Conheço um bando de gente que está doente. Pessoas comuns, que têm namorado, têm dinheiro o suficiente pra viver sem passar necessidades, têm filhos, têm boas intenções e alguns valores nobres, têm emprego e medo, muito medo. Perdem a saúde e não sabem muito bem pelo quê.
Estão acuados. Sentem que está tudo muito errado, algo vai muito contra os seus instintos mais íntimos, mas não sabem muito bem definir como nem o que. Aprenderam na escola e na vida o pensamento que separa: matemática de português, o branco do índio, sociologia de psicologia, economia de finanças, não sabem juntar lé com cré, nunca tiveram a visão do todo. Aprenderam, graças aos computadores, que quando algo “dá pau”, é sentar e esperar, que não há nada que se possa fazer. Aprenderam também que história é chato e não entendem como se pode aprender com os erros das sociedades do passado.
Assumem a culpa quando ouvem na TV que sustentam o tráfico de drogas e que votam errado, elegendo canalhas que acabam com a sua própria vida. A culpa é toda deles, eles assumem, sem pensar no que estão fazendo. Não percebem algo como a seguinte metáfora: uma criança sadia é levada para viver numa cidade onde só existem pessoas contaminadas com um vírus qualquer. Quando essa criança cresce - e lembrem que ela cresceu neste ambiente contaminado e tem idéias e valores que aprendeu exatamente neste mundo - alguém diz pra ela que a culpa dela estar doente é só dela. Que devia ter lutado, que devia ter conseguido ferramentas para sair dessa cidade, que devia ter tido menos medo de se contaminar, e que assim não teria se contaminado. Porém, o mundo ao redor dela dizia outra coisa, dizia que estava tudo certo em pegar o vírus, pois todos o tinham, mesmo. Mas ela se convence que a culpa é dela, e continua lá na cidade, culpada, doente e infeliz.
Somos nós neste ambiente contaminado. E somos levados a pensar que a culpa por não reagir é toda nossa, porém em nenhuma instância é nos dada a mínima condição de reagir a nada. Não é mesmo pra gente reagir, e não é por acaso. Não só pelo nosso passado e pela maneira como aprendemos a viver, mas pelo próprio presente: o que existe além de uma corrida desenfreada por um bom emprego e dinheiro? Toda nossa vida gira ao redor disso, até nosso lazer é determinado por isso, pois se você sai e se diverte a noite toda, não acorda para trabalhar amanhã. E não dá tempo de pensar em criticar, além de não termos aprendido a criticar nada que não seja besteira, como a roupa alheia ou a celebridade na TV. E vamos enriquecendo a empresa, enriquecendo o sistema que nos controla, enquanto ganhamos o necessário somente para "viver", isto é, quando ganhamos. E essa vida pau-no-cu, essa mesma vida que nos adoece, ninguém precisou nos impôr, nós aprendemos a querer isto. É como um escravo que livremente se candidata à vida escravizada.
O mais impressionante são os extremos a que isso tudo leva: como não vemos jeito pra arrumar a coisa, aliás nem sabemos por que a coisa chegou onde chegou, começamos a pensar que “o único jeito seria acabar com tudo e começar de novo”. Quem nunca ouviu ou falou isso? Pensamento-Capitão-Nascimento. Só que esquecemos que quando matamos as formigas mas deixamos o açúcar lá onde ele está, as formigas voltam. Quero dizer que nestas mesmas condições em que vivemos, a próxima geração provavelmente nasceria igual. E seriam seus filhos. Talvez mais pobres, mais alienados, mais infelizes, mais criminosos, não melhores.
Onde houver lucro, haverá miséria. Onde houver competição (e não cooperação), não haverá bondade nem força de vontade que resista à infelicidade. São coisas inerentes umas às outras, realidade que não podemos questionar. Mas não percebemos nada disso, não fomos educados pra perceber nada. Achamos que tudo isso é muito normal e continuamos a assistir nossa TV, a ver nossas bundas e peitos, achando que o mundo sempre foi assim e que sempre será.
A arma pra combater esse sistema? Não sei, sou só mais uma ovelha nesse rebanho cabisbaixo e alienado. Mas tendo a pensar que somente o fato de nos conscientizarmos que a infelicidade não vêm da gente e sim de fora, já é um começo.
E sem essa verdade, não haverá décimo terceiro salário que cure stress de um ano inteiro adoecendo pela empresa, não haverá filho que resista à ausência de um pai, não haverá cerveja que amenize a dor, não haverá bunda que traga gozo aos homens nem antidepressivo que traga a felicidade a quem precise dela.
Enquanto isso, vamos em frente, culpados, doentes e infelizes.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Culpados, doentes e infelizes.
Quem serviu?? Tha Basile às 02:29 9 mais chá?
terça-feira, 23 de junho de 2009
O Bolo de Morango não vai me matar.
Eu não sou a pessoa mais tranquila do Universo naquilo que diz respeito e à espiritualidade.
Quem serviu?? Thaís SBA às 05:47 3 mais chá?
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Ao meu amor, tudo
Sem data marcada, sem roupa, sem maquiagem. Tudo que me cerca hoje é realidade, nela toda a ilusão presente tenta se esconder e eu me confundo. O de dentro fica exposto, sai pra fora, fica pendente de entendimento, mas sente, sente tudo com arrepios e com uma percepção aguçada de uma mente sem limites, dentro de sua humilde e ao mesmo tempo imensa emoção.
Não tenho corpo fechado pra isso que se chama amar. Até queria ser um pouco menos isso, mas seria um clone de mim mesma super preparada para a vida. Eu não quero me preparar para a vida. Ela que me pegue e me ensine.
E eu te tenho nesse turbilhão, sem saber o que me espera dentro dele. Eu me adapto, eu me rebelo, estou entre o uniforme e a nudez. Tenho ganas de gritar e ao mesmo tempo de deitar na grama e sonhar o sonho mais cheiroso e cor-de-rosa que existir.
Visto uma máscara. Adoro quando percebo que ela cai, sozinha, não se sustenta. Ela é um número menor do que a minha alma. Não quero trocar. E aí eu erro, percebo, faço charme, reviro tudo, manipulo, peço desculpas, caio em mim, mais charme, umas risadas e umas ironias, e me levanto sempre.
Um companheiro, uns amigos, uns livros, uns discos, uns valores, os de sangue, os de alma, isso tudo sou eu, hoje e sempre.
Quem serviu?? Tha Basile às 10:25 6 mais chá?
quarta-feira, 3 de junho de 2009
O poder do Coelhinho
Quem serviu?? Thaís SBA às 07:34 9 mais chá?