" Olha só, um tênis xadrez! Eu estava querendo um tênis xadrez! Ui! 10 reais!!!!! Não acredito! É quase um insulto não levá-lo!"
E lá fui eu toda feliz com um par de tênis xadrez por 10 reais. E não era usado, era novinho! Queima de estoque na loja Alegria da Tuiuti!
Realmente, um tênis fofo xadrez por 10 reais é quase um insulto não levar, posso até não usar nos pés mas posso deixar de enfeite no quarto, já que ele está começando a triturar minha pele.
Mas ainda assim, tem coisas baratas que não se recusa!
Tipo, não que eu tenha compulsão por coisas podres e baratas, sabe, mas é que eu me iludo com a aparência delas.
Mas também não é tudo que é caro que vale a pena.Por exemplo, uma amiga minha que amo de paixão me deu de presente uma Melissa original de veludo LINDA que eu estava querendo a dois anos. Quase tive um orgasmo quando me vi no espelho com ela! E quando usei a primeira vez, a Melissa mostrou-se ser um alienígena do mal devorador de pés. Se eu fiquei com 8 bolhas e feridas em cada pé foi pouco. Tive que usar chinelos e rasteirinhas por 2 dias seguidos, pois qualquer coisa que encostava no meu pé, doía.
Eu cheguei a colocar fita crepes e band-aids por cima diversas vezes, e ainda assim, a Melissa assassina conseguiu se infiltrar em meio às bandagens e continuou seu trabalho de cavocar minha pele. Tenho certeza que seu objetivo era chegar em meu osso, mas antes que isso pudesse acontecer eu cheguei em casa e as removi.
Penei quando tomei a decisão de dá-la para alguém.
A Renata, que trabalha comigo, calça 37 como eu, então tristemente (porém aliviada) lhe entreguei o par belíssimo de sapatilhas Melissa e comprei uma genérica de plástico por 15,00 (idêntica à original) e que é tão confortável que parece que enquanto caminho, 138 anjos massageiam meus pés.
Sim, eu adoro fazer essas comparações sem sentido.
E eu dei a Melissa pra Renata, não por não gostar dela, muito pelo contrário, porque se eu dessem teria que dar pra alguém que conheço pelo menos, e gostasse, afinal, era um presente de uma pessoa que gosto muito, e afinal, PORRA era a Melissa que eu estava DOIDA pra ter. Pensei que no pé dele a Melissa poderia ser domada e se transformar num sapato do bem, e quando ela veio me mostrar hoje que estava usando e que a Melissa não a machucava, até pensei que a sapatilha pudesse estar se convertendo, mas alguns minutos depois, Renata me aparece mostrando o início de uma bolha no calcanhar:
-Ih, Thaís, agora que eu vi, a Melissa tá começando a pegar aqui, ó. Tá vendo? Tá começando a machucar, mas por enquanto não está doendo.
Pobre Renata, mal imagina que foi assim que tudo começou.
A Melissa de veludo nos encanta, nos chama e quando estamos apaixonadas, nos devora, alimentando-se de nosso chulé e nossa pele como crianças recém-nascidas se alimentam do leite materno fodendo o mamilo de suas mães.
Daqui a pouco seus pés estarão tão machucados que ela implorará por piedade. E assim passará a Melissa adiante como eu fiz, reservando o destino cruel de outra que terá seus pés mastigados.