domingo, 29 de junho de 2008

Pra você viver mais

Hoje, sentada naquela cadeira dura, branca e fria que você já sentou milhões de vezes, eu senti que tive um daqueles momentos. Pra guardar, pra intuir, pra sempre. Não porque seja um momento formal, algum clichê, trecho de livro importante ou grande evento de qualquer coisa. Mas porque trouxe algo que você sabe que vai ficar contigo a vida inteira. Enquanto pro resto dos mortais significou só algum tempo de um dia dentre tantos outros dias.

Hoje virou o jogo do tempo e da vida dentro da minha alma de criança.

Hoje, você sentiu dor. Você, que nunca sente dor, muito menos consente que alguém atue no seu papel. Hoje eu pude visualizar você em suas longas noites de preocupação enquanto eu só me importava com algum menino da escola ou em parecer bonita. Hoje eu pude ver você pedindo pra Deus não deixar acontecer nada comigo. Hoje eu pude voltar ao passado e entender porque você nunca deixava de saber onde eu estava, com quem eu estava, porque eu estava e quando estaria.

Você sempre quis meu bem. Mas não é só isso. É muito além disso. É o que impede de deixar livre pro acaso fazer seu trabalho. É o medo de perder pra vida.

Hoje, eu entendi porquê em tantas outras situações piores, eu ainda não havia me sentido dessa maneira. Porque antes, você estava no controle. Mesmo sofrendo. E eu, eu achava que você era o super-herói que pensava que sabia tudo em sua eterna teimosia. E eu caía nessa como uma criança rebelde manipulada.

Hoje, você me causou um nó ao te ver sentir dor e eu me preocupei. Porque eu continuo sendo uma criança, mas eu não sou mais rebelde. E então eu me permití ser você.

Hoje, eu quis que você vivesse mais noventa anos, pra eu poder te dar tudo o que você me deu. Meu instinto diz que ainda seria pouco. Mas o medo de perder pra vida faz a gente virar mãe e esquecer de ser filha.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Nascemos príncipes, e a educação faz de nós sapos".

Hoje estou aqui pra falar uma coisa bem séria pra alguém bem sério. Sendo mais específica, estou aqui hoje pra mandar ir se foder essa coisa séria. Essa coisa séria chamada (ARGH!): Maturidade!

Hoje estou aqui pra mandar a tal da "Maturidade" se foder. Estou aqui para mandar a tal da "Maturidade" tomar em seu cú velho e responsável.

O povo às vezes confunde maturidade com ser sem graça e "adultinho". O que porra é ser "adultinho"? O que porra é ter "maturidade"?

Olha vou contar um caso aqui e não vou citar nomes porque não quero ninguém enchendo meu saco depois.
Eu tinha um melhor amigo, daqueles melhores mesmo. Daqueles que a gente liga quando está atravessando uma rua pra dizer que está vendo uma mulher engraçada atravessá-la. Daqueles amigos que ficam até 1 hora da manhã com você ao telefone, falando besteira e contando piada, mesmo que tenha que acordar às 5 no dia seguinte.
Daqueles amigos que a gente abraça e beija na boca, sabe. Daqueles amigos que a gente liga chorando porque acha que está grávida do ficante que mal conhecia só porque a menstruação atrasou dois dias.
É, ele era esse amigo. Esse "cara legal" que toda mulher precisa ter em sua vida pelo menos uma vez.
Aí um dia o amigo, que era crente, conheceu uma mocinha de 35 anos, também crente, mas diferente dele, ela era virgem. E aí esse amigo foi me deixando pra lá, porque agora era tudo a crente, a crente, a crente. (Ciúmes meeeesmo, assumo!)
E eu fiquei puta mesmo, fiquei com raiva. Deixava mensagens no orkut dele só pra crente morrer de ciúmes, ligava pra ele quando eu sabia que a crente tava do lado. E a crente pegou birra de mim e dizia que eu era "atrevida!".
Atrevida, eeeeeeuuuu?
Qualquer um pra uma crente é atrevido se mostra mais do que as canelas e não tem bigode.
O tempo passou, muita coisa aconteceu, eu descolei um namorado e 2 anos depois, quando eu já tinha terminado com esse namorado, eu soube que meu super hiper melhor amigo casou-se com a crente.
"Como é que ele pôde se casar com a crente?" - gente, eu realmente pensei isso porque não é possível que ele se divertia com aquela crente mais do que se divertia comigo.
Mas aí é que entra o lance da maturidade. A crente é sebosa, feia, quadrada e flácida, mas tem maturidade!
E esses dias eu perguntei pra ele "Me responde uma coisa inconveniente e sincera? Quando você olha pra ela, você ainda olha com aquele olhar de apaixonado e pensa: Puts! Ela é a mulher da minha vida?".
E ele me respondeu docemente via MSN: "Tha...isso é paixão. Paixão acaba!! O que eu sinto por ela é amor. Casei com ela porque pensei: Ela é uma pessoa madura e legal o suficiente para passar a vida ao meu lado."
Foi aí que eu quis vomitar, e foi aí que eu realmente resolvi aceitar que eu sempre tive raiva do amor, que é insosso e sem graça. Foi aí que resolvi engolir a minha verdade, que eu que sempre escrevi sobre o amor, na verdade sou amante da paixão, intensa e sem limites, não do amor, que tranquiliza e dá paz. Paz é o caralho.
Não vejo sentido em viver tranquila com o coração em paz. Quero viver meus dias apaixonada com o coração queimando em brasa.
Eu não consigo entender porque alguém casa com alguém só porque a pessoa é madura e legal. Porra! É alguém que você quer ter pra vida inteira, e a pessoa SÓ é legal e madura?
Ele ficou 2 anos com ela, deveria pelo menos ainda estar loucamente apaixonado!
Eu realmente não penso em casamento, mas se um dia eu cometer essa infâmia, precisa ser pelo menos com o cara mais espetacular do mundo, que me faça rir, que me faça rir muito, que seja louco por mim, que me olhe com olhar de apaixonado todos os dias, que seja inteligente e incrível! E não me venham dizer que isso não existe porque existe SIM! E se não existir no meu caso, prefiro continuar solteira.
Maturidade é uma coisa, gente, mas viver com cara de cú como um adulto chato e responsável e com bigodes é outra.
Tem gente que confunde maturidade com ser sério, cansado e neurótico. Se for assim, quero morrer criança. Que graça deve ter casar com uma mulher que não faz birra, que não faz manha, que não fala besteiras, que não pede colo, que não faz dar risada, que não é serelepe?
Eu sou MUITO serelepe! E se eu tiver um marido eu também quero que ele seja MUITO serelepe, para que juntos possamos fazer coisas que até deus duvida.

Esse lance de "maturidade" deixa as pessoas mais chatas. Tenho uma amiga que antes era a serelepância em si, mas aí o tempo passou, ela descolou um emprego show, um carro, um namorado e...não é mais serelepe! Ela só ri das coisas que eu faço, mas fazer junto comigo não porque ela já é uma adultinha.

Quando as pessoas atingem a porra da "maturidade" elas evitam ser ridículas, evitam dar vexames, evitam correr em todas as direções, evitam abraçar o mundo e divertem-se falando coisinhas engraçadinhas no happy hour da empresa enquanto tomam um "drink" e comem uns petiscos. Elas evitam abraçar o mundo, elas evitam viver!

Sou ridícula, infantil e criançona glo-glo-glo, blu-blu-blu. Porque eu estou viva! Porque eu quero ser criança pra sempre! Meu tempo de ser ridícula é agora! E os adultos acham tudo, tudo ridículo mas são mais ridículos ainda porque abafam suas vontades e opiniões com medo de estragar a postura!

Conheci um cara muito especial que mora na minha rua mas por algum motivo não falo mais com ele, ele deve estar hoje com uns 55 anos ou mais, e é o cara mais crianção que já conheci. O cara mais sábio e mais crianção que já conheci.
Quando eu era pequenininha, ele me dizia: Thaisinha. Você é uma menina especial. Não queira ser adulta não! Ser adulto é uma bosta! Adulto é um bicho ruim.
E o Wagner era criança adulta. Adorava animais, brincava com as crianças na rua e as tratava como pessoas inteligentes que são, não como cachorrinhos estúpidos e fofinhos que não entendem nada do que a gente fala. Comia fruta do pé, tomava banho de chuva, beijava cachorrinhos filhotes na boca! Amei demais aquele cara. Ele com seus 40 e poucos anos na época, olhos azuis, cabelo louro acinzentado preso num rabo de cavalo, barba por fazer (ele sempre foi lindo demais.) e eu, como meus 9 ou 10 anos, tropeçando, ralando os joelhos na rua e deixando recadinhos de amor para ele na poeira do vidro da kombi amarela que ele tem até hoje, onde está escrito na parte de trás com tinta preta: "Nascemos príncipes e a educação faz de nós sapos".

Hoje eu sei o que ele quer dizer. E hoje vejo que eu e ele sempre tivemos quase tudo em comum.
Wagner, você é um cara especial. Às vezes a gente se cruza na rua e mal se olha...e eu nem lembro o porquê. A única coisa que sei é que você é a criança grande mais linda que eu já conheci.
A única coisa que sei Wagner, é que de tão criança que você é, você acaba sendo maior do que todos os adultos. E a única coisa que eu queria era voltar a falar com você, mas meu orgulho besta da adulta ridícula que ainda tenta sobreviver dentro de mim (mesmo que eu queira matá-la todos os dias), não me permite.

Sejamos serelepes, sejamos crianças.
Pelo amor de Deus, chega de mentira. Que saco!
Sejamos vivos!

domingo, 15 de junho de 2008

O exagero é uma verdade que perdeu a calma

(Danoninho, leite condensado, bombom, chocolate em barras de 200g, cheetos fedido, amendoinzinhos, balinhas de canela, de iogurte, juquinha, sete-belo, guarda-chuvinha de chocolate que parece manteiga, dadinho, papinhas de neném, batata-frita com catchup, miojo, ana-maria, haagen dazs, pão-de-mel, negresco, bono, passatempo, mini hot-dogs, pizza, chiclete que deixa a boca azul, pirulito que voa, que acende luzinha, empanados de frango que não parecem frango, sorvetes de palito com Ipod, bolos prontos, muffin da mônica, das superpoderosas, yakult, sequilhos, rosquinhas de coco, BIS, sufflair, algodão doce, chup chup de doce de leite, sucrilhos que desperta o tigre gordo em você, lancy, milka, alpino, ninho soleil, fandangos, cebolitos, baconzitos, palitinhos de chocolate, dan-top, marrom-glacê, goiabada, moça fiesta, batatas com cheddar e catupiry, torta de limão, cigarritos de chocolate, flan, espetinho de fruta com chocolate, hambúrguer)

Oi gente... (levantando com cara de vergonha misturada com um pouco de fome), eu vim aqui para confessar uma coisa... (música de suspense ON).. sou viciada em...em... em...CAR... BOIDRATOS (musiquinha OFF).

Já faz algum tempo. Assim, uns 21 anos. Até os seis, mamãe decidia o que eu comia. Já nessa idade ela colocava maisena para engrossar as papinhas, porque claro, leite da mamãe é muito magro para uma criança que tinha como destino o meu. Logo que eu já podia decidir o que comer, escolhia logo as coisas mais apetitosas do cardápio, enquanto todas as minhas amiguinhas já queriam parecer com a Barbie. Eu sempre pareci mais a Pequena Miss Sunshine. Pequena mais ou menos, né? Todo mundo sempre achou que eu era repetente por causa do meu tamanho.

Meus pais nunca foram fãs de exercício físico. Mas não, eu não os culpo pela minha preguiça de suar muito e comer direito. Eu até superei isto em algumas fases da vida, com a ajuda do espelho e da balança.

Meu vício em melecas é potencializado pelas propagandas de comida. Aliás, na mesma página de internet, a gente encontra as melhores receitas de fondue do lado das mulheres mais espetacularmente saradas de todos os tempos. Gente, assim eu fico confusa. E quando eu fico confusa eu fico ansiosa. E quando eu fico ansiosa eu apelo pras melequeiras comestíveis. É tudo um ciclo!

Na empresa, a tiazinha da lanchonete disse que eu, dentre as 600 pessoas da sede em Cotia, sou a única que consome Cheetos bolinha. Numa churrascaria, já fiquei conhecida como "o preju". Os amigos já sabem que eu sou a melhor companhia para orgias gastronômicas. Meu colesterol já andou balangando. O médico já avisou que comer um brócolis e cinco pedaços de torta de maçã não ia adiantar. Fast food devia exigir certificado de índice de massa corporal abaixo da média pra poder ser vendido.

Eu podia estar matando e roubando pra sustentar o meu vício, gente. Alguém tem M&Ms aí? Aaaaaargh!! Preciso parar!

Mas, muita calma. Um dia por vez, não é assim que vocês dizem? Por favor, só vocês podem me ajudar, vocês me ajudam, ajudam?

Eu ADORO vocês, viciados em comida orgânica!!!!!