quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Não é machismo, é crime

Vocês acompanharam, né? A menina da Uniban, que entrou na faculdade com um vestido curtinho. Ela se exibia andando na passarela da Uniban. Os meninos gostaram. Ela continuou se exibindo, más línguas até disseram que ela levantou a saia mais ainda. Durante a aula, ela saiu da sala, entrou no banheiro e aí aconteceu: ela saiu quase que sob urros de um grupo de homens e, depois, quase da faculdade inteira, chamando-a de Gostosa, Gostosa, Gostosa, Puta, Puta, Puta. Teve que ser escoltada por policiais pra sair sem ser atacada ou ser estuprada.

Claro que a menina é estranha. Ela teve um comportamento agressivo do ponto de vista da sedução, se é que a gente pode usar essa palavra, e num local nada apropriado. Ela estava se exibindo. Não estava tendo um comportamento “adequado” a uma faculdade. Mas podemos pensar que fumar maconha, transar na escadaria, também não é. E acontece. E nada disso trouxe vandalismo nem agressão como conseqüência. E nem deveria.

Justificar um crime de agressão, vandalismo e machismo sob esses pretextos, é a mesma coisa que dizer que um estupro é culpa da vítima. E é a mesma coisa que justificar quem bate em prostitutas. Quem xinga travestis. E a lista cresce.
Gente, a menina não estava pelada. Ela só estava com um vestido curto e se exibindo. E se ela fosse mesmo uma prostituta, qual seria o problema? Não gostou, chama o reitor. Ele resolve se a roupa é curta demais e se a atitude é errada, e toma as atitudes cabíveis.

O mais hipócrita disso tudo é que, os mesmos homens que cometeram esse crime, são aqueles que babam e adoram tudo que essa menina representa: a imagem da puta, da mulher-objeto, daquela que usa seu corpo a seu favor. E esses mesmos meninos, se fossem pra faculdade seduzindo, se exibindo e como ela foi, seriam aclamados como fodões .

Estão falando ainda que ela “fez” isso para poder sair em revistas e entrar num reality show. Quantas meninas e quantos homens por aí não dão o cu para entrarem numa novela e ninguém as xinga na rua. Muito pelo contrário, também são aclamados como fodões!

Porque todo mundo se mobilizou pra agredir essa menina? Necessidade de aprovação do grupo? Histeria masculina coletiva? Libido (deles) reprimida? Covardia mesmo?

O pior de tudo são as pessoas dizendo que ela mereceu ou pediu para ser agredida. 700 pessoas xingando e avançando e, se não fosse a polícia, vai saber mais o quê. Isso não aconteceria nem com o Sarney, mas aconteceu com essa menina. Inclusive a expulsão da universidade. Vai entender.