A questão é que eu fugi completamente do assunto do texto, então vamos voltar.
Como eu dizia, pensamentos como aquele que eu citei anteriormente são comuns quando estou com raiva, assim como é comum eu me imaginar esbofeteando a cara de diversas pessoas durante o dia enquanto tomo calmamente meu chá gelado amargo e sorrio para elas enquanto não param de falar. Também é comum eu me imaginar espremendo a pata do papagaio da vizinha num espremedor de alho porque todos os dias às 5 horas da manhã (inclusive aos sábados e domingos) ele começa a gritar e a gritar e agritar que sinto aquele som fazer minha alma tremer.
Mas não sou perigo para a sociedade, não temam, não se preocupem. Ainda sou aquela garotinha que sorri ao ver um velhinho vendendo balas na porta do metrô e se enche de alegria quando vê os seres humanos cantarolando uma canção na rua enquanto levam o cãozinho para passear.
No fundo, no fundo, acabo não sendo lá muito diferente de qualquer escritor coração-melado que a gente encontra por aí. Meio bipolar, intenso demais, querendo socar e beijar a raça humana ao mesmo tempo, amando-se e odiando-se tão intensamente mais do que ninguém é capaz.
Lendo poesia.
Tomando banho de chuva.
Desenhando florzinhas e corações num pedaço de papel enquanto fala ao telefone.
Rasgando uma foto e tentando juntar os pedacinhos novamente.
Chorando lembranças.
Abraçando o futuro.
Negando e aceitando.

Mas tenho a maior raiva do mundo às vezes, proporcional ao maior amor do mundo. Os dois num carrossel, ora subindo, ora descendo, ora no topo, ora no fundo do poço. Talvez eu seja mais normal do que eu pense. Mas calma, não se preocupem...normal sim. Comum? Jamais! Isso é um desacato à minha digital. E se por um segundo fui um pouco comum, tento pelo menos depois compensar com alguma coisa bem absurda.

Bom mas agora mudando um pouco de assunto. Na metade deste texto fui encontrar uma grande amiga minha aqui perto e aproveitei para vomitar um pouco minha raiva, e não é incrível o poder que tem outra pessoa do sexo feminino que te entenda? Ainda mais te conhecendo desde quando você começou as primeiras brigas com seus hormônios de pré-adolescente. Saí de lá me amando mais e amando mais a ela também. Meu sorriso ao voltar sozinha já não era por conta da raiva, mas sim pela alegria da grandeza que ali compartilhamos, sentadas no banquinho da praça enquanto tomávamos um sorvete. E de repente o céu ficou maior, as coisas fizeram mais sentido e eu voltei com aquele olhar babão de criança que vê um playground pela primeira vez!

Assim é melhor.
Mais calma, mais compreensão, mais amor. Muito mais amor, e felicidade, de verdade!
Ufa!
Eu sou uma pessoa feliz!
Eu posso hoje respirar fundo, me olhar no espelho e dizer que eu sou uma pessoa feliz, e tudo aquilo que me deixa com mais raiva ultimamente tem me provado a cada segundo que eu sou mais feliz do que penso, porque me faz perceber cada vez mais que minha raiva é intensa, absurda e colossal, mas é agridoce. Me faz perceber que meu ódio ferve, explode por dentro mas não passa é do amor que ficou mau humorado.
Porque cão que ladra não morde.
Porque minha raiva me vira de ponta cabeça, me pega pelos braços e dança tango comigo me fazendo cosquinha pra dar risada.
Minha raiva é brincalhona.
E ela é tão brincalhona que já se escondeu e me deixou aqui falando sozinha e de bom humor!
Yupiii!!!!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

PQP

Olha aí, já tá se cobrando. Coisa de gente neurótica, pra quê isso agora? Claro que precisa escrever alguma coisa bacana, primeiro texto lá e tal, mas nem pode parecer forçado. E se continuar assim, vai. Mas lembra que tem que ter a pegada da massa encefálica. Porque, de quê adianta ser mulher se não for pra ser inteligente? Tá cheio de gostosona vazia por aí. Ainda que elas façam um sucesso do cacete com o silicone. É, bem por uns cinco ou sete anos, enquanto a bunda tá dura e nenhum cabelo branco ou sanca na cara insistiu em aparecer. Mas que aproveitam a grana dos namorados e a vidinha fútil das lojas caras, aproveitam. E você, lesada, ouvindo de vendedora de shopping: "leva a roupa, não é você quem vai pagar mesmo". Malditas gostosonas sem sentimentos que conseguem transformar toda a espécie fêmea em um clichê de curvas. E malditas pessoas que não percebem as exceções. E maldita você que não mandou a mulher à merda, preferiu explicar como se tivesse falando com um teletubbie roxo, que não seria justo alguém pagar aquilo numa roupa pra me dar de presente. Enfim. Certeza que a cobrança é maior por ter nascido com seios e sem nada balançando no meio das pernas. Aliás, o que deve ser andar com aquilo tudo roçando as coxas, credo. Não dá pra entender mesmo a necessidade dos rappers e do clássico Michael Jackson de ficar com a mão lá. Deve coçar. A pegada da coçeira. Mas agora eu só preciso usar a pegada do cérebro mesmo. O chá gelado tá quente. O sofá tá frio. O noticiário sempre igual. Não, não vai falar disso. Fala sobre a menina que ganhava dinheiro publicando as notícias boas do dia. E que você queria ser como ela. Esqueceu o nome, aff, sua cara isso. Preguiça de entrar no google e ler: "você está com sorte". Podia falar do carinha de terno, sentado no chão da calçada com a placa de bom-dia na Nove de Julho. Mas você foi a única que abriu o vidro e gritou bom dia, pode pegar mal mandar essa, pra um primeiro. Ah, amor. Amor você transborda e é fácil, vem fácil. Mas as inconformidades da vida também vêm. Será que vai ser que nem a novela, pela audiência? Ah pára. Com acento mesmo. Mas você está com sorte sim, porque ouviu eu te amo de vários amigos e dele, hoje. Também fizeram seu ouvido de penico, mas isso é tão comum. Não dá pra falar disso assim de primeira. Conta então alguma coisa da infância, assim você ganha quem vier ler. Bem assim na caruda, pelo emocional, é só provar que você era uma menina graciosa e irônica desde cedo. Foda é que na verdade todo mundo sabe que essa graça feminina só vem em alguns raros momentos na tua semana. E que ironia é uma reclamaçãozinha barata melhorada. Você tem a graça de alguma piadinha ou tirada, isso sim vem fácil. Mas também não importa muito. Melhor passar a vez de postar pra Thaty. Ninguém vai nem perceber.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

NÃO ME COBREM SOCIAL!

Vocês querem saber o que me faz querer sumir ou querer dar um murro na cara alheia? Social! Aliás, muito pior ainda que social: quando me cobram social.
Digamos assim, eu sou uma pessoa que fala muita besteira e que costuma brincar bastante e por causa disso algumas pessoas dizem que eu sou engraçada. Até aí tudo bem, mas a enchissão de saco começa é quando as pessoas costumam cobrar isso.

Por exemplo, hoje estava eu naquele fatídico momento da hora do almoço onde quase todas as pessoas do local de trabalho se reencontram, principalmente aquelas que você não faz muita questão de cumprimentar porque também não fazem a mínima questão de cumprimentar você. Então ali estava eu, com o nosso tão presente objeto de classe média "bandeco" nas mãos, quando avistei duas moças do 3º andar que sempre conversei bastante, mas agora por causa da correria de fim de ano perdemos um pouco de contato. Perguntei se eu poderia me sentar com elas que obviamente não me expulsariam de lá, mesmo porque já estavam de saída, quando uma delas me disse de cara fechada: "Você se distanciou de nós! Alguma coisa aí tem. Você agora quer distância da gente!". Quase escutei a trilha sonora daquela novela Usurpadora do SBT, tamanho drama mexicano.
Eu realmente não entendi nada, e ainda por cima antes delas saírem tive que escutar que "eu virei uma pessoa séria demais, que eu não faço mais palhaçadas como antes e que eu não era assim."
Isso porque elas passaram cinco minutos comigo, e em cinco minutos parece que queriam um espetáculo do Cirque Du Soleil completo da minha parte em plena lanchonete.
É isso que me irrita! Quando as pessoas me confundem com uma comediante de TV! Eu não tenho que ficar rindo e fazendo babaquices 24 horas por dia, mesmo porque eu sinto mau humor, cansaço e tenho vontade de mandar muita gente à merda como todo mundo!
Isso me lembra uma vez que uma amiga que eu tinha no colegial foi me apresentar pra namorada dela. Sim, namoradA mesmo, ela é sapata. E observem como foi a apresentação:

-Fulana, essa é a Thaís!
-Oi, prazer! Tudo bem?
-Tudo!
-Então, Thá, fala aquelas coisas engraçadas que você costuma falar pra mim! Faz aquelas caras engraçadas que você costuma fazer? Olha só, fulana, olha como ela é engraçada!

E então ficaram as duas me olhando e sorrindo com cara de expectativa enquanto esperavam praticamente que eu montasse um palco ali mesmo e declamasse praticamente algo tão engraçado quanto um monólogo do Pedro Cardoso.
Fiquei completamente sem graça e não sabia onde enfiar a cara, e ainda assim minha amiga ria da minha cara e cutucava a namorada, dizendo: "Ela não é muito engraçada?", e a garota que ainda tentava procurar a graça, dizia sem saída: "É...bem engraçada."
A questão é que acho que já arrumei a solução para a minha falta de dinheiro. Já que eu sou tão engraçada, talvez eu deva colocar um banquinho na lanchonete na hora do almoço e sentar lá segurando um chapéu para que as pessoas pelo menos paguem pra ficar olhando para a minha super cara engraçadíssima que eu devo ter. Ou então antes de dizer qualquer bobagem ou fazer qualquer cara engraçada, preciso agir antecipadamente e cobrar um ingresso.
Quantas vezes já não chegaram pra mim num momento em que eu estava refletindo e ficavam desesperados: "O que você tem? Você não é assim! O que aconteceu com você?!"
"Caralho, eu to refletindo, porra! Me deixem refletir em paz!" eu pensei em dizer, mas simplesmente respondi que não tinha nada e continuei olhando pro teto enquanto desacreditavam da minha desculpa.
Acho até que no fundo, no fundo eu devo ser um pouco anti-social. Tenho uma mania engraçada de achar todos os seres humanos ridículos, inclusive eu. A questão é que acho tudo nessa vida muito engraçado, tenho mania de ver graça e poesia em tudo, acho que acabo transmitindo isso para as outras pessoas que me definem geralmente como maluca, engraçada ou completamente débil mental.
E em momento algum eu as contrariei :P

Ps: Aproveitem o blog porque tem mais duas escritoras fora de sério!

;)

Fui!