segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tristeza

Recrimina-se. A gordinha que posa nua. O gay que decide se vestir cheio de lantejoulas cor-de-rosa. A mulher que decide, depois de 10 anos de empresa, trabalhar free-lancer. A arte que não é massificada. Recrimina-se a pessoa que decide não falar mal da vida alheia nem participar de rodinhas de fofoca. Recrimina-se veladamente quem não bebe. Quem medita. A mulher sexagenária que não pinta os cabelos.

Recrimina-se o povo pobre. Os nordestinos. Os negros. As mulheres. Os homens que não gostam de futebol. Os homens que não traem. Os que não malham. Os que não ganham bem. Os velhos que repetem as frases. As crianças hiperativas que precisam da atenção dos seus próprios pais. Os jovens que não tem ideário nem objetivo, porque afinal, quem tem?

Recriminamos os que não gostam de animais de estimação. Os que não sabem as capitais dos estados, a tabuada. Os que são fanáticos por religião. As fanáticas por homens casados. Os que contam vantagem, os que contam mentiras. Recriminamos quem quer mostrar o que tem, sem ter. Quem diz que sabe sem saber. Quem diz que faz, sem fazer. Quem finge gozar. Quem finge ser feliz.

E assim continuamos na nossa pequeneza, vivendo nossos dias sem evoluir, recriminando a nós mesmos. Como Narciso negando o próprio espelho.

6 Comments:

Chris said...

Lindo texto, gatona....arrebentou....ama!

Thaís SBA said...

É verdade, a gente recrimina muita coisa. Mas convenhamos, muitas não merecem ser recriminadas e muitas se não forem recriminadas fodem tudo!

Bjo na bunda!

Ana said...

triste mesmo, eu ja estou me policiando a algum tempo para nao cair em tentação de julgar, mas é mto dificil....

bjosssss flor de maracuja!!!

Aninha

Messias said...

Muito bom o texto! Acho interessante a idéia... se pararmos pra pensar somos deixados levar por tudo isso... e aí somos parte desse recriminadores também! rss

Mulher do Padeiro said...

Pra variar, texto belíssimo!

Anônimo said...

Vem cá, vc não sabe escrever mesmo ou está tentando inventar um novo português onde vírgula vira ponto?