terça-feira, 25 de maio de 2010

Ana.

Quando a tia dele estava grávida, a gente namorava há poucos meses.
Ele sempre foi muito carinhoso, lindo, maravilhoso, espetacular, o melhor namorado do mundo.
E eu sempre adorei bebês.
Eu ficava imaginando como seria quando a Nana nascesse.
Será que ele seria muito apegado à ela? Será que sentiria ciúme dela? Será que ele agiria como pai dela? (Já que os pais não moram juntos).
Bom, aí um dia, como todo bebê tem que nascer, a Nana nasceu.
Ele me ligou dizendo que ela havia nascido e na hora meus olhos encheram de lágrimas e eu sorri.
Ele disse que ela era linda e bem pequenininha.
Fiquei feliz, mas aí no fim de semana seguinte eu fui conhecê-la.
E confesso que o que senti foi um dos sentimentos mais idiotas que já pude sentir em toda a minha vida.
Senti ciúme do bebê.
Fiquei pensando:agora que ele vai ter um bebê praticamente morando na casa dele, acho que ele não vai mais me dar tanta atenção assim, acho que ele vai preferir ficar com o bebê do que sair comigo.
Sim.
Confesso.
Foi ridículo.
E eu me envergonhei desse sentimento tão besta.
Eu sempre tive ciúme de tudo. Dos meus namorados, do meu edredom, dos meus bichos, das minhas meias, dos meus shampoos, dos meus amigos. E acreditem, incomoda muito sentir pelas pessoas a mesma posse que se sente pelo próprio edredom.
Se hoje eu amadureci em relação à isso foi graças ao meu passado esdrúxulo, mas PRINCIPALMENTE por causa do De.
E também porque eu quis mudar.
Mas hoje o meu ciúme não é mais possessivo, é apenas um ciúme normal, transformado à base de muito custo, auto controle e de muita, muita reflexão, porque eu não queria perder o amor da minha vida pra bobagens idiotas provenientes de um sentimento que não deveria ser maior do que o sentimento de amor.
Bom, mas voltando ao assunto.
Embora com essa bobagem cutucando o fundo do coração, eu estava ansiosa para ver o bebê. E então adentrei o quarto e pude ver aquela coisinha tão pequenininha, com o umbiguinho que nem tinha caído ainda, toda rosinha, toda lindinha.
E a cada fim de semana que passava ela estava ainda mais linda.
Bastou vê-la apenas uma vez para que eu me apaixonasse completamente e esquecer que um dia, por uns segundos, eu fiquei com ciúme daquela pessoinha tão perfeita.
Quando a gente convive com um bebê, é impossível não se apaixonar, mas convenhamos, existem crianças que são realmente um pé no saco. Choram por tudo, não deixam chegar perto, fazem escândalo e não dão risada nem com plumas deslizando por seus pequenos sovacos.
Mas a Ana...
Ah, a Ana!
A Ana é diferente! A Ana é especial.
Ela tem algo ao redor dela que faz com que os nossos olhos brilhem.
Ela tem um jeitinho todo único de conquistar, de sorrir, de fazer gracinhas.
Eu vi a Nana se arrastar pelo chão, vi engatinhar e vi os primeiros passinhos.
Vi a ponta branquinha do dente começar a nascer e vi desabrochar o sorriso mais doce naquela boquinha outrora sem dentes.
Vi os cachinhos louros começarem a se formar e vejo até hoje os progressos que ela faz, mesmo quando se trata de um simples "óla" quando ela aponta para alguma coisa.
A Nana dá risada de tudo! Tudo pra ela é engraçado, tanto que quando ela descobriu o próprio umbigo foi motivo de gargalhadas. Ela colocava o dedo no umbigo e ria, ria como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo!
Hoje ela está com 1 ano e acho que três ou quatro meses, e quando a gente pergunta quantos anos ela tem, ela responde: Dois!
Não, Nana, você tem UM aninho.
E ela repete: Nui!
Modéstia a parte, quando ela me vê ela agarra na minha perna e não me deixa andar, quer ficar grudada comigo, e eu por mim ficava grudada nela o tempo todo.
Fico pensando quando eu tiver meus filhos como vai ser.
Já faz uns 5 anos que tenho uma vontade quase incontrolável de ser mãe, e às vezes fico pensando que talvez para mim seja esse o sentido da minha vida. O que é muito engraçado, pois quando eu era adolescente eu queria mais era ser solteira e morar sozinho pelo resto da vida.
Não sei de onde apareceu essa vontade de ser mãe e essa loucura por bebês.
Há anos vejo bebês nas ruas e fico desesperada querendo logo ter o meu.
Dizem que é instinto, sei lá.
Mas a questão é (voltado novamente ao assunto), antes da Ana eu não tinha contato próximo com nenhuma outra criança. Não sabia como funcionavam, como era a sensação quando eles te pedem colo, quando eles querem ficar com você, exclusivamente com você, quando eles te trazem uma bola para que você brinque com eles, quando eles acham alguma coisa e querem te mostrar. Eu não sabia como era lindo e avassaladoramente cuti-cuti quando eles começam a dançar quando passa a música de um comercial ou quando eles imitam o gesto das pessoas ou tentam repetir o que você está falando.
Eu acredito ser impossível não se apaixonar por uma criança ao conviver com ela. Não amar, não sorrir e não dar risada das palavras que elas inventam.
E então fico me questionando a respeito de pessoas como aquela procuradora satânica que fez aquelas barbaridades com aquela garotinha.
Eu não tenho nem o que comentar sobre isso, sobre pessoas assim, sobre pedófilos e suas monstruosidades. Eu não consigo expressar a revolta, o nojo, o asco, o horror que sinto em relação à monstros como estes. Mas acho que não preciso expressar, acho que todas as pessoas normais sabem exatamente o que eu sinto, porque sentem o mesmo que eu.
Sim, dizem que são doentes, psicopatas, sei lá, mas eu acredito que essas pessoas não são nem pessoas, não são humanas, são frutos da criação de alguma coisa paranormal, esquisita, sei lá.
A própria menina que foi maltratada, ela tem 2 anos, mas por mais psicólogos e remédios que ela possa vir a tomar, a vida dela que poderia ser uma vida linda digna de amor e carinho, se transformará numa vida traumatizada e sabe-se lá as formas que o fantasma daquela cadela podre ainda vão perseguí-la.
Todo ser humano precisa de amor e carinho. Não há meios de uma pessoa ser feliz sem um mínimo de amor e carinho. As crianças e pessoas mais traumatizadas assim são em boa porcentagem porque não tiveram talvez amor e atenção o suficiente.
A sua atitude hoje perante uma criança, pode desencadear uma reação em cadeia que talvez ajude a tornar o mundo melhor um dia, e talvez ajude o mundo a se deteriorar com todo o resto do lixo.
Se você acredita não ser capaz de amar uma criança, de cuidar, de ter paciência e de fazer o melhor por ela, não tenha e faça de tudo para não ter. Não seja imbecil ao ponto de colocar a culpa na camisinha que furou o na pílula esquecida. Se você acredita não ser capaz de dar o seu melhor para uma criança, então seja pelo menos um pouco inteligente e cuide-se. Hoje em dia métodos contraceptivos não faltam.
Mas se o "acidente" mesmo assim acontecer, trate-o como um presente e não como uma fatalidade.
Nenhuma criança pode ser tratada como fatalidade.
Nenhuma criança merece ser tratada como um acidente.
Se veio antes da hora, encare como um presente que chegou mais cedo, e então tenha a certeza que a sua vida acabou de ganhar o maior sentido que já pôde ter.
Muitos alegam que um bebê em suas vidas em determinado momento, poderia estragar tudo, desencadearia uma tragédia, por bilhões de motivos, falta de condição e etc. Mas eu sinceramente duvido que um dia a alegria de tê-lo não vai compensar o seu pânico momentâneo.
Por mais difícil que seja ter um filho numa hora errada, se você não é capaz de amá-lo, você não deveria merecer estar aqui.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Se eu fosse você

Hora de acordar. Sei disso porque o xixi sempre avisa antes do despertador, estou ficando velha, sei lá. Ainda sonhando, olho no espelho: vejo uma cara de louca com um cabelo até que arrumado. Saio escovando os dentes, sentindo que algo está diferente. Não sei dizer se é o clima ou se realmente ainda tô dormindo. Abro o armário automaticamente. PLAF, tomo um tapa de uma blusa que cai lá de cima.

Normal. Pego a bolsa, a chave, coloco o sapato, abro a porta e...vejo o meu segurança lá fora. MEU SEGURANÇA?

- Vamos Jamal - falo pra ele quando na verdade queria dizer: que PORRA é essa? mas não sai nada, caraca, ainda tô dormindo??? Olho pra baixo, estou vestindo uma calça Diesel basiquinha de R$5.000 e um sapato Louboutin de R$12.000. Tudo que sai da minha boca é:

- Nossa, essa calça está apertada, preciso intensificar a dieta de 850 calorias pra sair dos 49kg, tô enorme.

ARGH, penso, agora onde será que esse corpo pontiagudo vai me levar, que desespero!!!! Olho de novo, estou no carro, um X6 blindado. Cadê meu Palio ano 2000??? Vejo um lugar apontando lá na frente, é a Daslu. Desço do carro, querendo fugir pro outro lado, mas tudo que faço é andar lá pra dentro. Percebo que a fome está me matando porque não tomei café, mas, eu começo a comprar loucamente, enquanto falo sobre "como a Pink Elephant virou povão" com a recepcionista que fez a primeira aplicação de botox quando tinha 15 anos de idade.

Me olho no espelho: tenho a boca mais projetada de preenchimento do que a da Jolie com alergia. Penso em me matar, mas sou puxada por mim mesma para o que seria meu próximo destino, a academia. Jamal me deixa pontualmente ao meio dia na porta, sei disso porque prefiro treinar do que comer. CARALHO! cadê meu almoço bandeijão com uma carne suculenta?? Entro, coloco minha bolsa esportiva edição limitada de Tom Ford no banco do vestiário exclusivo, sem deixar de reparar com desdém para as outras mulheres do lugar. QUEM DIABO É TOM FORD? sinto falta do Brás! alguém me salva!!

Pego minha água Evian e me dirijo para as máquinas de tortura, mas tudo que consigo pensar é: "preciso ainda perder dois milímetros de barriga porque a última lipo não ficou tão boa quanto as outras". Três horas depois, ainda estou lá, quando tudo o que eu queria era que Jesus fosse bom comigo e me levasse!

Olho pra fora: vejo uma Ferrari vermelha abrindo a porta, de dentro dela sai um cara meio Emo, meio gay, meio bombado, meio hétero, meio com o cabelo propositalmente desgrenhado. Andando na minha direção, ele dá um sorriso TÃO branco que preciso olhar pro outro lado. PORRA, O QUE VEM AGORA? Ele abre a boca e diz que estava com saudade, mas que precisávamos ir logo.

Pisco os olhos e estou dentro de palácio gigantesco em estilo gótico, onde todos vestem máscaras. Em cada quarto tem trinta pessoas peladas. SOCORRO!!!!!QUERO MEU MARIDO!! Mas logo menos, já estou doida de ecstasy sendo comida por três homens e uma mina mais magra que eu.

Estou emocionalmente abalada, mas aquele corpo ignora e ainda tem a manha de dizer:

- Será que Ecstasy engorda?

OOOOOOOH!!! FUI ABDUZIDA! Mas não adianta, porque volto pra casa e mamãe ainda me espera, com seu namorado 26 anos mais novo e cheio de amor pra dar. Fico sabendo que papai colocou ações de algumas de suas empresas no mercado e anda aproveitando a vida no Pacífico Sul, velejando com todas aquelas modelos que adoram andar com ele. QUERO MEU PAI CORINTHIANO E FUMANTE!


Quase sem forças para reagir mas ainda viva, olho pro céu e vejo refletida a imagem de uma paricinha loura DE-SES-PE-RA-DA dentro do Shopping D, comprando uma blusinha a R$18 e indo comer no Mc Donald's, pensando em como será a baladinha de hoje à noite lá na Zona Leste.