segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Temida Pergunta

Aí você parou por um instante e se perguntou sobre si mesmo.
Aí você perguntou sobre a sua vida.
E aí você se perguntou se você é feliz.
Você se perguntou se te dá prazer trabalhar com planilhas e documentos o dia inteiro.
Aí você se perguntou se te dá prazer lidar com clientes insuportáveis todos os dias.
Aí você se perguntou se realmente a receita para ser feliz é ficar sentado frente ao computador mais de 8 horas por dia, resolvendo problemas, fazendo coisas, escrevendo textos, atendendo telefones.
Aí você se lembrou que até suporta o que faz, seja o que você for, professora, assistente, treinee, junior, estagiário...mas se lembrou das grosserias e injustiças do seu chefe.
Você lembrou que tem gente que manda em você.
Aí um dia você se revolta e pensa: Foda-se! Ninguém paga minhas contas!
Aí te disseram que o seu trabalho paga as suas contas. O seu trabalho manda em você.
Você não é 100% livre mas precisa da "escravidão" do horário certo todos os dias para ter um mínimo de independência nos seus intervalos de vida. Ou seja: sábados, domingos e feriados, e à noite na hora da novela. Isso SE você já não trabalha nestes dias.
A grande questão é que nós, seres humanos, só vivemos nos intervalos. Só temos tempo para viver nos intervalos, se é que temos intervalos...se é que estamos vivos.
Mas o que fazer? O capitalismo e a sociedade te engolem. E você tem filhos para alimentar e cuidar, contas a pagar, pai doente, tio no asilo.
Ou você é um estagiário que precisa um dia se tornar um profissional para pagar as contas, pagar o colégio dos seus filhos e o plano de saúde do seu pai doente, quiçá uma parte do asilo do seu tio.
"Viva!" - O que você está comemorando mesmo?
É uma alegria quando se passa no vestibular ou quando se consegue um emprego onde nos pagam um salário considerado bom ou razoável.
É uma alegria quando nosso chefe nos elogia e quando a gente consegue emprego numa multinacional renomada.
É uma alegria.
Uma alegria que a nossa cadeira sufoca e o nosso computador devora e transforma em bytes, em visão embaralhada, em cansaço.
Alegria abafada.
Sufocada.
Mas está tudo bem, afinal, é época de crise, você ainda tem sorte de ter um emprego, mesmo estando com o cú nã mão de perdê-lo no dia seguinte.
"Vivemos" para pagar nossas contas.
"Vivemos" para morrer todo dia um pouco.
E se morre justamente para que se possa viver um pouco.
Você responde com dignidade o seu nome, a sua idade e suas experiências profissionais.
Você responde com boa fluência verbal que tem boa relação interpessoal
Você responde rapidamente quando fica pronto seu relatório ou se já chegou a resposta do e-mail do cliente.
Você responde prontamente qual é o número do seu telefone comercial.
Você foi treinado para responder sem titubear.
Mas aquilo que te pega de jeito e te faz ficar em silêncio por alguns segundos, ou minutos (depende de quem for você) é aquela pergunta, raramente perguntada, mas que te faz refletir e analisar. E no fundo você a teme.
Você está pronto pra responder se você é feliz?
Criatura!
Você está pronto pra responder se você apenas pensa que é feliz porque tem as "noções básicas de felicidade" que se resumem a um bom emprego, a um diploma, a um cargo respeitável.
Mas você faz o que você quer?
Você faz o que você quer ou você faz o que todos gostam de ouvir que você faz, porque traz satisfação?
Você tem satisfação no seu dia-a-dia?
Em acordar cedo, pegar trânsito, seja de carro ou ônibus?
"Mas a vida é assim" dizem os outros.
Aí você se conforma porque a vida é mesmo assim.
Aí você não faz absolutamente nada pra mudar, mesmo sabendo que o seu sonho é ser bailarino da brodway ou DJ das Casas Santinho do Pará.
Porque tem gente que nasce com sorte.
E aí eu te digo que tem gente que nasce mesmo com sorte
E tem aqueles que criam sua própria sorte!
Mas dá trabalho e você não tem tempo de criar sua própria sorte. Seus horários não deixam. Seus compromissos não deixam.
Aí você torce para que exista reencarnação, e para que na próxima você nasça exatamente aquilo que você quis ser nessa.
Aí você morre e descobre que não há reencarnação.
Aí você morre e é enterrado com seus desejos sufocados no peito.
Mas não se preocupe, seus desejos agora tem a companhia do seu corpo inerte.
Ambos serão sufocados pela acidez da terra. E seus sonhos não passarão de sonhos.
A terra vai engolir você
E seus sonhos vão ficar pairando sobre ela.
Aí um dia alguém passa perto do seu túmulo e sente um arrepio esquisito achando que é algum tipo de fantasma.
Não é.
Claro que não é.
É a energia de um sonho que não foi realizado, porque energia nunca morre.
É a saudade que te matava mas que você nunca pôde matar.
Respire agora.
Feche os olhos.
Abra devagar.
Eu te coloco à prova:
Você é feliz? Ou você é apenas uma pessoa alegre que suporta os dias?
Ou você é apenas um conformado sorridente, movimentando-se espremido dentro de uma caixinha, mas aliviado por ainda ter o básico necessário para se sair bem diante de todos que te rodeiam?
Você é feliz? ou pensa que é?
Você tem vontade de ser feliz?
Você vai matar sua vontade
Ou vai deixar que ela mate você?
Respira fundo...
E vai ser feliz!
VAI!

5 Comments:

Thais said...

eu penso nisso tudo todos os dias, o que vale a pena afinal? ler esse texto em uma segunda feira não ajuda muito também rs..

até

Tha Basile said...

Sem ajuda e sem vontade, a gente nao consegue mudar..ser feliz e fazer oq se dá tesão envolve mudar, e muita coragem...

parabéns pelo texto, flor!!

Messias said...

Eu penso nisso sempre! Aliás todos nós... o que rola é que é tão foda ser feliz... que a gente fica escrevendo post sobre saudade... de um tempo que por não ter volta a gente se engana achando que foi...

beijos!

Thaty said...

clap clap clap!
adorei!

Milmoya said...

Não sei se sou eu que me tornei fria demais, ou se acredito dentro da minha caixinha que finalmente tirei a venda, enfim, no meio de tantos "ses", não acredito em felicidade, hoje não mais... já duvidava desde de pequena, do mesmo modo que agente duvida de papai noel, mas na realidade sabe que não existe mas não quer admitir... hoje adimito que não acredito em felicidade... a felicidade é um estado de espírito passageiro, ainda mais, quando se trata de trabalho... a palavra trabalho em si, já cansa, afinal, é trabalho não é? Do contrário, chamaria diversão... no fim de tudo, ganhar dinheiro dá trabalho, cansa, exausta, não é nada divertido... e o faz-me rir do fim do mês geralmente é "faz-me chorar"... precisar de dinheiro é precisar sobreviver e pagar as contas (que geralmente, vc nunca consegue)... pq, olha só que ironia... quando vc usa o dinheiro para algo bom, para uma viajem por exemplo, vc não "precisa"... vc viaja pq deu, pq sobrou um pouquinho pra isso... o que vc precisa é pagar a conta de água, luz e telefone... os valores nunca vão mudar... a gente precisa pensar que precisa de dinheiro para VIVER e não para SOBREVIVER... mas enfim... quem sou eu para falar isso se eu trabalho que nem uma mula para sobreviver tb? Afinal, eu NÃO POSSO viajar com o dinheiro que ralei pra ganhar entende? Tenho conta de telefone pra pagar... Bom, quanto a feleicidade, isso é um papo longo, mas pra resumir, por mais que seu sonho seja pintar quadros de budas, as responsabilidades, as pressões e preocupações que envolvem seu trabalho, e muitas vezes, os chefes, fazem seu sonhos mudarem... por mais que vc faça o que vc mais quis fazer em toda sua vida, um dia vc vai se encher de fazer aquilo e quer mudar... e se encher do que vc gosta de fazer? Não, mas se encher da situação que tudo isso está envolvido, e você não aguenta mais... entende? Enfim... complexo e desnessário....rs apenas devaneios.... Beijos Flor!