quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Meio podre

Completamente aflita e segura. Com a segurança de que eu não vou me livrar tão cedo desta aflição. Eu me recuso a falar, a grunhir, a chorar, mas não se preocupe. Tudo isso está guardado para um momento maior, quando eu vou olhar pra mim mesma com tanta raiva de não ter seguido o que todas as enzimas e células do meu ser gritavam e eu não queria ouvir. Nem mesmo eu estou preocupada. Sem pensar, fui tocando, o tempo passando, as cicatrizes abriram.

O resultado não é algo que alaga todos os centímetros de vida ao meu redor, é só uma garoa fina que dói no corpo e na alma. Não quero nem um minuto conviver com sorrisos frágeis ao meu redor, não vou ouvir palavras vazias que na prática equivalem a exatamente ao seu oposto. Não quero ficar no sol até meus miolos derreterem, porque há um tempinho do meu dia para isso. Não posso ficar três horas dentro do meu carro, rezando para que o mar fétido de metal se mova ou para que tudo mude miraculosamente. Para todos podermos ser gente, ter uma vida, ter saúde. Eu pensei que isso tudo estava mais garantido pra mim.

Hoje, se eu sofro ao ponto de vomitar pra dentro tudo que eu devia ter botado pra fora aos poucos, é porque eu não tenho a certeza do que vai vir. Ou pior, sei. E as minhas enzimas e células grotescas precisam se alimentar do falso controle que eu sempre coloquei na mesa, café da manhã, almoço e jantar.

Queria vestir uma falsa alegria 100% do meu tempo, não, mentira, eu queria poder sentir algo verdadeiro 100% do tempo sem me sentir um ET no meio de bundas, corações e mentes alienadas por um mundo escroto de ilusão de sexta à noite. Por que todo o domingo à noite também chega. E eu seria a pessoa mais carismática, simpática e todos os adjetivos terminados em ática que substituíssem pelo menos na superfície, essa minha alma inquieta. Queria me transformar na maioria, quero aprender a deixar tudo enterrado, a ignorar as coisas importantes, a dar um jeitinho mesmo que eu não concorde com o jeitinho. Queria acordar e ver a cara real das pessoas no espelho. Como um raio-x para coisas etéreas. Tenho ganas de arrancar a fórceps a ilusão de quem acha que está tudo bem, está tudo ótimo, e você?

E os dias vão passando, as horas pesam no meu corpo, tudo começa a me dizer que eu exagerei. Tudo quer ser o anti-eu. E eu também.

10 Comments:

Mulher do Padeiro said...

Mas que mulher mais confusa... mas eu adoro todos os seus eus!!

Beijo!

whiteposernigga said...

Primeirão!


Eu li a "demo" desse texto...
hauhauahuahuahu

Na época vc tava meio podre, daí ficou inteira, e agora ta nova!

=]

Calma que o ano ta acabando...

Besos.

whiteposernigga said...

droga, fui segundo...


AHUAHUAHUAHUAHAUAHU

Anônimo said...

Oi gatona,

Que graça teria a vida se tudo fosse bom e perfeito?

São nas dificuldades e problemas que aprendemos mais.

AMA e vc sabe que sempre estaremos juntos nas adversidades sempre aprendendo e sendo melhor a cada dia.

Raphaela Cavalheiro said...

Oi, caí de para-quedas aqui e simplesmente adorei teus textos e criatividade..vou acompanhar agora..

Quanto ao que vc escreveu.. o que dizer? Quem já não sofreu assim? Mas uma coisa disseram certo nos comentários.. o ano tá acabando e o tempo passando mais rápido do que deveria.. Logo tudo passa.. tudo passará!

Beijão!!

Thaís SBA said...

Bom, antes de tudo..."todos os adjetivos terminados em ática" Hhsausauhasuhas!!!!

Meu...sem palavras, sou sua fã incondicional, adoro essas crises suas, a gente tem muito a ver, vejo até certa semelhança com o que eu escrevo.

Vc eh foda. Adoro seus textos, adoro, simplesmente!

Thaty said...

queria emagrecer ;) queria e nao quero
AUHAUHAUHUAAU
adoreeeeeei!

Anônimo said...

Para ver a cara real de uma pessoa leva-se a vida inteira, e no final vemos que são só impressões! òtimo texto!

Ane Talita said...

Sempre se entra numas crises dessas...E de certa forma elas são frutíferas!
;)

Adorei!

beijos.

Anônimo said...

ja ta feliz de novo, linda?
:)