“Eu me recuso conversar com um papel higiênico.”Mas sem perceber, era isso mesmo o que eu estava fazendo logo após de dizer essa frase em voz alta.Contei várias coisas ao papel higiênico e qual não foi minha surpresa ao perceber que a latinha que eu colocava minhas moedas estava me olhando também, e me ouvindo com o maior interesse do mundo. Ficaram os dois lá, olhando e compreendendo tudo.“Eu sei que vocês não vão me ligar numa hora em que eu estiver precisando e nem vão me dar o ombro de vocês para chorar, mesmo porque não possuem ombros, mas isto é o suficiente, ter alguém, ou algo para conversar já é o suficiente”. Estava eu entre lágrimas, contando ao papel higiênico e à latinha de moedas, o motivo de estar tão triste.Tem uma coisa dentro da gente, que em determinado momento da vida (ou mais de um momento) se aciona e faz a gente querer gritar muito. Algumas pessoas não gritam por medo de que instantaneamente alguém surja de repente e a leve para um hospício, então a única coisa que resta é chorar.Sabe - dizia eu ao papel higiênico – estou virando amiga íntima da tristeza, ela vem me visitar todos os dias, mais do que meus amigos e minhas amigas, mais do que até mesmo meu próprio namorado. Sabe quando a gente cansa de encher a paciência dos outros com seus problemas e reclamações? Quando cansa de tornar suas lágrimas públicas? Chega um momento em que a gente desiste, e quando se dá conta, fica assim igualzinha a mim, conversando com um papel higiênico, ou uma lata de moedas, ou um liquidificador, ou qualquer objeto que esteja mais próximo.Existe um momento da vida, em que a gente quer simplesmente falar, não precisa de opiniões e nem ouvir a voz do outro, e nem perguntar “Você está aí? Você está me ouvindo?”, a gente quer apenas...falar!Sei que parecia loucura, mas nem percebi, entrei no meu quarto já falando, a primeira coisa que olhei foi o papel higiênico e de repente, ele parecia me ouvir como ninguém, no momento, parecia o único que se interessava por meus problemas e pelas minhas lágrimas, mesmo porque, naquele momento, por ironia dessa história, ele era o único realmente que poderia enxugá-las. Ele não me criticava, nem dava suas opiniões, mas se tornou alguém que parece que tinha parado o mundo, congelado o tempo, apenas para me escutar.Estes dias estava tão triste, que até consegui definir a tristeza, eu a defini como uma fumaça... como uma coisa fria. Foi em um verso que consegui escrever, depois de meses sem escrever nada, acho que quando a gente se desespera, a inspiração bate do nada.Sabe, ainda não me sinto completamente aliviada, mas acreditem, por incrível que pareça, existiu numa noite, em algum lugar, um papel higiênico e uma lata de moedas que tornaram-se os melhores amigos de alguém, e que por incrível que pareça, esse alguém se sentiu confortado.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
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4 Comments:
Achei óteeeeeeemo!
;P
Thaaaaaaaaa
"sabe quando a gente cansa de tornar as nossas lágrimas públicas?"
quem nunca passou por isso??? ótimoooooo.
linda, ótimo natal e eu vou dar um break, viajar, volto em janeiro...
fique bem! beijo no ombro.
Tha
Puxa, ontem eu me senti da mesma forma. So que faltou papel higienico la em casa! hehehe...
E nao tenho latinha de moedas!!
O jeito foi conversar com meu ventilador de teto. Fiquei ali deitada olhando pra ele, enquanto ele me refrescava!!
Brincadeiras a parte, ontem foi punk! Mas passa! Tem uma lenda japonesa, ou chinesa, sei la, que diz que TUDO PASSA!
Bjus!
É, com certeza acho que todos tem uma hora que cansam de ter aquela amiga que você pode desabafar simplesmente porque você não quer ficar contando para ninguém que possa repassar seu sofrimento para os outros.
Seu papel higiênico me fez rir, meu irmãozinho fala papel diênico e me chama disso, inclusive.
;*
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