Capítulo I: a mudança alheia
Uma coisa um pouco desnecessária isso, nem adianta tentar mentir pra mim. Eu não vou acreditar que você nunca tentou mudar alguém.
Começa assim: você vê o sintoma, na pessoa. E é esse sintominha que você vai reparar e também vai se sentir culpada por ter reparado. Veja bem, não é porque está no feminino que só as mulheres reparam, reparar é uma coisa andrógina, diversa, multisexual, sei lá o nome que você quer dar. Mas é o primeiro passo e segue com o segundo, que é simplesmente ignorá-lo. Você vai querer provar pra sí mesma que aquele sintoma é coisa da sua cabeça. Seu namorado não está gastando o salário inteiro no bar, seu irmão não está a fim de parar de estudar, sua amiga não está pensando em entrar pra igreja evangélica, seu pequeno cachorrinho macho mini-poodle não tem uma queda pelo bull terrier da vizinha e seu professor não tem tendências pedófilas. É tudo coisa da sua cabeça.
E depois de todo sofrimento da negação, você assume que aquilo estava lá desde o início, fala em alto e bom som que foi a primeira a perceber e entende que precisa ajudar a mudar tudo, senão sua consciência provavelmente vai pesar mais que suas botas cano alto. Você entra na fase três. A mais perigosa, porque é aí que você vai incorporar a psico-pedagoga-terapeuta indignada com aquilo que você mesmo tinha ignorado até então. E vai usar todo seu poder a favor daquilo que você quer mudar, sempre argumentando que é um favor que você está fazendo praquela pessoa: chantagem, sedução, suborno. Um esforço absurdo para ajudar a pobre pessoa que precisa entender que vai se dar mal, agindo daquela maneira.
E sem perceber você entra na última fase, onde acontecem as rupturas de septo, os socos na parede e os choros incontroláveis. E também a perda da ilusão. Você assume a realidade e entende que ninguém muda por motivo extra-pessoal. Explica-se: ninguém vai deixar de agir assim ou assado porque você ou eu queremos, só se camufla o negócio até que a outra pessoa pare de encher o saco. E aí volta a acontecer tudo de novo, junto com a desilusão da tentativa que falhou.
SLAP (som de tapa na cara): valeu a pena. Agora você já pode pegar leve nos esforços pelos outros e tentar mudar a sí próprio.
Uma coisa um pouco desnecessária isso, nem adianta tentar mentir pra mim. Eu não vou acreditar que você nunca tentou mudar alguém.
Começa assim: você vê o sintoma, na pessoa. E é esse sintominha que você vai reparar e também vai se sentir culpada por ter reparado. Veja bem, não é porque está no feminino que só as mulheres reparam, reparar é uma coisa andrógina, diversa, multisexual, sei lá o nome que você quer dar. Mas é o primeiro passo e segue com o segundo, que é simplesmente ignorá-lo. Você vai querer provar pra sí mesma que aquele sintoma é coisa da sua cabeça. Seu namorado não está gastando o salário inteiro no bar, seu irmão não está a fim de parar de estudar, sua amiga não está pensando em entrar pra igreja evangélica, seu pequeno cachorrinho macho mini-poodle não tem uma queda pelo bull terrier da vizinha e seu professor não tem tendências pedófilas. É tudo coisa da sua cabeça.
E depois de todo sofrimento da negação, você assume que aquilo estava lá desde o início, fala em alto e bom som que foi a primeira a perceber e entende que precisa ajudar a mudar tudo, senão sua consciência provavelmente vai pesar mais que suas botas cano alto. Você entra na fase três. A mais perigosa, porque é aí que você vai incorporar a psico-pedagoga-terapeuta indignada com aquilo que você mesmo tinha ignorado até então. E vai usar todo seu poder a favor daquilo que você quer mudar, sempre argumentando que é um favor que você está fazendo praquela pessoa: chantagem, sedução, suborno. Um esforço absurdo para ajudar a pobre pessoa que precisa entender que vai se dar mal, agindo daquela maneira.
E sem perceber você entra na última fase, onde acontecem as rupturas de septo, os socos na parede e os choros incontroláveis. E também a perda da ilusão. Você assume a realidade e entende que ninguém muda por motivo extra-pessoal. Explica-se: ninguém vai deixar de agir assim ou assado porque você ou eu queremos, só se camufla o negócio até que a outra pessoa pare de encher o saco. E aí volta a acontecer tudo de novo, junto com a desilusão da tentativa que falhou.
SLAP (som de tapa na cara): valeu a pena. Agora você já pode pegar leve nos esforços pelos outros e tentar mudar a sí próprio.
6 Comments:
Meu Deus! Isso está ESPETACULAR!!!
Adorei o tema, o jeito, os exemplos!
:D
Muito bom!
Beijos, flor!
:**
Aff Thá, que porrada na cara! Eu tava falando pra Thaty que isso era o que eu menos precisava ler hoje!
Nada contra o seu texto maravilhoso e bem escrito, mas pq verdade arde quando desce pela güela...
Já comentei aqui nos posts da Thais e da Thaty, agora no seu.
É verdade que a gente tem essa tendência a primeiro ignorar, principalmente quando a gente comenta com alguém e a pessoa não percebeu nada disso. O pior é quando não obtemos resultados com as tentativas de mudança.
beijinhos e fica com Deus!;*
concordo!!!
Oi Tha!!!
Seus textos sao demais!! Como sempre!!
Temos a mania de querer mudar o outro, mas nem sempre nos damos conta do que temos que mudar em nos!! Isso e o mais dificil!!
Beijo e uma otima quarta!!
Sabrina
Tudo neste texto me parece tããão familiar...
:-)
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