segunda-feira, 28 de abril de 2008

Vamusimbora PRUMBÁ

Pouca coisa boa se pode tirar de uma reunião regada a cerveja e derivados de álcool. Certo?
Claro que não! Pra armar aquele boteco, não necessariamente tem que ser num bar da modinha, lotado, pagar 15 contos pra pararem seu carro na rua e quase fazer xixi nas calças por causa da fila. Um botequinho pode ser tocado em qualquer lugar, na porta de casa, na pracinha Benedito, pode ser na areia, pode ser num Bistrô, pode ser tomando um açaí. Isso me leva a pensar que não precisa ter bebida alcoólica envolvida... Ok, é mentira, precisa.

Junte alguns seres que ajudem na idéia como um todo. Se não forem amigos, pode ser alguém desconhecido que tenha algo de diferente e/ou engraçado pra contar, de preferência alguma historinha bizarra, sobre a vida, sobre o trabalho, sobre aquela pessoa que merece um comentário digamos sarcástico. As dúvidas mais existencialistas também podem ser discutidas, mas cuidado: existem pessoas que bodeiam ou travam no decorrer do boteco, escolha pessoas confiáveis.

Coisa boa é quando tem segredinhos explicitados. Algumas exigências: precisa rir do ex. Precisa rir da ex dele. Precisa rir de histórias passadas com a turma da adolescência. Precisa rir de si mesmo. Não pode falar de nada que passe na TV aberta. Precisa falar mal do Lula. E é bom que tenha comida bem trash envolvida. Praticamente ninguém se preocupa com o próprio peso no decorrer do processo. Eu disse praticamente porque sempre tem alguém que pede caipirinha com adoçante. Exclua a pessoa da próxima armação, modelos não tocam o boteco.

Os clássicos não podem faltar, então se acha que vai esquecer dos melhores contos envolvendo pessoas presentes, aqueles que precisam de verdade serem jogados na roda, anote. E leve sempre num caderninho com você. Nunca se sabe quando alguém vai te puxar pra uma dessas.
Lembre-se, música é opcional, mas Créu e afins estão para sempre barrados, Legião Urbana é depressivo para uma dessas, qualquer coisa acústica que tenha Groove é aceita e Jorge Vercillo não é MPB.

Mesmo com a barriga de cerveja beirando os quatro meses de gravidez, que lentamente se transforma mas nunca volta ao normal ao ser esvaziada vinte e cinco vezes no banheiro, não há quem não se sinta mais leve depois de uma dessas. Mesmo que todos os problemas do mundo continuem existindo. Terapia sai muito mais caro.

sábado, 19 de abril de 2008

Amor Geométrico

Olhe-me por trás dos meus olhos
Existe algo muito maior do que meu globo ocular.
Ouça o que há por trás de minha voz
Existe muito mais do que a respiração entre seus intervalos.
Sinta o que existe por trás do meu abraço
Existe muito mais do que um calor inocente.
Olhe por trás da minha inocência.
Aliás, não olhe. Não sei se ainda a tenho.
Me enxergue. Onde quer que esteja.
Te mostrarei muito sem que eu diga nada
E escutarei sua voz mesmo que você se cale...
Terei de parar com isso?
Terei que buscar outra ideologia?
Terei que ser igual aos demais?
Sufocar meu amor? Que bobagem.
Uma pessoa que não dá valor ao amor em si
E que não dá valor ao próprio amor e não tem paciência com ele
Jamais vai aceitar o meu amor.
Mas deve existir alguém nesse mundo que enxergue o que eu quero dizer
Vai existir alguém no mundo que me olhe e entenda
E que sorrirá ao entender.
Mas ele não sabe de nada
Meus pais não sabem de nada
Meu irmão não sabe de nada
Meus amigos tampouco imaginam
Minhas amigas tentam saber

Estou perdendo um pouco a cabeça
Nessas horas penso: Será que se eu fumasse
Eu me sentiria melhor?
Será que se eu me drogasse
Eu me sentiria melhor? Será que se eu bebesse...Não, não.
Neste estado me daria sono.
Ou lágrimas. E eu não quero lágrimas
Elas estão aqui dentro fazendo festa mas ainda não resolveram sair
Por que não chegou a hora
Mas quando a hora chegar elas saltarão de meus olhos como se salta de um tobogã
E se divertirão por entre meus traços delineados do rosto
E serão absorvidas pela roupa
Ou formarão pequenas pocinhas no chão, até que sequem
Ou até que alguém pise. Ou até que eu mesma pise.
O que fazer para se sentir melhor quando se gosta de alguém e a pessoa não gosta de você?
Nem todos os sucos de laranjas do mundo.
Nem todas as águas de côco ou sorvetes com cobertura.
Céu azul, bicileta, tinta, caneta, peteca.
Nem desenhar.
Mas existe uma coisa que talvez me faça sentir melhor.
Talvez, eu disse.
Escrever.
Minhas escritas são psicografias das lágrimas.
E ditam de lá de dentro o que eu devo escrever.
E na verdade, tudo isso aqui não passa é de um grande berreiro
Como o de uma criança mimada que nem ao menos sabe escrever.
Mas choro de criança também é crônica
Choro de criança também é poesia.
Talvez muito mais poesia do que as poesias de muitos que se dizem poetas.
Porque choro de criança vem indiscutivelmente da alma.
Se for birra, é uma birra que vem da alma.
Se for manha, é uma manha que a alma faz.
E se for medo de ficar sozinha
As lágrimas são da alma infantil que treme insegura embalada por um pequeno corpo.
No fundo, toda alma é criança,
Porque o amor não se contém
Nós que contemos o amor.
A lágrima não se segura
Nós que seguramos as lágrimas
O desejo não se reprime
Somos nós que o reprimimos.
E nessa selva de sentimentos, vamos aprendendo a domá-los
E os contemos tanto, tanto, que acabam deformados, encolhidos
Dentro de uma caixinha sem ver a luz do sol.
Acabam por sua vez, quadrados.
E se porventura saírem, saem com medo, com os olhos ardendo
Com medo de algum animal
De um predador
E quando expostos, muitas vezes voltam correndo
Para suas devidas prisões. Já sentimento exposto, sem ser segurado
Sai correndo a mil e um por hora
Rasgando tudo
Inclusive o peito.
Atraiçoa, é sarcástico
É fantástico
É elástico
É atirado como num estilingue.
Voa rápido e ninguém vê
Porque ninguém está acostumado a acompanhar a rapidez de um sentimento verdadeiro, voador!
Afinal,
Eles vivem todos enclausurados, não é mesmo?
Mas quando ele voa, você tem que olhar
Tem que acostumar seus olhos à visão, porque ele voa lindo.
E ele não pára de voar, só que ninguém acompanha
Então, um dia, ele cansa.
De que serve tanta beleza se não existem olhos para admirar?
Se não existe um dono que o queira cuidar?
Então, ele vai parando de bater suas asas
Pouquinho por pouquinho
Então ele cai
E cabisbaixo, anda devagarzinho sem ser notado
Abre uma caixinha
Entra nela
E fecha a tampa.
E ele se enclausura
E se deforma, como todos os outros.
E come suas próprias asas para que caiba na caixa.
E acaba geométrico.
Não porque alguém o colocou lá, porque ele nasceu livre
Mas simplesmente porque sua liberdade já não serve de mais nada.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Literalmente de Foder

Infelizmente, quando se está há quase seis meses desempregada, você começa a apelar para anúncios que não estão assim tão dentro do seu perfil. Pelo menos é o que você pensa. E começa a ler as vagas dos jornais. Erro.

Foi assim, lá em meados de 2004, que eu descobri que eu tinha sim o perfil. O anúncio dizia: jovem do sexo feminino, boa comunicação, inglês fluente, marketing, período integral, cinco vagas. Mesmo sem ter feito comunicação e querendo mesmo é ser contratada para uma vaga de pesquisa mercadológica, fui lá ver o que dava.

Local chique, agradável, algumas salas fechadas, muitas plantas, em pleno Business Center da cidade, meninas lindas andando pelo local, eu seria a segunda entrevistada. Estranhei que a candidata na minha frente entrou na salinha fatídica e saiu rapidinho, como se a tivessem dispensado. Lembro de ter pensado: será que ela não é de marketing? Já me dispensaram por não fazer um risco tão reto na folha em branco, é o mundinho capitalista, ué. Nem quiseram falar com ela.

Ouvi meu nome, entrei e dei um sorriso estendendo a mão. Um menino de 20 e poucos anos se apresenta como um dos sócios de um site que está migrando suas atividades para o Brasil, dizendo-se especialista em venda on-line. Começou com o maior clichezão das entrevistas: me fale sobre você. Depois de vinte minutos discorrendo sobre a minha capacidade de comunicação e bom relacionamento interpessoal, ele começa a falar sobre a vaga. As meninas que seriam contratadas ficariam a postos para manter os clientes no site por quanto tempo conseguissem, sempre teclando em inglês, a remuneração seria variável e teria bônus.

Assim que eu pedi o link para dar uma olhada no site, ele desconversou, disse que somente depois de contratada e que gostaria que eu voltasse para uma segunda entrevista com o sócio dele. No dia seguinte, lá estava eu para discorrer mais 40 minutos sobre cada empresa que trabalhei, prós e contras, idas e vindas. Era dia de rodízio do meu carro e na ânsia de conseguir o emprego, nem me importei com a possibilidade de atrasar em voltar pra casa. Só que para minha completa surpresa, ao final da longa entrevista eu tomo essa: “Nosso site ERÓTICO precisa de pessoas como você para aparecer na webcam e teclar com os clientes, acho que você TEM O PERFIL.”

Existe a definição de ódio mortal na Wikipédia ou no dicionário, mas esqueça. Ódio foi o que eu senti naquela hora. Antes de começar a sentir o ímpeto de quebrar a sala toda e fazer o computador sumir por entre o intestino grosso e o delgado do sujeito, eu comecei a gritar que aquela enganação barata era um absurdo. Que eu tinha gasto gasolina, tempo e energia. Saí meio chorando de raiva pelo elevador do prédio em direção ao centro de negócios da cidade, de onde eu sairia sem emprego, com uma multa pelo rodízio e com uma vontade maluca de passar na Augusta e sugerir algumas candidatas não-operadas pra vaga.


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PS* Antes de comentar algo engraçadinho, pense que a sua irmã, mãe, tia, namorada não têm os seus respectivos empregos garantidos para todo o sempre. Got it?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Seja bom com você

Meu tráfego é livre pelos elevadores, porque não uso roupinha azul e vassoura na mão. Caso contrário eu seria banida por dividir o mesmo espaço com um dos gravatas do prédio. Caso contrário eu seria ignorada pelas moças do sexto e sétimo andar.
"Não chora, Jojô. Gente que faz isso com você é gente infeliz. Gente que está feliz com si próprio, não trata mal os outros por causa de condição social."
Gente que está feliz com si próprio não magoa, não é grosso, não é estúpido, não te olha de baixo pra cima.
Gente que está feliz com si próprio não precisa provar nada pra ninguém.
Gente que está feliz com si próprio não usa máscaras e paga o preço caro, caríssimo da transparência.
Gente que está feliz com si próprio não se engana e não engana os outros.
Gente que está feliz com si próprio não reclama o tempo todo e não é capaz de sorrir com as coisas mais simples.
Gente que não está feliz com si próprio vive querendo se impor, mostrar medo e respeito. Mas não se engane, essa pessoa realmente não está feliz. E geralmente tudo isso gira em torno de três únicos fatores: baixa auto-estima, complexos e traumas.
Uma pessoa amarga, falsa, mentirosa, ruim, aproveitadora, pode ter certeza que tem lá em seu âmago alguma coisa que a incomoda, que a faz sentir mal e infeliz.
É por isso, Jojô, que o mundo está assim, minha querida. Quantas pessoas você conhece que estão felizes com si mesmas, com a própria vida?

Um pouco de complexos aqui, um pouco de baixa auto-estima ali, e pronto! Está pronto um mundo cercado por todos os elementos que envolvem a teoria da conspiração. E aí, da baixa auto-estima nasce o medo, que origina a falta de confiança, que origina a necessidade de se auto-afirmar, que origina a arrogância, que origina a ignorância, que origina muitas vezes no sadismo e que origina essa bosta de mundo em que vivemos.
Em um dos livros do Dennis Lehane diz algo mais ou menos assim, que cada caso de violência e terrorismo é um caso completamente diferente do outro, mas a impressão que dá é que existe um fio que liga todas essas coisas, que se desenrolado, começa a fazer com que tudo faça o maior sentido do mundo.
Não seria isso mesmo?
O mundo todo é vitrine, como diria o DDC. E quem não é paga um preço caro.
Eu sei DDC, e você também sabe, não é mesmo? Embora saibamos que ninguém é 100% vitrine, e ninguém é 100% transparente. Mas você escolhe pra que lado quer pender.

Eu sei que é caro e pagar caro às vezes cansa porque dói no bolso, mas ainda assim me rende uma boa noite de sono e não me gera sérios problemas com minha consciência.
Que mundo, né?
Como dizia Renatão, os bons morrem jovens. E você já parou pra pensar que isso é a mais pura verdade? Os bons estão morrendo por aí, todos os dias, assassinados, em acidentes, em afogamentos, vítimas de bala perdida, não importa. Estão deixando esse mundo. E quem é ruim continua populando e espalhando o câncer por todos os lados.
Neste fim de semana estava eu passeando pelo orkut porque não tinha nada o que fazer, então me deparei com comunidades do tipo:
-Amamos Suzane Von Richtofen.
-João Hélio arrastou POUCO.
E tinha também outra comunidade relacionada em uma destas sobre o pessoal que era a favor de poluir o Brasil.
Quanto ao João Hélio, todo mundo deve saber que é aquele garotinho que morreu arrastado por alguns quilômetros no Rio de Janeiro.
Quanto à Suzane, menininhas alegavam que ela só teve coragem de fazer o que muitos não tiveram. Outros a admiram porque ela foi corajosa em assumir o crime, outro maluco tem já sua opinião diferenciada: Considera a garota uma artista! Porque assassinato planejado nada mais é do que uma arte! E ele a parabeniza por isso!
Podem parecer simples comunidades do orkut, mas as pessoas que estão por trás delas são reais. E assim como muitas outras que nem devem acesar a internet fazem apologia à esse tipo de coisa.

Eu não tenho muito o que falar sobre isso, poderia passar horas e horas expressando minha revolta, mas é o tipo de coisa que as palavras não conseguem expressar. Não tenho exatamente a dizer sobre isso, não posso fazer nada a não ser lamentar em ter que dividir o meu espaço terrestre com seres desse gênero e ser considerada da mesma espécie que indivíduos tão repugnantes como estes.

Seriam mesmo seres humanos? Seriam humanos estes seres? O que diferencia um ser humano de outros seres? Acho que precisamos rever estes conceitos.
Seres como este que possuem grande capacidade de diferenciar-se dos animais, mas não o fazem. O que exatamente diferencia essas pessoas dos animais?
Hoje já tenho lá as minhas dúvidas. Mesmo porque animais só atacam para se defender ou por fome e fazem sujeira porque não podem limpar. E existem pequenas atitudes que nos diferenciam dos animais, como por exemplo, jogar lixo no lixo. Eu ia falar sobre solidariedade aqui, mas a gente consegue ser pior, porque animais são solidários uns com os outros. Recentemente foi feita uma pesquisa, depois vou até ver se coloco o link aqui, sobre formigas que usam seu próprio corpo para tapar possíveis "buraquinhos" no meio da trilha para que as outras possam seguir o caminho sem se desviarem e assim cumprir a chegada ao seu destino sem maiores problemas.
Quantas das pessoas que você conhece fariam isso? Usariam a si mesmas para te protegerem, te ajudarem? O normal de um animal é preservar a espécie! E nem isso nós fazemos. Se somos animais racionais isso tem alguma lógica, embora eu sempre achei que essa expressão "animal racional" fosse bizarra, afinal, não somos animais, somos seres humanos. "Humanos", mas hoje tenho lá minhas dúvidas se somos lá tão evoluídos quanto sugere este termo.

Eu sempre tive medo de morrer. Mesmo. Aquele medo desesperador. Sempre fui um pouco paranóica com isso, mas estes dias me peguei pensando que talvez morrer não seja a pior das coisas. Talvez os bons morram jovens porque não cabem nesse mundo, porque não merecem estar aqui. Talvez ficar aqui é que seja o verdadeira castigo.
Não chorem por aqueles que se foram, chorem pelos que ficam. Os que foram provavelmente terão mais paz do que aqueles que ficam por aqui.
Por mais que eu acho tudo muito justo neste mundo, existem coisas que a gente não vai entender nunca, mas o fato de eu não entender não significa que eu tenha que me revoltar e virar uma atéia frustrada.
Mas realmente existem coisas que me intrigam.

Existem atitudes que não cabem no meu mundo, como por exemplo esse fato da Jô não poder entrar no elevador com um engravatado porque ela é da faxina. Estes dias me peguei pensando: Gente! Mas esse tipo de coisa ainda existe?
Não na minha realidade, mas na realidade do mundo existe, como fui inocente. Existe um mundo estragado por aí, e se as pessoas fazem o que fazem, tratar mal uma faxineira não passa apenas de um aperitivo.

E estão por aí as faxineiras chorando, as mães honestas viúvas, os órfãos de gente justa, os amigos que perderam seus amigos pra burrice do álcool em acidentes ou para balas perdidas do tráfico.

Está por aí um mundo cuja trilha sonora é o grito dos desesperados e cujo pano de fundo é o sangue e a miséria. Está por aí um mundo onde a inspiração são as lágrimas nossas e dos outros e não mais as gotinhas de orvalho pela manhã.
Um mundo que tem como rima o fogo dos acidentes e não mais o fogo do sol. Um mundo que coloca flores nos versos não por serem belas e enfeitarem os campos, mas por enfeitarem os caixões das vítimas. Um mundo que escreve não mais sobre o futuro porque já não tem mais tanta certeza que ele vai chegar.

Um mundo que se atrai pela tragédia e pela miséria como mariposas se atraem pela luz.

Pagamos a liberdade dos banidos, pagamos a sobremesa dos injustos, pagamos a arma que matou o nosso filho, pagamos a alimentação da Suzane von Richtofen, o edredon dos políticos que os aquecem em noites de frio e suas regalias.
E estamos de mãos atadas.
Passeatas, um minuto de silêncio, faixas pela Avenida Paulista, faixas em frente à Casa Branca, camisetas desenhadinhas, tudo isso faz cócegas na barriga de todos aqueles que decidem como exatamente este mundo deve ser, porque você, reles humano, não decide nada sobre o mundo, só decide sobre você (quando decide.)
Contribua você também com pequenos gestos dizendo que caga pro aquecimento global, vamos! Colabore com sua fumaça! A fumacinha que você solta depois de um trago que te faz sentir superior pode ser a responsável pelo último suspiro do seu filho amanhã, do seu neto amanhã. Quiçá do seu.

Polua! Polua mesmo a cidade e depois coloque a culpa no governo porque existe destruição na cidade por causa de enchentes! Alguns alegam que poluem a cidade para dar emprego aos garis!
Legal! vamos então assassinar bastante gente para gerar mais emprego no IML e nos cemitérios!
Assassine, mate, drogue-se, drogue seus filhos, seus amigos! Contribua com a devastação. Vamos! Faça sua parte e depois coloque a culpa no Lula, no Bush, na puta que te pariu.

Você pode achar que eu estou misturando os assuntos, claro que não vou generalizar, mas tudo está absolutamente muito bem relacionado. A mesma cabecinha que diz que "meus netos que se virem com o aquecimento global" é a mesma cabecinha que defende a Bispa Sônia porque ela "roubou o meu dinheiro e não o seu, então cala essa boca."
Ou então aquele tipo de gente que diz: "Eu sei que fumar é errado, mas eu já fiz tanta coisa boa que Deus vai me perdoar!". Já escutei isso sim. Deus não tem nada a ver com isso, afinal, quem não vai te perdoar é o seu pulmão.
Reclame mesmo da corrupção e da palhaçada com o seu dinheiro! Você não tem direito nenhum de defesa! Sabe por que? Porque você também ou é corrupto, ou é mentiroso ou contribui de alguma outra forma com sua parcela de merda para que o mundo se afunde (ou tudo isso junto.)! E os outros que não o são mas ainda assim sofrem com as injustiças, são os bons que morrem jovens, mesmo com seus 80 anos nas costas.
Você não tem direito de defesa. Como reclamar que o mundo está estragado se de uma forma ou de outra você também está contribuindo com isso, mesmo que seja com atitudes que podem parecer minúsculas? "Pequenos acontecimentos interferem em grandes eventos." Ou se preferir, como diz a Teoria do Caos: "O simples bater de asas de uma borboleta pode desencadear um tufão em outra parte do mundo".

Seja bom pelo menos com você, porque provavelmente o mundo não será.