sexta-feira, 14 de junho de 2013

O discurso reproduzido

Nas minhas aulas de psicologia social -que eu amava- a melhor parte era quando podíamos argumentar sobre alguma posição que tomávamos para depois entender a teoria do que estava por trás. Eu sempre fui muito apaixonada por discussões, análises, pontos de vista e explicações. Acompanhando o que está acontecendo nas redes sociais, onde alguns mil jovens de classe média opinam sob diferentes óticas, vejo que existe um ponto super claro frente aos acontecimentos dos últimos dias: a classe média está dividida. Sabe aquela coisa, dividir para conquistar? Então, pra mim, fomos conquistados. Mas por quem? Na ditadura, o controle era obtido por meio da força bruta, da ameaça e punição física e tortura mental. Hoje, acredito que o controle é obtido por meio do desejo. Reparem: tudo na mídia te diz que você pode mais, deve ir mais além, tem que possuir mais coisas, ter mais bens, um carro mais fudido, uma aparência mais legal, viajar mais. É basicamente o desejo de pertencer a uma classe social mais elevada, ou pelo menos, poder ter e gastar dinheiro como esta classe mais elevada o faz. De tanto ouvirmos e assimilarmos este discurso, começamos não só a aceitar que devemos pertencer à classe dominante, como começamos a PENSAR como ela. Me explico através dos principais argumentos que ouvi contra as manifestações que estão rolando: 1)Não sabe nem votar, quer se manifestar PRATICAMENTE METADE da população brasileira é de classe econômica baixa ou baixíssima. A classe D tinha 51,7 milhões de pessoas, e a E, 43,3 milhões em 2010. Somadas, são 95 milhões de pessoas(dentre 190.755.799 de habitantes, dados do Censo). 16% dos brasileiros não sabem ler nem escrever, isto sem contar os analfabetos FUNCIONAIS, que são a grande maioria e não fazem parte desta conta. Estas pessoas não tem tempo, ferramentas e nem foram acostumadas a pensar com senso crítico sobre muitas coisas. Quando são classificadas como "alfabetizadas", não conseguem interpretar um texto. Lêem, ouvem, mas não entendem o todo. Acabaram de conhecer a internet e a utilizam de forma lúdica, não informativa. Como esperar que votem "direito"? Aliás, o que é votar direito? Até hoje tem gente de classe média alta que diz que votaria no Maluf novamente. E mais, votar "errado" não exclui o direito de alguém sair às ruas e se manifestar contra algo que o seu governo fez. Até se tivesse votado "certo" este direito estaria preservado. Ou seja, o discurso da classe dominante está sendo reproduzido sem que se olhem os dados reais, sem que se veja o nosso país como ele é. O Brasil, EM SUMA, não é composto de gente que gasta R$200 reais num jantar, isto é a completa exceção da regra. Por outro lado, no sistema partidário em que o país se encontra, não faz tanta diferença qual partido está no poder. Direita, esquerda, todos são passíveis de alianças e conchavos (inclusive vivem delas) para simplesmente conseguirem fazer parte daquilo tudo, não estamos falando nem de aprovar projetos, hein? Somente de sobrevivência no poder. As grandes corporações e seus grandes lobbies sustentam o governo, que por sua vez é obrigado a sustentá-las com leis/emendas/acordos que as apoiem. Políticos com grandes corações, idéias e boas intenções acabam se perdendo neste mar de burocracia errada, onde se um cair, todos caem. Ok, os gastos e pra onde vai o orçamento varia de administração para administração, mas isto depende muito mais das alianças daquele partido do que da ideologia partidária em si. E o sistema vai se auto-alimentando. 2)O que são R$0,20? E mais, os valores devem ser reajustados de acordo com a inflação. De acordo com últimos dados do governo, é da classe média todo brasileiro cuja renda familiar per capita esteja entre R$ 291 e R $1.019. A cesta de gastos é: ~30% com moradia (IBGE), 20% só com cesta básica (FIA), 15% com transportes (IPEA). O resto é gasto com saúde e educação. Calculem o valor em cima desta renda média e me digam se ainda é pouco este aumento. O dado mais alarmante: ~40% do mercado de trabalho ainda é informal no Brasil (Ibre-FGV). Estes salários NÃO SOBEM DE ACORDO COM A INFLAÇÃO, mas os gastos pessoais e familiares, sim. Sem contar que 6% da população ainda é desempregada. E ainda sobre o argumento da inflação: acabei de ler um texto meio complexo do Movimento Passe Livre, que dizia que de 1994 (ano de início do Plano Real) até hoje, a passagem deveria custar R$ 2,16 para os ônibus e R$ 2,59 para o Metrô e CPTM. Não tenho como fazer os cálculos para comprovar, mas vale a reflexão. 3)Eu pago imposto e tenho direito de ir e vir sem precisar esperar a manifestação passar Sem dúvida, porém as pessoas também tem o direito de sair às ruas e, consequentemente, impedir o trânsito em alguns lugares. Também está na contituição. O impasse seria resolvido se as manifestações ocorressem em vias menos cheias, certo? Ou em outros horários? Ok. Alguém se lembra com clareza do que a manifestação das Vadias tratava? Lembra de ter visto alguma notícia na Globo sobre ela? Não, certo? Simplesmente porque aconteceu de final de semana, com menos pessoas, sem atrapalhar a ida e vinda de ninguém. NÃO DEU NOTÍCIA. Não adiantou nada. No mais, quem estava lá também paga imposto. Por isso mesmo tem o direito de exigir que seu dinheiro seja gasto da melhor maneira que se possa gastar. Vamos lembrar que as manifestações não ocorreriam um segundo dia (parariam no primeiro) se as reinvidicações fossem atendidas. POR QUE IR CONTRA OS MANIFESTANTES E NÃO CONTRA O GOVERNO QUE NÃO OS ATENDE? Como eu disse, estamos divididos, focalizando a raiva pro lado errado. Outro fato: não vejo ninguém tão puto quando a F1 ou o carnaval fecha a marginal e deixa todo mundo tendo que desviar o caminho e gastar 1h a mais pra chegar em casa. Não vejo ninguém tão puto quando chove e para todo o trânsito até dez da noite, porque o governo que ficou 16 anos no poder em são paulo não arrumou uma maneira de resolver o problema dos alagamentos e nem do transporte: o Metrô de São Paulo é considerado pela CoMET (Comunidade de Metrôs) como o mais lotado do mundo, com 10 milhões de passageiros por quilômetro de linha. Mais uma vez, o discurso da elite sendo reproduzido por você, que é do povo e também fica parado em alagamento. Você não tem helicóptero, lembre-se. 4)Bando de vândalos! Com violência não se chega a lugar nenhum Ninguém em sã consciência quer que um ser humano se machuque. Nem manifestantes, nem policiais, nem transeuntes, ninguém. Agora vamos pensar: o que faria um ser humano sair de suas cobertas numa noite geladinha pra ir vandalizar lojas e ônibus na paulista? A vontade de tomar borrachada de graça? Ou será que as coisas acabam saindo do controle? Ou ainda será que só alguns são baderneiros e o resto é gente que está lá porque realmente acredita que o país só vai mudar se formos às ruas? Temos que olhar também o lado de quem apanhou de graça de policiais (assisti a pelo menos 5 videos e li cerca de 10 testemunhos, até de repórteres da Folha). A polícia não deixou os manifestantes entrarem na Paulista, mas o que foi pior? Vejam que o trânsito não melhorou ou piorou por isso, pois a paulista SE MANTEVE FECHADA. Se tivessem deixado os manifestantes entrarem, a violência não teria existido, ou seria bem menor. Sigam o raciocínio: sem violência, a mídia não teria como desacreditar a manifestação...a violência não só foi só esperada, como foi PLANEJADA. O discurso da violência deve ser analisado de maneira histórica também. Nenhuma mudança radical chegou a acontecer sem que muitos se ferissem. E não adianta usar o argumento do "mas os caras pintadas tiraram o Collor sem violência", porque meus caros, quem tirou o Collor foi a Globo, que apoiou todas as manifestações. Puxem os videos pela internet e lembrarão. 5) Tem coisas mais importantes para nos manifestarmos contra Concordo. Tem que mudar o código penal, tem que fazer a reforma partidária, tem que se unir contra a corrupção, tem os impostos que comem quase trinta porcento da renda na fonte e não traz nada em troca. Mas gente, não é um começo SE CONSEGUIRMOS NOS ORGANIZAR PARA ALGO? Isso nem era possível há alguns anos. A internet trouxe um poder para as nossas mãos, e ao meu ver é a ferramenta mais poderosa de organização que as pessoas tem. Vamos começar com coisas menos importantes e apoiar a evolução disso tudo com um olhar mais analítico e menos alienado? PS* Sou pesquisadora, trabalho há quase quinze anos coletando e analisando dados. PS2* Eu estaria lá ontem se não tivesse grávida de oito pra nove meses. Meio de longe, porque tenho medo de borrachada, mas estaria.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sobre preconceito.

Difícil falar sobre preconceito com um olhar puro, já que preconceito significa conceito pré-concebido e pré-conceber é atividade essencial para nos manter vivo. Tem a ver com preservação de espécie, com defesa, com categorização. Porém, quando o preconceito começa a se tornar perigoso? Na minha opinião, é quando começamos a conviver abertamente, conscientemente com ele e a aceitá-lo como fator discriminador. Há algum tempo eu achava que o machismo, o racismo e a homofobia, por serem mais “conhecidos”, ou seja, estarem mais presentes no senso comum, estavam mesmo caminhando pra erradicação no futuro. Mas mudei de opinião, acho que estamos caminhando para a aceitação da discriminação. Quando ouço alguém falar “não sou homofóbico, até tenho um amigo gay”, na hora me vem à mente alguns filmes pós-apartheid, onde os brancos que na época queriam ser politicamente corretos contratavam os negros, mas não os deixavam comer nas suas louças, usarem seus banheiros, conversarem na sua frente. Precisavam conviver, mas não queriam. As mesmas pessoas que dizem ter amigos gays fogem dos locais onde existem gays. Fazem piadas diariamente sobre a orientação sexual deles. No fundo, não querem estar perto: o que os amigos vão pensar? Pior ainda são as pessoas que falam em “surto gay” como “moda”. Como se a maioria decidisse enfrentar a sociedade e sua família, correr o risco de apanhar e de ser motivo de piada na rua, só por modismo. Quando comparo a discriminação aos negros daquela época com os gays de hoje, algumas vezes ouço: “é diferente, me mantenho longe de gays porque não quero ser abordado por eles”. Digo: “você convive com mulheres, quantas te abordam diariamente querendo sexo? E se abordassem e você não quisesse, você somente recusaria, certo? O problema é realmente este?” Acho improvável que a homofobia diminua enquanto ainda acharmos que pobre é melhor/pior que rico, que mulher é pior/melhor que homem, que negro é pior/melhor que branco, que nordestino é melhor/pior que paulista. E principalmente, enquanto continuarmos generalizando TUDO. Sim, existem categorias de pessoas com variáveis em comum, as quais criamos para pertencer, para nos sentirmos parte de algo. Mas existem pessoas, com seus sentimentos únicos, reações peculiares, pensamentos indescritíveis dentro destas categorias. Estamos aos poucos nos esquecendo disto! O pior de tudo é a falta de questionamento, de pensamento crítico, não contra as pessoas e sim contra o sistema que nos rodeia, aquele que possibilita esse nosso moderno apartheid. Estamos imbecilizados, estamos nos separando quando deveríamos estar nos juntando contra coisas que realmente são ruins: a corrupção, a mentira, a banalização da violência, o caos moderno. A segregação barulhenta ainda é menos pior do que a silenciosa, aquela que não percebemos e que, com o passar dos anos, se instala, apoiada/criada muitas vezes pela mídia. Alguém aí tem um amigo ou amiga obesa? Sabe o quanto de discriminação ela sofre? E ainda é apontado como culpada pelas suas mazelas, porque “quem come o que quer tem que agüentar as conseqüências”, já disse alguém. Sou mulher, sou 100% a favor do amor entre quaisquer gêneros, não acho que a diferença está nas raças, na orientação ou na religião, está no subjetivo. Todos somos únicos. Todos temos um pouco de negro, de europeu, de gay (simmm), de rico, de nordestino, de gordo, do que for. Vamos começar a aceitar?

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conto Não Tão Infantil

Ele tinha 11 anos quando começou a considerar o sexo feminino algo interessante e não inútil como até então. Sua mãe sempre dizia que ele ia casar e ter filhos mas ele nunca entendeu o porquê disto, já que por conta de sua ingenuidade infantil, pensava que seria criança, livre e feliz para sempre.

Quando fez 12, seu irmão de 19 mentiu dizendo que iam ao cinema e o levou ao prostíbulo, único lugar onde ele ainda não havia explorado naquela cidade interiorana onde todos se conheciam. Lá dentro, sentiu cheiro de tabaco, pinga e de segredos. Seu irmão parecia conhecer todas as mulheres, algumas das quais sentiu nojo e achou bem velhas. O irmão chamou o nome “Lisbete” e lá de longe ele avistou, saindo detrás do balcão, uma imagem angelical, loira e maquiada como nas revistas de sua mãe. Ela não devia ter mais de 15 anos, calculou, enquanto sentia calafrios de pensar no que fazer com ela quando subissem...sabia que teriam que subir.

Subiram. Perto do ouvido dele, ela disse “pode me chamar como quiser, mas sou Lili”. E foi se despindo. Ele a copiou. Ela disse, apontando pro lado “tá vendo aquela janela, é por ali que vamos fugir depois que você virar homem, hoje”. Ele, já perdido em seu turbilhão de hormônios adolescentes, concordou, sem sequer entender.

Quando acordou do transe, ela já estava juntando alguns panos e pedindo a ajuda de Deus para que não morressem ao cair da janela. Pulou. Ele, de novo e sem pensar, a copiou. Estava apaixonado.

Iriam pra casa do primo da mãe dela, paixão antiga, ela descobriu. Quando a mãe morreu de tuberculose há três anos atrás, não conseguiu ter forças para ir além daquele lugar, mas não agora, agora ela tinha alguém. Ele era tudo que ela queria ter sido, feliz, ingênuo, cuidado, simples, vivo. Ela estava morta por dentro, mais morta que a mãe, pensava, mas não hoje, não mais.

Estavam sorrindo. Ele fora para um dia voltar, ela pra nunca mais. A paixão decidiria o resto.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vai ver é só uma fase.

Hoje procurei mentalmente no arquivo da minha memória, onde poderiam estar os textos que fariam com que eu me reconhecesse novamente.
Os textos antigos estão por aí, em incontáveis blogs que criei cuja senha só eu tenho. Alguns eu sequer lembrava que existiam.
A verdade é que parei de escrever faz um bom tempo, e quando resolvo escrever alguma coisa, só eu leio, só eu tenho acesso.
Mas a verdade é que a vontade que eu tinha antes de fazer com que o mundo inteiro soubesse o que penso, transformou-se em horror à exposição, seja das minhas opiniões, seja da minha vida ou dos lugares que vou, das coisas que fiz e farei.
Vejo no facebook pessoas sedentas por mostrarem suas últimas fotos, citações ao maior estilo "Cineminha com Phu Lana Detal. Maravilhoso!" e informações sobre suas vidas, suas coisas, sem que eu ao menos pergunte.
Eu pelo menos, não tenho interesse em saber se você pegou um cineminha com Phu Lana Detal ou se foi acariciar couves na Lavoura de São Francisco com Juscelina Albaricoca! E também calculo que pessoas não tem interesse em saber se fui no mercadinho Genaro comprar bisnagas com meu namorado.
Todos desesperados para que saibam de tudo! Fico imaginando se a maioria das pessoas recebesse essa proposta: Você vai ganhar uma viagem de 1 semana com mais 3 acompanhantes para as Ilhas Maldivas, com tudo pago, e poderá registrar todos os seus momentos com fotos e filmes, no entanto, estará proibido de divulgar no facebook (ou qualquer rede social ou blog) as suas fotos e nem citar com quem foi.
Eu pagava pra ver. A grande realidade é "qual a graça de eu ir pra algum lugar e fazer alguma coisa se ninguém do meu facebook vai saber?".
E eu passei a me questionar em relação a isso e até agora não cheguei à muitas conclusões. O meu álbum com maior número de fotos no facebook é restrito, ou seja, só vê quem eu quero que veja. Quase nem tenho postado absolutamente nada e os posts informativos das outras pessoas tem me irritado a cada dia. Pensei até em deletar logo a conta do facebook já que tudo lá me irrita e já que eu também não posto nada. Mas só de pensar nisso me dá uma dor no coração! E eu não faço a mínima idéia do motivo.
A questão é que todas aquelas fotos minhas, com meu namorado, minha coelha, minha mãe, me confortam de alguma forma. Algo que eu criei para mim com registros de pessoas que amo, mas bastava criar um blog restrito com essas fotos e...até que não é má idéia.
Mas sei lá, vez ou outra deixar um recado pra alguém, ler sobre algumas postagens, até que me parece válido e eu gosto disso. O que me irrita mesmo é esse exagero das pessoas praticamente abrirem suas pernas (não literalmente falando e dependendo da foto até que literalmente) para que todos vejam o que tem lá, como se ninguém soubesse!
A verdade é que a vida de todo mundo é basicamente igual! Todos tem amigos, família, namorados (ou não), saem, se divertem, choram, buzinam, se incomodam, tem chefes (ou não), contas a pagar, dinheiro a receber, etc. E aí me pergunto aonde está a novidade que todo mundo quer contar?
Minha timeline parece um resumo repetitivo da vida de todos. E pra não ser mais uma repetindo sobre o próprio cotidiano, resolvi abandonar de vez o meu mural, a não ser que seja com algum link ou algum comentário sem segundas intenções de como a minha vida
é /está/será/seria.
Enjoei de escrever textos, enjoei de escrever sobre minha vida e minhas opiniões, enjoei de querer que saibam sobre o que penso e sobre as experiências que passei e estou passando. Enjoei, enjoei, enjoei. Enjoei de pessoas e de opiniões. Tudo sempre muito igual, e talvez eu esteja mesmo é precisando de férias, e eu juro que se eu ganhar uma passagem pras Ilhas Maldivas eu não vou fazer questão nenhuma de anunciar.
Pego minhas malas, sumo pelo céu num avião gigante e chegando lá mergulho no mar azul esquecendo das obrigações!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Osaminha da Alegria!

Bom, depois de mais de 1 ano sem postar aqui, indo no embalo das meninas, resolvi também escrever alguma coisa.
Bom, em 1 ano muita coisa acontece, e na minha vida aconteceu tanta que se eu for parar pra escrever, meus dedos caem e provavelmente os olhos de quem ler, cai também, se é que alguém conseguiria ler.

De qualquer forma escrevi um texto que não é esse por sinal, falando um pouco da minha falta de assunto pra escrever um texto e resolvi nem postar porque ficou chato, cansativo e repetitivo, como aliás, tudo o que escrevo. 1 ano se passou e eu não tenho mais inspiração/saco pra ficar escrevendo embora morro de saudade da época em que qualquer coisa era motivo pra eu começar a digitar feito uma escrivã sob pressão. Então resolvi só colar aqui uma notinha que escrevi no facebook e que ninguém leu a propósito, e se e leu não comentou, falando um pouco sobre um assunto que me deixa algumas dúvidas.

A nota é essa aqui:

Show de palhaços em festa infantil com o Bin Laden de personagem em meio à adultos dançando fantasiados de tartaruga! Atração na Eliana com Bin Laden cantando forró sobre amor...por que ninguém faz showzinhos também com camaradas vestidos de Hitler, Mao Tse Tung, Stalin...Imagina? "Pessoal, sabe quem veio brincar com a gente hoje? É o Adolf Hitler ou não é??? ééééé!!!! Então eu quero ver, agora só os negros e os gays correndo dos loiros que gritam HEIL!!! Quem perder vai pagar prenda hein, vai todo mundo pro campo de concentração azul cobalto atrás do Buffet!
E o pessoal aqui do Buffet também preparou uma surpresinha pra gente: escalpo nas crianças negras que começarem a chorar!!! E nos viadinhos também hein!!!
UM, DOIS TRÊS, VALENDOOOOOO!!!!"

Sinceramente, é algo que eu não entendo. Se um dos meus familiares estivessem no WTC no dia do atentado e tivessem sido mortos graças ao Bin Laden e eu visse o povo se fantasiando do assassino das pessoas que sempre amei, juro que substituiria minha atual falta de compreensão por muita raiva.
Bin Laden não é digno de risos...pelo menos não para aqueles que tiverem seus familiares/amigos assassinados por ele. Hitler não é engraçado, Stalin também não, então porque raios Bin Laden se tornou um ícone de humor??? Alguém me explica...

É isso galerinha do mal!

sábado, 16 de julho de 2011

Mundo Rolante

Engraçado como tudo é tão cíclico. Mais engraçado ainda é como estamos sempre correndo atrás desses infinitos altos e baixos. Já perceberam como estamos numa fase de descomplicar tudo que um dia complicamos: os gadgets, os relacionamentos, o trabalho, os cuidados pessoais?

Onde antes se lia “bluetooth” agora se lê “compartilhe suas fotos e arquivos”. Quando antes sofríamos porque aquele cara tinha pisado na bola, agora simplesmente arrumamos outro. Antes eram planilhas e planilhas de controle, processos difíceis de entender, agora são idéias boas e entusiasmo na execução. Antes era petróleo, era consumo desenfreado, agora é consumo sustentável e energia natural (com sorte chegamos lá). Antes ligávamos e pagávamos caro, hoje falamos pelo computador sem pagar nada e ainda vemos o rosto da pessoa do outro lado. Os contratos são renovados automaticamente, as contas estão em débito automático, a tecnologia é entendida pelas crianças. As frutas estão voltando a não ter pesticidas. A compra é coletiva e com desconto, é só levar o cupom.

Não estou dizendo que descomplicar é melhor ou pior, nem que isso acontece pra tudo. Famílias que eram rígidas na educação, descomplicaram e deixaram os filhos tomar conta. A mídia, pregando a ilusão da aparência ideal, descrevendo um mundo violento pra vender espaço publicitário, perpetuando o ter pra ser, continua a mesma, complicando a vida pra depois poder vender produtos, programas e um futebolzinho pra descomplicar, no esquema "compre um Dove pra ter orgulho de ser gordinha, logo depois de se sentir um balão olhando pras meninas magrinhas da novela".

Acredito que muito disso que anda acontecendo no mundo tem a ver com algumas coisas: as mulheres estão saindo do seu casulo, concorrendo a cargos melhores, tomando as rédeas financeiras de casa. E, apesar de sermos bastante complexas – pra não falar piradas – no quesito emocional, mulher é um bicho bem descomplicado pra coisas do dia-a-dia, já notaram? Resolvemos tudo. Justamente porque precisamos entender tudo nos mínimos detalhes, e disso, acaba saindo algo simples. Claro, tem também a evolução propriamente dita, a ciência a serviço da facilidade. E tem também a percepção de falta de tempo geral, o que está mudando a nossa maneira de viver. As redes sociais ligadas junto com a TV, que está acontecendo junto com uma conversa, junto com o jantar. O dia voa, o final do ano chega logo, cada vez mais coisas pra fazer e muitas distrações: se as complicações continuassem existindo, o tempo não voaria tanto. Ou são as facilidades que fazem o tempo voar?

Isto significa que tudo tende a passar mais rápido ainda, pois o mundo estará cada vez mais simples? Não sei, parece que tudo é tão cíclico que amanhã pode não ser mais nada disso.

domingo, 10 de outubro de 2010

Retorno de Saturno

Imagino que, se o amadurecimento do ser humano se der na mesma progressão da evolução que acontece dos 25 aos 30 anos, deve ser extremamente bom envelhecer.

Perto dos 30, a verdade a se buscar não assusta mais tanto. A sintonia com as pessoas é de alma e não de aparência. O emocional está mais calmo e o coração continua fervendo. O erro é mais danoso porém mais consciente.

Chegando aos 30, não se quer mais mudar os defeitos, e sim abrandá-los. Consegue-se saber no detalhe o que não se gosta e fica mais simples a busca por aquilo que se quer. Descobre-se quem e o que se ama de verdade. Os sonhos são mais reais e os medos mais etéreos.

É mais fácil saber de cor as músicas que emocionam. Sair fora daquilo que faz perder tempo. Parar com bobagens, abrir mais o coração, sair do lugar-comum, prestar mais atenção em si mesmo e mesmo assim, não se levar tão a sério. Rir de si mesmo nas piores situações, esperando sempre o melhor. Fica um pouco mais simples viver, mesmo havendo tantas mais complicações do que quando éramos simplesmente crianças preocupadas com as próximas férias.

A seleção é natural: o instinto aflora. É mais face a face, você com você mesmo. A gente aprende a se perdoar. A se curtir. A sofrer com mais cautela, porque o tempo é raro.

Ah, e como é raro.

Now Playing: So Damn Lucky - Dave Matthews Band

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Você é muito bom / Você é muito ruim.

Já dizia aquele poema do Fernando Pessoa "Se te queres matar"
E como dizia a dona Hilda, uma velhinha que mora aqui na rua: Não existe felicidade completa, existem momentos felizes.
Depois de ter passado por tudo o que passei em apenas 6 meses, pensei em migrar pra Poços de Caldas e morar por lá. Mas gente mau caráter tem em todo lugar, seja na favela, seja no centro de uma linda cidade com velhinhos dançando à meia luz.
Então pensei: se for assim vou viver mudando de cidade, vou viver "fugindo".
Não posso fazer isso, porque ser humano é ser humano, e no geral eles são um saco de se lidar. Temos 2 pessoas dignas a cada 10 que não merecem nada de bom.
Então o que nos resta fazer é nos conformarmos em conviver com "nossos irmãos" e aceitar o poema de Fernando, afinal, hoje você morre, amanhã eles choram e depois de amanhã eles te esquecem, vivem suas vidas.
Todos precisam manter seus empregos, todos devem se ocupar de seus botões, seus planos de saúde, seu IPVA e suas conduções. Todos tem sua família, seus filhos, seus cachorros, o jantar a preparar, a roupa pra lavar, o banho pra tomar.
O que é o seu problema às 3 horas da madrugada para quem dorme um sono tranquilo?
Você é um estorvo. Seus problemas são um estorvo, e por mais que as pessoas se demonstrem solícitas, saiba: ninguém se atira na frente de um carro por você.
Hoje elas te amam mas se for conveniente te odeiam amanhã.
Hoje te aplaudem, mas se for conveniente, amanhã te entucham de pedra!
Rezam seus terços e passam com cabeça erguida e gelada diante das tristezas que você lamenta.
Meus pais se importam comigo, meu namorado se importa comigo e isso me deixa muito contente. Mas existe pessoas que não tem pais ou que os pais são uma desgraça como pais, e tem amigos interesseiros.
A hipocrisia é a palavra de todo dia.
Experimente ser sincero e dizer o que você pensa! Se não for num canal do youtube, você será perseguido e linchado.
Num videolog isso é maravilhoso pois existe a barreira da tela, e como foi boa essa invenção, eu mesma diria isso tudo pra câmera se não fosse tão tímida.
Mas no dia-a-dia, esqueça falar as coisas na cara do seu chefe, dos seus pais, do seu irmão: você estará sempre errado.
As pessoas te cobram sinceridade, mas se você é sincero, você é um maluco que não sabe o que diz, e elas no geral não gostarão de ouvir, pois ninguém gosta de ouvir a verdade
Essa é a questão: gosta-se muito de falar a verdade, mas se detesta ouví-la!
Eu deveria saber lidar com injustiça, mas não sei. E não se saber lidar com injustiça num mundo onde só há injustiça, é um grande problema.
Eu ainda acredito que as pessoas deveriam pagar aqui pelo que fazem e não "numa outra vida", o que aos meus olhos é também muito, muito injusto. Opa, ainda bem que o poderoso-chefão nos deu o livre arbítrio, senão eu já estaria destinada a ir pro inferno! Bom, e segundo os crentes fanáticos, eu vou sim. Vou lá trocar umas idéias com o cara chifrudo e vermelho enquanto ele me espeta num caldeirão tosco.
Mas a minha sorte é que eu não acredito nele. Se o inferno for pior do que tudo o que a gente vê por aqui, então parabéns a quem o planejou.
De qualquer forma, conforme eu havia dito, não sei lidar com injustiças, e isso faz com que as pessoas me acham maluca, idiota, tosca, impulsiva, babaca e que eu deveria superar as coisas mais fácil.
Mas eu supero as coisas fácil, mas injustiça é algo que definitivamente me traz alergia, enjoo de estomago, mal estar e depressão.
Ao passo que todos sofrem injustiças e se calam ou fingem que "superaram", eu me descabelo de chorar e mando meus emails afiados que as pessoas não lêem porque são covardes e hipócritas. E quando lêem, ficam chocadas e triste, mas se esquecem que a tristeza pela qual me fizeram passar, é maior e mais vergonhosa do que qualquer emailzinho que eu só escrevo pra desabafar.
Todas as pessoas que conheço sabem muito bem o que penso delas. Isso pra mim é uma espécie de alívio. Posso não promover justiça nenhuma nesse mundo, mas que as pessoas que passam pelo meu caminho e não valem nada vão dormir se lembrando que não valem absolutamente nada, ah vão!
E aqueles que não querem ouvir as verdades ainda são piores ainda, porque são cretinos covardes afogados em seu mundinho fictício lindo e colorido, mas que na verdade é um mundo podre cheio de complexos, lixo, inseguranças e problemas.
Mas o que me resta, depois de tudo o que venho passando, é contar história às crianças do lar sírio.
Crianças e animais nos fazem esquecer do mundo esdrúxulo que vivemos. São como pitadas de inocência e beleza no próprio inferno para atenuar a dor.
Nossa felicidade é toda temporária. Logo logo, sempre aparece alguma coisa para tirar do lugar tudo o que estava arrumado e havia demorado anos para estar lá.
Não se apóie tanto em seus amigos. Hoje eles são seus, mas amanhã mudam o nome, o endereço, o rosto, os trejeitos.
Se apóie em seu cachorro.
Se apóie no olhar de um desconhecido. De longe as pessoas são como um bálsamo! Nos fazem ficar imaginando o quanto são maravilhosas!
Não chegue muito perto, pois aí toda a beleza começa a feder.
Se apóie no colo da sua avó, numa criança que precisa de você.
Se apóie em você.
Não se apóie tanto assim nos outros, não se doe tanto, porque às vezes a parte que o outro leva pode demorar pra voltar e às vezes nem volta.
Às vezes o outro te leva a mão, o pé, o sangue, mas geralmente eles adoram é levar o coração. E aí você tem que se virar nos trinta para tentar amar com seu pulmão, seu rim. Ô tarefa difícil.
Já cheguei a amar com meu próprio dedo do pé, mas ainda bem que descobri que meu coração não havia ido embora, de uma forma ou de outra, eu nunca tinha deixado.
Não permita que te levem, que te sequem, que te enxuguem.
Chore, se descabele, quebre copos, esmurre a parede durante dias, noites, meses, anos! Porque depois passa sozinho! Apenas não deixe de gritar quando você quiser gritar! Não deixe de sofrer quando quiser sofrer.
A tristeza passa naturalmente, não adianta tentar arrancar do peito.
As pessoas passam a vida toda fazendo isso e a única coisa que ganham é falta de ar, de tanto tentar, tentar e não conseguir.
Aí elas se apóiam em Deus, nas novenas, no pastor, no padre, no psiquiatra.
E todos dirão palavras bonitas ou teses comprovadas cientificamente. A dor finge que vai mas não vai. A lágrima faz que cai, mas não cai. Mas continuam ali a lhe assombrar, e te apertar o peito, rir de você.
Sou uma garota idiotamente legal, sempre tentando mostrar o que as pessoas tem de melhor. Às vezes (muitas vezes) elas fazem coisas ridículas, mas não queiram sair impunes ao meu lado se injustiçarem a mim ou a alguém que conheço e gosto.
Não, eu não vou te bater, nem gritar com você, mas eu vou lhes escrever para que saibam o quanto vocês não valem absolutamente nada. É o máximo que posso fazer, o mínimo ficar calada, e eu falo pelos cotovelos.
Eu sou muito boa para dizer o quanto você é magnífico, mas também sou muito boa para lhe dizer o quanto você é podre.
Digo isso com segurança porque eu sou a primeira a me dar bronca quando erro. Sou a primeira a me achar uma imbecil quando ajo como uma imbecil. Sou a primeira a me odiar quando sei que tive motios pra isso.
Sou muito sincera comigo, então não tenho pena de dizer que alguém não vale nada quando realmente não vale nada.
E muitas vezes sou a única. Geralmente é sempre bom manter a politicagem e o glamour.
Mas não há nada de glamouroso na injustiça e na podridão humana.
De politicagem já basta aquela que afeta nossos bolsos e nos faz de idiota.
De resto, só pra mascarar a incompetência e o mal cheiro alheio.
Meu frágil corpo magrelo cobre um espírito que quer ver todo mundo pagar pelo que faz.
Meu jovem coração pulsante e vermelho ama sinceramente, mas não suporta injustiça, mesquinharia, futilidade, ignorância.
Talvez eu não devesse ir pra Poços, talvez devesse ir pra Lua.
O mundo é lindo quando estamos na outra calçada.
As pessoas são encantadoras atrás do balcão de informações.
Mas de pertinho elas são carnívoras e sanguinolentas.
Então que vocês continuem com sua hipocrisia, sua mediocridade, sua sujeira, seus restos.
Desejo a felicidade de quem merece, mas de quem não merece eu desejo o inferno.
Não vamos ser convencionais ao ponto de nos passar por um Buda inexistente e desejar que nosso ex podre seja feliz, ao desejar que o cara que nos mandou embora injustamente seja feliz, ao desejar que aquela garota escrota e fracassada seja feliz, ao desejar que todos os que nos foderam e magoaram, sejam felizes.
Quem é injusto, cruel e mesquinho, precisa aprender.
O que nos resta é sentar e esperar, porque a própria vingança não é uma atitude digna.
E o que é mais contraditória é que nós, seres de coração bom, é que parecemos num beco sem saída.
Sem mais.
O mundo é lindo demais. Já quem o habita...deixa tudo a desejar.
Fico torcendo para que o mundo dê voltas. A maior alegria é ver a vida resolvendo agir.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Na minha agência ou na sua?

Não é segredo nenhum que telemarketing é um verdadeiro lixo.
Eu posso dizer com todas as letras, já trabalhei duas vezes em telemarketing, tanto no receptivo quanto no ativo. Os dois são terríveis de se trabalhar, mas acho que o ativo é um pouco pior.
A minha sorte é que não durei dois dias. Em ambos me demiti logo em seguida, tamanha loucura.
No ativo tem aquele lance insuportável de bater a meta. Você tem que ligar para 22124 empresas para conseguir falar com 2 pessoas e tentar vender o produto apenas para uma. Aí a supervisora fica businando na sua orelha deixando bem claro que você é um incompetente/palhaço/panaca/imbecil/cretino/burro/fracassado/mal amado. E isso toda hora, feito uma vuvuzela quebrada.
Bom, a minha pelo menos na época era assim.
E são rios de xingos que você escuta, tanto da supervisora que não deve saber o que é 1 pinto há pelo menos uns 13 anos, como das pessoas para quem você liga e que estão mais que certas de desligarem na sua cara e te xingarem, afinal, telemarketing é mesmo um saco. Às vezes a pessoa tá lá finalmente transando com o marido que depois de 3 semestres conseguiu não broxar, e liga uma telemarketing oferecendo rações para furões enriquecidas com trigo e colágeno.
É de querer morrer.
Se bem que...quem atende o telefone numa hora dessas? Bom...mas este não é o foco.
O foco é que o buraco é mais embaixo.
Telemarketing receptivo também é um saco. 528 pessoas te ligando ao mesmo tempo aos berros querendo que você resolva seus problemas em menos de 0,2 segundos, sendo que você começou ontem e todas aquelas coisinhas que você aprendeu no treinamento não valem de nada.
Pra mim o negócio deveria ser o seguinte. Deveriam escolher pessoas realmente capacitadas e treiná-las MUITO bem e pagá-las decentemente para nos passar as informações, pois aí sim elas iam querer trabalhar direito. O salário para telemarketing em 98% dos casos não dá nem pra comprar um Bom Ar - Aromas do Campo.
Quando a gente finalmente vai para a baia, largam a gente lá. Deveria pelo menos ter um acompanhante mais experiente ao nosso lado durante um bom tempo, e não apenas 1 dia antes.
(Pausa para ver Proteste Já. Nossa, tá muito interessante isso aqui!).
Então, mas o que pega é o seguinte, o que me inspirou a escrever esse texto foi o telemarketing do Bradesco de hoje.
Eu estava tendo uns problemas com minha chave de segurança que não reconhecia, então eu não conseguia fazer o doc que eu precisava via internet e já era noite, então sem chance de ir até o banco.
Eu esperava ter meu problema resolvido ou pelo menos ter uma resposta convincente, mas para tudo o que eu dizia eu obtinha a mesma resposta: "Você precisa ir até a sua agência, senhora".
Então, cheguei a conclusão que o melhor trabalho do mundo deve ser trabalhar como telemarketingo do Bradesco.
A única coisa que você precisa fazer é chegar na sua baia, tomar um aguinha, atender o telefone e dizer para as pessoas irem para a agência delas.

- Oi Boa noite, minha chave de senhas não reconhece, eu preciso acessar a internet e não tô conseguindo.
- Para solucionar este problema, você precisa ir até a sua agência, senhóura!

-Oi, tudo bem? Minha senha não tá reconhecendo quando preciso acessar a conta pelo telefone. O que eu faço?
-Dirija-se até a sua agência, senhóura!

-Bom dia! Meu cachorro mastigou meu cartão de crédito. Como devo proceder?
-Qual a raça do cachorro, senhóura?
-Ele é um cocker.
-Qual a cor do cocker, senhóura?
-Bom, ele é bege, mesclado com marrom, mas que raio de pergunta é es...
-No caso de cartões mastigados por cockers beges mesclados com marrom, o procedimento deve ser feito na própria agência, senhóura!
-Mas que diabos! E se fosse um poodle? Um maltês?
-Depende, senhóura! Se o Poodle for toy, o cliente precisa ir até a própria agência e resolver o problema na boca do caixa, senhóura. Se for um poodle standard, o cliente precisa resolver o problema com o gerente, também na própria agência.
-Mas e se for um maltês?
-Se os pêlos do maltês são bem cuidados, basta ir até a própria agência retirar uma senha e retornar depois de 12 dias. Se o pêlo estiver com alguns nós, o cliente precisa contactar um gerente operacional na própria agência.

-Oi, tudo certo? Aconteceu o seguinte, Daiane, eu estava com uma crise de cefaléia tremenda e fui tirar um raio X. Quando o médico viu o resultado, disse que uma folha de cheque se auto-instalou em meu cérebro causando essa dor de cabeça. Como é que o Bradesco pode expor o cliente à um risco desses?
-O Bradesco não se responsabiliza pelo ocorrido, senhóura. A informação que posso te dar é que esta folha de cheque deve ser retirada de seu cérebro em uma micro-cirurgia agendada em sua própria agência.

-Seguinte, hoje fui até minha agência e peidei na cara do meu gerente. Parece que ele não sentiu o cheiro, e desta forma não consegui atingir meu objetivo que era ofendê-lo moralmente. O que devo fazer?
-Volte para sua agência e peide novamente mais tarde.

-Oi Crineide, entrei no site do Bradesco essa tarde e do nada uma tela gigante e vermelha abriu com uma mensagem que dizia que o computador explodiria em minha cara em 5 segundos, só que 5 segundos se passaram e ele não explodiu. Por que isso aconteceu?
-Isso aconteceu porque os computadores só podem ser explodidos na própria agência, senhóura!

-Bom dia. Eu investi 12 quadrilhões de reais em meu CDB só que quando fui retirar o dinheiro hoje, só haviam 2 reais. Vocês por acaso estão me roubando?
-Sim senhóura. Mais alguma dúvida?

-Vai pro inferno, sua prostituta mal paga!
-Só podemos ir para o inferno após as 18 horas, senhóura. Após este horário, você precisará fazer esta solicitação apenas em sua agência.

-É o seguinte, sua bisca. Eu fiz uma transferência há 5 dias e até agora nada do dinheiro cair na conta. Que merda está acontecendo?
-Acontece que o banco ainda não teve tempo de digerir o valor da transferência por ser um valor muito alto. Daqui a mais 5 dias o valor estará digerido e finalmente a merda acontecerá realmente. Quando isto ocorrer, basta levar um penico até a sua agência e coletar o material.

-Seguinte Tatiana. Você tem uma linda voz. Gostaria muito de ter uns telecotecos com você. Na minha agência ou na sua? Hum?
-Apenas na sua agência, senhor!


Anyway, são infinitas as possibilidades. A sorte dessas mennas é que elas ganham (uma miséria, mas ganham) apenas para mandarem os outros para suas agências, o que acaba sendo bem pior do que mandá-los para a puta que os pariu, local este, onde TODAS ELAS deveriam estar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

As cordinhas dos fantoches são de náilon.

Nem todas as pessoas que gosto muito eu admiro.
Nem todas essas pessoas possuem lá muitos fatores para que eu as admire.
Eu sei que não sou a pessoa mais admirável do mundo. Veja bem, as últimas roupas que eu tinha, eu vendi em vez de doar, e eu já ia me justificar aqui do motivo, mas não preciso. Não faço parte de uma ONG que cuida de animais carentes e não sou nenhuma voluntária que cuida de velhinhos e crianças, embora eu gostaria.
Mas do que adianta? Não procuro! Se eu procurasse provavelmente eu acharia, mas essa é a minha parte indolente não tão admirável.
Acredito que eu deva ser digna de admiração sim. Não sou de grandes feitos, mas acho que só de respeitar as pessoas e não piorar o que já está uma merda, é uma grande coisa comparado às pessoas (a maioria delas) que termina de sujar o que já está apodrecendo.
Verdadeiras catalisadoras da decomposição de matéria que não precisaria ser decomposta.
Catalisadoras de decomposição daquilo que poderia ser útil e muito.
Hoje em dia muita gente tem mania de reclicar o lixo.
Lá lá lá vamos reciclar o lixo porque é assim que deve ser.
Perfeito. Acho lindo quem recicla! Mas aí me pergunto...elas falam tanto de reciclagem e de aproveitar as coisas que um dia poderiam virar lixo, mas inutilizam tantas outras coisas importantes.
Reciclam aqui, decompõem ali.
O que adianta reciclar a garrafa pet mas jogar fora a oportunidade de elogiar e provar respeito?
Querem plantar árvores mas ao mesmo tempo destróem toda a natureza dentro de si.
Querem tornar o ar mais respirável mas ao mesmo tempo sufocam-se com coisas banais.
Querem cuidar do Planeta Terra mas esquecem que eles também são o Planeta Terra e eles se acabam.
Querem revolucionar e cantam aos quatro ventos que vão lutar para não serem escravos do sistema e...e são verdadeiros idiotas porque o sistema é este e você não vai fugir dele a não ser que se enterre ou que vá pra Cuba viver num sistema pior.
Querem que a filhinha seja uma menina direita mas não descarta a oferta do carro feita pelo ricaço que queria dar uma bimbadinha.
Acha um absurdo o filho chantagear os pais mas...espere! Opa! O pai é o ricaço que oferece carros em troca de uma bimbadinha!
Acha todo mundo um idiota e...Opa! Eu também sou um deles! =D
Esfregam vicky vaporub no peito da criança quando esta está com dificuldades para respirar mas dia seguinte baforam fumaça de cigarro na cara da inocente.
Acham vadia a amante do marido mas fazem boquetinho no chefe na hora do almoço!
Reclamam da barriga de fora da menina de salto alto na plataforma do metrô, mas não perdem uma oportunidade de jogar charme em cima de homem casado.
É a melhor pessoa do mundo quando se trata de ajudar o outro, mas é a primeira a jogar na cara o favor quando precisa.
Acariciam o rosto do mendigo mas só quando tem platéia para poder assistir o espetáculo de suas dignas atitudes.
Cumprimentam a esposa do amigo com largo sorriso no rosto, mas quando essa se vira, não perde tempo em arranjar um lugar secreto para alargar a cueca do cara.
Reclamam do idiota no trânsito e xingam o coitado até a saliva se extinguir, mas quando um dia precisa passar voando por alguém porque a mãe está morrendo no hospital, reclamam que as pessoas deveriam ser mais compreensivas.
Reclamam da lerdeza da loira burra do carro da frente mas se esquece que um dia foi pior que ela na autoescola quando ainda era um jovem garoto que não sabia miérrda nenhuma do mundo.
Caem na balada porque querem mostrar que não devem nada a ninguém e que são livres e seguros de si mesmo, mas à noite em suas camas chupam seus dedos porque não há ninguém que os ama verdadeiramente a ponto de dar sua vida por eles.
Transam com quase todas as pessoas do mundo e dizem ser felizes com isso, mas são os primeiros a lacrimejar quando percebem o olhar apaixonado de um velhinho de mãos dadas com uma velhinha fofa.
Traem a namorada fiel porque sentem medo de que ela traia primeiro. "Ah! Vou traí-la porque se ela me trair eu já me vinguei". Aí a coitada é uma santa que nunca olhou pra ninguém e te adora incondicionalmente. E mesmo se não fosse, se você namora alguém de quem desconfia, que tipo de idiota é você?
Sentem-se adultos porque ficam em frente na computador com um cigarrinho de merda entre os dedos, mas fazem questão de esquecer que foi a mamãe que pagou o cigarrinho, a comida, a conta do telefone, o computador e a papinha do bebê que adormece no bercinho lá atrás.
Espetam os outros com suas palavras afiadas e sangrentas, para que ninguém tenha a oportunidade de chegar tão perto e notar o quanto são fracassados, podres e infelizes!=D E o quanto fedem.
Exigem respeito com suas religiões mas são os primeiros a limpar a bunda com as folhas da bíblia de outra crença.
São belíssimos e aparentam cheirar a lavanda. Mas se a gente chegar muito perto, começa a perceber que o ar está ficando pesado e fétido. E que o rosto outrora perfeito, se deforma com tão pouco.
São engraçados e sujos.
São lindos e perigosos.
São cheios de opiniões, mas manipulados.
As cordinhas dos fantoches são de náilon.
O coração de muitos que doam o dízimo, é de pedra.
A pele lisa e reluzente é áspera e suja.
Todos andando sobre suas duas pernas, independentes, cheios de si e cheios de fralda pra disfarçar o cheiro da podridão que vaza.
Todos são lindas esculturas do Louvre até que o primeiro sopro os despedace levando pedacinhos de vidro de açúcar ao vento.
Onde caralhos estão todas aquelas palavrinhas bonitas da campanha da fraternidade?
Pois sabe-se que o amor é raro.
O respeito é raro.
E hoje em dia infelizmente o lugar onde com certeza encontraremos tudo isso é no dicionário, porque se depender do coração humano, daqui a alguns anos esqueceremos de quase tudo.
Planeta Terra.
Infelizmente,casa abandonada e nostálgica com frestas de luz, e não casa iluminada com frestas de trevas.
Que mesmo que não enxerguemos um passo adiante, possamos enxergar a nós mesmos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ana.

Quando a tia dele estava grávida, a gente namorava há poucos meses.
Ele sempre foi muito carinhoso, lindo, maravilhoso, espetacular, o melhor namorado do mundo.
E eu sempre adorei bebês.
Eu ficava imaginando como seria quando a Nana nascesse.
Será que ele seria muito apegado à ela? Será que sentiria ciúme dela? Será que ele agiria como pai dela? (Já que os pais não moram juntos).
Bom, aí um dia, como todo bebê tem que nascer, a Nana nasceu.
Ele me ligou dizendo que ela havia nascido e na hora meus olhos encheram de lágrimas e eu sorri.
Ele disse que ela era linda e bem pequenininha.
Fiquei feliz, mas aí no fim de semana seguinte eu fui conhecê-la.
E confesso que o que senti foi um dos sentimentos mais idiotas que já pude sentir em toda a minha vida.
Senti ciúme do bebê.
Fiquei pensando:agora que ele vai ter um bebê praticamente morando na casa dele, acho que ele não vai mais me dar tanta atenção assim, acho que ele vai preferir ficar com o bebê do que sair comigo.
Sim.
Confesso.
Foi ridículo.
E eu me envergonhei desse sentimento tão besta.
Eu sempre tive ciúme de tudo. Dos meus namorados, do meu edredom, dos meus bichos, das minhas meias, dos meus shampoos, dos meus amigos. E acreditem, incomoda muito sentir pelas pessoas a mesma posse que se sente pelo próprio edredom.
Se hoje eu amadureci em relação à isso foi graças ao meu passado esdrúxulo, mas PRINCIPALMENTE por causa do De.
E também porque eu quis mudar.
Mas hoje o meu ciúme não é mais possessivo, é apenas um ciúme normal, transformado à base de muito custo, auto controle e de muita, muita reflexão, porque eu não queria perder o amor da minha vida pra bobagens idiotas provenientes de um sentimento que não deveria ser maior do que o sentimento de amor.
Bom, mas voltando ao assunto.
Embora com essa bobagem cutucando o fundo do coração, eu estava ansiosa para ver o bebê. E então adentrei o quarto e pude ver aquela coisinha tão pequenininha, com o umbiguinho que nem tinha caído ainda, toda rosinha, toda lindinha.
E a cada fim de semana que passava ela estava ainda mais linda.
Bastou vê-la apenas uma vez para que eu me apaixonasse completamente e esquecer que um dia, por uns segundos, eu fiquei com ciúme daquela pessoinha tão perfeita.
Quando a gente convive com um bebê, é impossível não se apaixonar, mas convenhamos, existem crianças que são realmente um pé no saco. Choram por tudo, não deixam chegar perto, fazem escândalo e não dão risada nem com plumas deslizando por seus pequenos sovacos.
Mas a Ana...
Ah, a Ana!
A Ana é diferente! A Ana é especial.
Ela tem algo ao redor dela que faz com que os nossos olhos brilhem.
Ela tem um jeitinho todo único de conquistar, de sorrir, de fazer gracinhas.
Eu vi a Nana se arrastar pelo chão, vi engatinhar e vi os primeiros passinhos.
Vi a ponta branquinha do dente começar a nascer e vi desabrochar o sorriso mais doce naquela boquinha outrora sem dentes.
Vi os cachinhos louros começarem a se formar e vejo até hoje os progressos que ela faz, mesmo quando se trata de um simples "óla" quando ela aponta para alguma coisa.
A Nana dá risada de tudo! Tudo pra ela é engraçado, tanto que quando ela descobriu o próprio umbigo foi motivo de gargalhadas. Ela colocava o dedo no umbigo e ria, ria como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo!
Hoje ela está com 1 ano e acho que três ou quatro meses, e quando a gente pergunta quantos anos ela tem, ela responde: Dois!
Não, Nana, você tem UM aninho.
E ela repete: Nui!
Modéstia a parte, quando ela me vê ela agarra na minha perna e não me deixa andar, quer ficar grudada comigo, e eu por mim ficava grudada nela o tempo todo.
Fico pensando quando eu tiver meus filhos como vai ser.
Já faz uns 5 anos que tenho uma vontade quase incontrolável de ser mãe, e às vezes fico pensando que talvez para mim seja esse o sentido da minha vida. O que é muito engraçado, pois quando eu era adolescente eu queria mais era ser solteira e morar sozinho pelo resto da vida.
Não sei de onde apareceu essa vontade de ser mãe e essa loucura por bebês.
Há anos vejo bebês nas ruas e fico desesperada querendo logo ter o meu.
Dizem que é instinto, sei lá.
Mas a questão é (voltado novamente ao assunto), antes da Ana eu não tinha contato próximo com nenhuma outra criança. Não sabia como funcionavam, como era a sensação quando eles te pedem colo, quando eles querem ficar com você, exclusivamente com você, quando eles te trazem uma bola para que você brinque com eles, quando eles acham alguma coisa e querem te mostrar. Eu não sabia como era lindo e avassaladoramente cuti-cuti quando eles começam a dançar quando passa a música de um comercial ou quando eles imitam o gesto das pessoas ou tentam repetir o que você está falando.
Eu acredito ser impossível não se apaixonar por uma criança ao conviver com ela. Não amar, não sorrir e não dar risada das palavras que elas inventam.
E então fico me questionando a respeito de pessoas como aquela procuradora satânica que fez aquelas barbaridades com aquela garotinha.
Eu não tenho nem o que comentar sobre isso, sobre pessoas assim, sobre pedófilos e suas monstruosidades. Eu não consigo expressar a revolta, o nojo, o asco, o horror que sinto em relação à monstros como estes. Mas acho que não preciso expressar, acho que todas as pessoas normais sabem exatamente o que eu sinto, porque sentem o mesmo que eu.
Sim, dizem que são doentes, psicopatas, sei lá, mas eu acredito que essas pessoas não são nem pessoas, não são humanas, são frutos da criação de alguma coisa paranormal, esquisita, sei lá.
A própria menina que foi maltratada, ela tem 2 anos, mas por mais psicólogos e remédios que ela possa vir a tomar, a vida dela que poderia ser uma vida linda digna de amor e carinho, se transformará numa vida traumatizada e sabe-se lá as formas que o fantasma daquela cadela podre ainda vão perseguí-la.
Todo ser humano precisa de amor e carinho. Não há meios de uma pessoa ser feliz sem um mínimo de amor e carinho. As crianças e pessoas mais traumatizadas assim são em boa porcentagem porque não tiveram talvez amor e atenção o suficiente.
A sua atitude hoje perante uma criança, pode desencadear uma reação em cadeia que talvez ajude a tornar o mundo melhor um dia, e talvez ajude o mundo a se deteriorar com todo o resto do lixo.
Se você acredita não ser capaz de amar uma criança, de cuidar, de ter paciência e de fazer o melhor por ela, não tenha e faça de tudo para não ter. Não seja imbecil ao ponto de colocar a culpa na camisinha que furou o na pílula esquecida. Se você acredita não ser capaz de dar o seu melhor para uma criança, então seja pelo menos um pouco inteligente e cuide-se. Hoje em dia métodos contraceptivos não faltam.
Mas se o "acidente" mesmo assim acontecer, trate-o como um presente e não como uma fatalidade.
Nenhuma criança pode ser tratada como fatalidade.
Nenhuma criança merece ser tratada como um acidente.
Se veio antes da hora, encare como um presente que chegou mais cedo, e então tenha a certeza que a sua vida acabou de ganhar o maior sentido que já pôde ter.
Muitos alegam que um bebê em suas vidas em determinado momento, poderia estragar tudo, desencadearia uma tragédia, por bilhões de motivos, falta de condição e etc. Mas eu sinceramente duvido que um dia a alegria de tê-lo não vai compensar o seu pânico momentâneo.
Por mais difícil que seja ter um filho numa hora errada, se você não é capaz de amá-lo, você não deveria merecer estar aqui.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Se eu fosse você

Hora de acordar. Sei disso porque o xixi sempre avisa antes do despertador, estou ficando velha, sei lá. Ainda sonhando, olho no espelho: vejo uma cara de louca com um cabelo até que arrumado. Saio escovando os dentes, sentindo que algo está diferente. Não sei dizer se é o clima ou se realmente ainda tô dormindo. Abro o armário automaticamente. PLAF, tomo um tapa de uma blusa que cai lá de cima.

Normal. Pego a bolsa, a chave, coloco o sapato, abro a porta e...vejo o meu segurança lá fora. MEU SEGURANÇA?

- Vamos Jamal - falo pra ele quando na verdade queria dizer: que PORRA é essa? mas não sai nada, caraca, ainda tô dormindo??? Olho pra baixo, estou vestindo uma calça Diesel basiquinha de R$5.000 e um sapato Louboutin de R$12.000. Tudo que sai da minha boca é:

- Nossa, essa calça está apertada, preciso intensificar a dieta de 850 calorias pra sair dos 49kg, tô enorme.

ARGH, penso, agora onde será que esse corpo pontiagudo vai me levar, que desespero!!!! Olho de novo, estou no carro, um X6 blindado. Cadê meu Palio ano 2000??? Vejo um lugar apontando lá na frente, é a Daslu. Desço do carro, querendo fugir pro outro lado, mas tudo que faço é andar lá pra dentro. Percebo que a fome está me matando porque não tomei café, mas, eu começo a comprar loucamente, enquanto falo sobre "como a Pink Elephant virou povão" com a recepcionista que fez a primeira aplicação de botox quando tinha 15 anos de idade.

Me olho no espelho: tenho a boca mais projetada de preenchimento do que a da Jolie com alergia. Penso em me matar, mas sou puxada por mim mesma para o que seria meu próximo destino, a academia. Jamal me deixa pontualmente ao meio dia na porta, sei disso porque prefiro treinar do que comer. CARALHO! cadê meu almoço bandeijão com uma carne suculenta?? Entro, coloco minha bolsa esportiva edição limitada de Tom Ford no banco do vestiário exclusivo, sem deixar de reparar com desdém para as outras mulheres do lugar. QUEM DIABO É TOM FORD? sinto falta do Brás! alguém me salva!!

Pego minha água Evian e me dirijo para as máquinas de tortura, mas tudo que consigo pensar é: "preciso ainda perder dois milímetros de barriga porque a última lipo não ficou tão boa quanto as outras". Três horas depois, ainda estou lá, quando tudo o que eu queria era que Jesus fosse bom comigo e me levasse!

Olho pra fora: vejo uma Ferrari vermelha abrindo a porta, de dentro dela sai um cara meio Emo, meio gay, meio bombado, meio hétero, meio com o cabelo propositalmente desgrenhado. Andando na minha direção, ele dá um sorriso TÃO branco que preciso olhar pro outro lado. PORRA, O QUE VEM AGORA? Ele abre a boca e diz que estava com saudade, mas que precisávamos ir logo.

Pisco os olhos e estou dentro de palácio gigantesco em estilo gótico, onde todos vestem máscaras. Em cada quarto tem trinta pessoas peladas. SOCORRO!!!!!QUERO MEU MARIDO!! Mas logo menos, já estou doida de ecstasy sendo comida por três homens e uma mina mais magra que eu.

Estou emocionalmente abalada, mas aquele corpo ignora e ainda tem a manha de dizer:

- Será que Ecstasy engorda?

OOOOOOOH!!! FUI ABDUZIDA! Mas não adianta, porque volto pra casa e mamãe ainda me espera, com seu namorado 26 anos mais novo e cheio de amor pra dar. Fico sabendo que papai colocou ações de algumas de suas empresas no mercado e anda aproveitando a vida no Pacífico Sul, velejando com todas aquelas modelos que adoram andar com ele. QUERO MEU PAI CORINTHIANO E FUMANTE!


Quase sem forças para reagir mas ainda viva, olho pro céu e vejo refletida a imagem de uma paricinha loura DE-SES-PE-RA-DA dentro do Shopping D, comprando uma blusinha a R$18 e indo comer no Mc Donald's, pensando em como será a baladinha de hoje à noite lá na Zona Leste.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quero - de Henrique Athayde

Pessoal, sei que o Blog está um tiquinho quanto desatualizado. Eu, particularmente não vim aqui hoje pra escrever uma crônica, meter o pau em alguém, querer contar minhas experiências com fantasmas, sonhos esdrúxulos e afins. Vim para divulgar o maravilhoso trabalho de um amigo, ator e compositor, o excelentíssimo Henrique Athayde.
Ele está lançando um CD com músicas maravilhosas (quem gosta de Chico Buarque com certeza vai adorar suas músicas) e semana passada gravamos seu primeiro clip (na correria, pois precisávamos até este último domingo).
O resultado vocês conferem abaixo!
Estamos concorrendo também na Garagem do Faustão! Se você não tiver com os dedos enfaixados, sugerimos obrigatoriamente (hehehe) que votem em nós entrando no site do Garagem e clicando na ultima estrelinha até que todas apareçam amarelas! Ebaaaa! Para votar basta acessar http://domingaodofaustao.globo.com/Domingao/Garagemdofaustao/0,,16989-p-V1250038,00.html

No Youtube:



Chega de bundas por enquanto! Vamos dar valor ao que realmente interessa, a quem realmente se esforça para receber reconhecimento!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sobre humoristas, inteligência e hipocrisia.

Vamos falar sobre inteligência, acidez e olhar crítico. Quantas pessoas do seu dia-a-dia e até mesmo da TV vocês conseguem enumerar com estas características? Não estou falando da inteligência que vemos por exemplo em notícias estrategicamente veiculadas de uma certa maneira para vender audiência e que dão "credibilidade" a jornalistas como Bonner. Estou falando de gente criativa e observadora, que tem backgruound, que lê coisas diferentes, que é curioso, de inteligência que nasce da crítica e que impulsiona tanto o riso quanto a raiva, para alguns, porque não estão acostumados a ela.

Pra mim, Danilo Gentilli é uma dessas pessoas da mídia que conseguem pensar diferente daquelas com quem estamos acostumados. Na segunda-feira, durante o programa de re-estréia da Hebe depois da sua doença, no twitter, ele fez uma piada boba relativa à idade dela. Artistas como Bruno Gagliasso - que talvez gostem de aparecer às custas de criticar o trabalho alheio - levantaram a bandeira vermelha e a polêmica estava criada.

Acredito que nenhuma pessoa mereça mais respeito que outras, em nenhuma situação. Quando os humoristas estilo stand-up apareceram, eles mesmos se definiram como babacas e sem caráter, o próprio Danilo já escreveu sobre isso. Não existe humor stand-up bonzinho. Pergunto: fizeram piada por quase dez anos com Dercy (que repito, não merecia mais nem menos respeito que Hebe) também em momentos de doença e quando ela já estava bem encovadinha, mal. Com ela, pode? E as piadas com muitas outras coisas e situações "erradas" do ponto de vista moral, piadas com gays, anões, gordos, velhos, pobres, loiras?

O que todo mundo parece ter esquecido é que humorista não nasceu pra ser politicamente correto e nem pra conquistar amigos com uma super educação, através de suas piadas. Não dá pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo, ser engraçado e bonzinho. Todos somos minorias em algum momento ou papel de nossas vidas, todos sofremos humor ou piadas, todos sabemos aceitar isso muito bem, ou deveríamos, já que também adoramos zuar os outros.

E mais: o twitter do Danilo é utilizado para o trabalho dele, para divulgar piadas, shows. O contexto era esse. Ele não posta imagens e frases relativas à sua família, vida pessoal, amigos e do nada decidiu falar "mal" da Hebe. Ele fez uma piada num instrumento do trabalho dele, que é o twitter.

Hebe deve estar rindo disso tudo e até concordando com Danilo, do jeito que é diva. Esses artistas que têm milhões de seguidores e gostam de achar pêlo em ovo deviam é estar utilizando sua "fama" para algo mais útil e criar polêmica sobre os problemas do nosso governo por exemplo, ajudando de alguma maneira o povo que tanto os idolatra.

Muito, muito barulho por pouco. Bem a cara da nossa pseudo elite da mídia.

* Para a réplica brilhante de Danilo, clique aqui http://migre.me/n91f

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Porque eu também gosto de mim.

Internem-me
Porque este mundo é P mas eu só visto M.
Mas quem é esta pobre garota que julga seu extravasar tão intenso, se nem ao menos provou um décimo das loucuras mundanas?
Internem-me
Porque eu canto como vocês, mas minha voz lhes soa rouca.
Eu falo a língua de todos vocês
Mas se vocês não conhecem a própria língua, como me cobram mordazmente uma compreensão?
Meu vocabulário
É menor do que eu gostaria
Minha cultura
É menor do que eu gostaria
Minha ternura
Quase escassa:
Não, obrigada.
Porque sou de gestos tumultuosos
Mas dentro de mim guardo tudo.
Eu sou a louca que dança ao som do nada
Eu sou a maníaca que fala sem dizer
Mas tenho quase todas as qualidades do mundo
(Quase)
E desprezo com tal asco
Qualquer forma de desrespeito.
Se Jesus deu a outra face,
Pobre coitado, deve ter doído!
Mas ele é filho de um bípede, e eu não.
Tenho uma característica: Adoro provocar quem me provoca.
Sou sensível a ponto de morrer de remorso por nada
Mas odeio com tal profundidade qualquer atitude injusta.
Façam sofrer quem eu amo, que eu lhe detestarei.
Façam sofrer a mim, que eu lhes desejarei atrocidades
(Mas é só na hora, não sou capaz de realizar uma vingança.
A vida costuma ser mais cruel em muitas vezes).
"Deseje felicidade a quem te odeia"
Não.
Não desejo, porque isso é falso.
E porque não sou filha de uma pomba.
Desejo que aqueles que me odeiam
Percebam que não há motivos para me odiar.
Mas ainda assim, se não perceberem
Que explodam.
Porque eu não sou odiável.
Hoje estou convencida que qualquer pessoa que não goste de mim
Tem motivos de sobra para que não gostem dela.
Porque eu passei grande parte da minha vida
Pensando que eu poderia ser um problema
Que se não gostasse de mim, eu era a causa.
Mas
Eu nunca fui o problema.
O problema sempre foram os outros.
Se eu admito quando erro?
Admito e sinto um remorso tão intenso, que sou capaz de me ajoelhar por dias diante dos pés alheios
E chorar rios de lágrimas.
E hoje sei
Que não sou problemática como me disseram
Que não sou desequilibrada como me disseram
Que não tenho problemas emocionais como me disseram
Que não sou o que no passado me fizeram crer que eu era.
Vocês estão em desvantagem.
Eu fui ao psiquiatra e ele me disse uma coisa:
"Você é muito consciente de si mesma!
Isso é raro!"
E eu quase disse: Que novidade!
O único que poderia atestar minha loucura
É um dos pouquíssimos que acreditam que eu não tenho problema algum.
Eu ri interiormente. E achei engraçado e bom.
Eu sempre estive lúcida, Doutor.
Eu sempre estive consciente
Mas o que é uma pessoa consciente num mundo de insanos?
A própria louca.
Esse mundo está uma grande bosta.
As pessoas não se assumem
As pessoas fogem de si mesmas e preferem
Sempre preferem
Jogar a batata para nossas mãos, para que nos queimemos com suas verdades.
Mastigamos a verdade alheia como se fosse batatinha frita
Mas sentimos um gosto amargo que pensamos talvez nunca passar.
Minha boca está amarga pelo gosto das verdades alheias
Verdades que não quiseram engolir e em minha boca vomitaram.
Eu engulo a verdade de vocês
Com isso vou sofrendo de ânsia, e vocês de covardia.
E a cada golada do suco podre de vocês
Minha visão torna-se menos turva
E a vossa visão, "vaidades de carne e osso", torna-se escassa por fim.
Não sou depósito de vossa falta de sobriedade.
Peçam-me conselhos, peçam-me um beijo
Mas não me peçam para vestir-me com o fardo de vossa ignorância.
Fardo mal-cheiroso e pútrido que não me serve
Porque não é meu.
Cada um tem seu fardo sob medida.
Cada um tem suas desgraças sob medida
Cada um um tem suas glórias sob medida.
Mas a gente tem uma sensação filha-da-puta
De que tudo isso não é pra gente.
Já não bastassem meus erros
Ainda adotar os de vocês?
Pois internem-me que talvez até vos agradeço.
Quem sabe no hospício não recito poesias para os loucos
E por eles seja aplaudida?
Quem sabe no hospício eu cante canções que as pessoas também escutarão?
Quem sabe no hospício eu escreva um livro de sucesso
E depois fique rica, case e mude?
Quem sabe?
Loucura inversa.
Diversidade ridícula que é o mundo
Estratégicamente perfeita, bela e ridícula.
Me perdoe, mundo, por querer ser útil mas vender minhas roupas.
Me perdoe, Bento, por não acreditar em você.
Me perdoe, mundo, por viver no limite da transparência.
Isso não é pra você.
Isso é para os bons que já não estão aqui.
Mas viva, prometo, estou tentando me adaptar
E adoro isso aqui tudo, por mais que deteste.
Perdoe por tentar entrar de qualquer jeito na roupinha P que você me emprestou
Ainda que ela fure e rasgue.
Mas eu sei, no fundo eu sei
Que diante de toda a extensão de vossa grandiosidade
Que eu sou P como muitos outros
Ainda que existam subdivisões abaixo dos que também vestem meu número.
O M é a roupa que eu tentei afrouxar os elásticos.