quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pra esperar...


Andando pelas ruas da cidade
Tremendo de tremenda ansiedade
Olhando para os lados, passos fundos
Passando pelos fundos sem vontade.

Jogando umas moedas pro mendigo
Dei conta que isso aí eu não concordo
Cresci dando comida, aí não ligo
Mas quando é pra dinheiro, então acordo.

Gosto de comida pronta
Microondas pra mim, raras as vezes
Eu crio mil idéias, fico tonta
Me perco na semana, esqueço os meses.

Tento pensar em mil coisas, abrir a geladeira
Dou uma de escritora, depois de cozinheira
Penso no coelho, olho-me no espelho
Olho o meu cabelo
O cabelo está sem brilho
Penso no meu carro
Penso no meu filho.
No carro que talvez eu tenha
No filho que talvez eu faça
Eu leio tudo acima
Sorrio e acho graça.
Dou uma de artista
Enfim peço uma pizza
Isso não tem rima
Mas traz um certo clima.

A pizza espedaçada
Gostosa e engraçada
Pedi Guaraná Dolly, Antartica incomoda
A marca é só a marca
O brega é que faz moda.

Vinte e quatro anos
Mas logo, aniversário
E como adolescente
E como estagiário
Eu olho à minha volta
E perco o meu horário
Quem mandou nascer tão solta?
Quem mandou nascer de aquário?
Quem mandou ser esquisita?
Quem mandou ser tão aflita?
Tudo isso veio à tona
Parecendo sem noção
Mas é só ansiedade
De esperar a ligação.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Posso desejar?

Quero arrebatação. Não tô falando do amor, e sim dos dias. Tô querendo ser surpreendida, empurrada, puxada por alguma coisa que eu não saiba de antemão, quero conhecer, quero ver um sentido pra isso tudo, pertencer a algo maior do que essa grande ilusão diária.

Quero ligar a TV e assistir ao vivo a alguns jornalistas se rebelando, quero sair na rua e ver todos os carros parados na marginal por puro protesto e não porque algo os parou, quero que todos tenham algo pra amar, e amem do fundo do seu âmago e não porque alguma propaganda mandou. Quero profundidade, quero risada de verdade e não de desespero. Não é questão de querer mudança, é questão de só ter apatia e desejar mais, muito mais.

Tô precisando sentir. Sentir arrepios de concordância, de deleite, de alegria em pertencer. Isso tudo me paralisa, eu sou tão mais, tão mais eu queria ser. O mundo é pra jogar na nossa cara as verdades, mas o que ele manda é o que a gente planta: ilusão, das ruins. Erro, dos piores. Apatia. Preguiça. Involução. Comodismo. Ignorância.

Fico presa aqui comigo, nas surpresas e delícias que o meu mundinho pode ter, desejando que isso fosse maior, muito maior e sem fronteiras.